O MENINO-PÁSSARO VI – 17 NOV 2021
Chegado o inverno, retornou à
residência,
totalmente abandonada em sua ausência:
mesmo isolada, alguém a invadira,
restavam quaisquer latas na dispensa
e roupas velhas em que valor não
pensa
o assaltante, que tudo o mais
subtraíra.
Abandonou de vez a casa mal trancada
a das aves acompanhou a revoada,
passando meses num clima mais ameno,
do sul ao norte quando o tempo
melhorou,
no norte ao sul quando tudo já
esfriou,
indiferente à canícula e ao sereno...
Sem destino certo por mais três anos
vagueou,
até que um dia, quando em pomar
pousou,
sentiu uma dor aguda no seu braço!
Sem conseguir alçar voo novamente,
caiu ao solo, sangrando e já
inconsciente,
até acordar-se numa cama, em
embaraço!
Uma jovem de rosto simples
contemplava
e mais um homem que, curioso, o
observava.
“Fique quieto, já curei seu ferimento
e lhe devo minhas desculpas,
claramente;
confundi-o com uma ave e num repente
disparei contra você meu
armamento...”
Pobre homem-pássaro, de mulheres,
realmente,
só conhecia as enfermeiras, que
assiduamente
lhe davam aulas e dele haviam
cuidado...
E desse modo, sem nem saber o que era
amor,
apaixonou-se, num fulgurante ardor,
pela mulher cujo carinho havia
provado...
Ela cuidava que estivesse
confortável,
se tinha as asas em posição bem
agradável...
Que eram macias ele sempre lhe
explicava,
mas o pai lhe disse que nunca se
mostrasse
enquanto a convalescer ali se
achasse:
que a imprensa descobrisse ele
receava.
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