PERSEU E AS
GÓRGONAS III – 20 nov 21
(A Chuva de Ouro, óleo de Gustav Klimt)
“Homens
põem, porém deuses dispõem”,
qual se
dizia no tempo dos helenos;
e assim por
Zeus as previsões se repõem
de forma
pura, apesar dos mil venenos
que por más
línguas propalados soem;
e o destino
as fez cumprir em fatos plenos...
Ao ver a
pobre Dânae encarcerada,
foi ajudá-la
de forma inesperada...
Zeus
transformou-se numa chuva de ouro,
penetrando
por uma das janelas
e a cobriu
com tal chuva, sem desdouro,
em milagroso
casamento de procelas:
seios e
ventre, do corpo seu tesouro,
todos os
traços de suas faces belas
foram por
Zeus empapados totalmente
e a virgem
engravidou de tal presente!
Claro que
houve quem mal dela falasse,
mas era
impossível em seu quarto penetrar...
Lactâncio,
como a lenda o perturbasse,
vendo nela
semelhança singular
com o
nascimento de Jesus e assim achasse
que poderia
alguém levar a blasfemar,
afirmou que
Praectos na torre se insinuara,
(o irmão de
Acrísio) e à sobrinha engravidara! (*)
(*) Lactâncio,
filósofo cristão, também viu alusão ao Massacre dos Inocentes.
O tio teria
pensado que, ao morrer
o seu irmão
pela própria mão do neto,
não poderia
este a seu trono ascender
e assim
cumpriria seu sonho mais dileto
de no trono
de Argos a Acrísio suceder;
por um
castigo alcançaria seu objeto,
quer
mandasse matar o seu sobrinho
ou exilá-lo
para qualquer outro caminho...
Praectos
obteria então certa maneira
de conseguir
aquela aia subornar,
que era de
Dânae a ama e carcereira;
e sendo
irmão do rei, podia afastar
aos
soldados, por mais fosse altaneira
a sua
fidelidade em tal guardar...
Até mesmo os
cães ferozes conhecia
que o rei em
torno à torre distribuía...
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