domingo, 23 de janeiro de 2022


 

 

PERSEU E AS GÓRGONAS VI – 23 nov 21

 

De fato, filhos o casal nunca tivera

e assim a Dânae e a Perseu apadrinharam;

a liberdade, que finalmente recebera,

à beira-mar e o carinho que mostraram

fizeram Dânae esquecer que um dia fora

uma princesa e até que a encarceraram;

acostumada a tecer no cativeiro

às suas tarefas se acostumou ligeiro...

 

E o menino cresceu forte e saudável,

do novo pai aprendendo a profissão

e a demonstrar pendor considerável

para a caça e a esgrima com bordão;

nunca adoecia, apresentando formidável

robustez, por sua linhagem e a proteção

das ninfas e silfos escondidos

contra os perigos e acidentes conhecidos.

 

Porém um dia, durante uma caçada,

Polidectes, que de Sírifos era o rei,

contemplou Dânae, sua saia arregaçada

enquanto as roupas lavava e mal eu sei

descrever a paixão desenfreada

que o acometeu então.  Porém a lei

de sua ilha lhe exigia a monogamia

e nem sequer concubinas permitia...

 

Aproximando-se, Polidectes indagou

onde morava e quais eram seus pais;

e a bela ruiva falsa história lhe contou:

que ali nascera, sendo seus pais naturais

os pescadores, que os antigos recusou

mencionar, pelas maneiras anormais

com que a haviam criado prisioneira

e sobre as ondas a lançado em branca esteira...

 

Polidectes foi a cabana visitar

e indagou se o menino era seu irmão;

mas quanto a isso, não quis prevaricar:

“É meu filho, Majestade,” disse então

“E seu marido?” o rei quis indagar.

“O mar bravio nos separou, num furacão...”

disse ela, realmente sem mentir,

pois nunca mais Zeus pudera pressentir.

 

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