EM
DEFESA DE KRIMISOS – 12 JUN 2021
Um
certo número destes bons leitores,
Tanta
coisa perlustrando, corajosos,
Considerou-se,
por motivos religiosos
Ou
simplesmente por nojo ou por horrores,
Ofendido
pela história do deus-cão,
Por
mais que fosse alvo de um aviso;
Estou
ciente do solo que assim piso
E
adverti a todos de antemão.
Porém
a história deste exoticismo
Será
bem menos chocante que parece,
Pois
cada povo adora a quem conhece
E
assim ocorre em tanto paganismo;
Mas
vejam bem, que não havia zoofilia,
Os
sacerdotes é que se aproveitavam
E
às meninas inconscientes estupravam,
Com
“Boa Noite, Cinderella” o mesmo se faria.
A
diferença é que em outras religiões,
Os
animais eram no altar sacrificados,
Seres
humanos igualmente degolados,
Sua
carne devorada permeio a libações,
Enquanto
no arcaico culto siciliano,
Comiam
a carne de seu próprio deus,
Outro
cão sendo criado pelos seus,
No
ano seguinte consumido em gesto arcano.
Não
se afirmava haver ressurreição,
Estava
claro que o cachorro perecia
E
que seu sangue sobre o povo se aspergia:
Só
se falava em reencarnação
E
o fato de se dizerem descendentes
Do
cão Krimisos, não era desusado;
Com
frequência era algures afirmado
De
aves descender ou de animais valentes.
Canibalismo
sendo coisa natural
Em
muitos pontos do Velho Continente,
Igual
que os índios do Brasil comiam gente,
Menos
por fome que por algum ritual;
Esse
detalhe de aos poucos devorar
Tem
seus ecos na América Central;
Em
certos pontos ainda hoje é habitual
De
uma vaca ou boi carne cortar.
O
animal vivo assim se pode preservar!...
E
quanto à escravidão, ninguém esqueça
Que
os escravos, cuja venda nunca cessa
Europeus
foram, por tempo milenar.
Assim
ocorreu no tempo dos Romanos:
Escravos
negros houve apenas no cinema,
Eram
os brancos a então sofrer tal pena!
Aqui
acredito ter reparado certos danos...
Mesmo
no Egito eram os deuses animais
Com
corpos humanos e é provável
Que
em seus rituais, por razão imponderável,
Máscaras
se usasse de formas naturais.
Mas
o paganismo dos Gregos e Romanos
Era
contrário a qualquer zoofilia;
Os
mitos pelásgicos então se afirmaria (*)
Serem
disfarces de seres sobre-humanos.
(*)
Habitantes dos Bálcãs antes da chegada dos Gregos.
E
lembre o caso do Asno de Apuleio,
O
jovem Lúcio, transformado por feitiço
Em
um jumento do mais perfeito viço,
Apavorado
por não achar um meio
Que
não o cruzassem com fêmea de jumento!
Até
que, por milagrosa intercessão,
De
tal destino livrou-se na ocasião,
Assim
liberto do animalesco cumprimento!
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