sexta-feira, 21 de janeiro de 2022


 

 

PERSEU E AS GÓRGONAS V – 22 nov 21

 

“Não, o seu sangue não derramarei,

mas sim o dessa aia má e infiel!”

E num só golpe, decapitou-a o rei,

mandando a guarda para seu quartel,

interrogados segundo a marcial lei...

mas não havia ali qualquer rebel:

era trocada a patrulha diariamente,

não poderia executar toda essa gente!...

 

Então pensou que o mal já estava feito;

seria seu neto de nascimento virginal;

seu adivinho afirmou ser o direito

do Rei dos Deuses consorciar-se com mortal

e esse conúbio fora assim mais que perfeito:

Dânae nem vira o seu consorte divinal!

Porém o deus protegeria seu filho

por toda a Terra ou sobre o mar no trilho!

 

“Pois muito bem!  Ele então a protegerá

se for entregue às ondas do mar

ou a seu irmão Posêidon a entregará!...”

Mandou fazer grande tonel para encerrar

a filha e o neto... “Quero ver se flutuará

ou se nas ondas irá logo afundar...”

E ordenou a seguir que se o jogasse

de um penhasco, para ver aonde flutuasse!...

 

Porém Éolo, o rei dos ventos, sustentou

o tonel, sem nos penhascos se quebrar

e sobre as ondas devagar o depositou;

para as Ondinas coube o transportar;

e Posêidon, o rei do mar, colaborou

com seu irmão, o rei da terra e do ar,

de tal modo que o tonel foi navegando,

aos passageiros mal algum causando...

 

À ilha de Sírifos aportou, eventualmente,

dando à praia sem dano ou qualquer mal;

e Díctis, um pescador benevolente

o recolheu, com espanto natural;

e ao ver a ruiva Dânae ali inconsciente

com Perseu no seu colo maternal,

os dois levou para Climene, sua mulher,

que cuidou deles, sem protestar sequer...

 

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