O MENINO-PÁSSARO VIII – 19 NOV 2021
Chegou o médico no maior segredo:
com cuidado, nos encaixes pôs o dedo:
“Há realmente duas artérias por aqui,
mas após fazer dessas asas a ablação,
corto a hemorragia com cauterização:
só uma leve cicatriz ficará ali...”
“Mas pense bem, se é o que deseja,
é irreversível o resultado que se
enseja,
será impossível prendê-las
novamente.”
Pensou o rapaz por mais de uma
semana,
mas o amor que então sentia mais
reclama
e assim fazer a intervenção enfim
consente.
O pai da moça era um rico industrial
e após ouvir sua decisão fatal,
garantiu-lhe de imediato um bom
emprego.
Rapidamente o rapaz se adaptou
e o casamento a seguir se realizou.
Guardou as asas, porém, com certo
apego.
Porém a esposa insistiu que ele as
queimasse:
“É impossível que de novo as
encaixasse,
não gosto delas! Não sente amor por mim?”
Postas no forno, seu cheiro de
queimado
trouxe-lhe cem recordações de seu
passado,
dessas mil vezes que no ar pairava
enfim...
Mas no trabalho ele foi logo
progredindo,
que era feliz com esforço se
iludindo...
Em pouco tempo, a sua esposa
engravidou.
“Nosso bebê, enfim, será normal,
ou herda as asas como coisa natural?”
Porém a esposa em nada se abalou.
“Ora, querido, se for preciso, nós
faremos
o que deviam ter feito com você! Não criaremos
algum monstrinho como nosso
filho!...”
Ficou o rapaz chocado extremamente:
Era o que
pensava dele, realmente?
E se a
criança seguisse o próprio trilho?
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