quarta-feira, 23 de junho de 2021


 

GERALDO SEM PAVOR

Capítulo Quinto – 23 jun 21

 

Aparentemente, nunca se casou,

não admira, nesse intenso vaivém;

a lenda corre de que se apaixonou também

pela filha de um fidalgo, que a negou.

Foi jogador e dizem que se embebedou

com bastante frequência, a real razão

de seu desentendimento na primeira ocasião:

Dom Affonso o repreendeu e não gostou!

 

Há muitas lendas em torno de sua vida:

Ter-se-ia de padre e de rabino disfarçado,

para entrar nas cidades sem ser revistado;

descobria os pontos fracos e de vencida

as levava depois.  Mas a maior

dessas lendas se refere à sua armadura,

que conquistara de maneira impura,

segundo afirmou mais de um seu destrator.

 

Ele teria encontrado um cavaleiro

a tomar banho em certo rio, despido,

e com um bordão o teria abatido

e se apossado das armas, sorrateiro!

Mas Geraldo afirmou, pelo contrário,

que as conquistara num jogo de dados,

na disputa noite a dentro a ser jogados,

ao cavaleiro sendo o destino adversário.

 

Finalmente, após perder sua armadura,

teria apostado seu escudo contra ela;

perdendo assim o brasão e a honra dela,

envergonhado, num assomo de loucura,

ao rio lançou-se, disposto a se afogar;

alguns afirmam que ocorreu a partida,

mas que Geraldo lhe tirou a vida,

depois que o oponente o fora desafiar.

 

Cheio de vergonha por perder o seu brasão,

não conseguira conformar-se o cavaleiro

e a Geraldo acusou de trapaceiro,

quando este o abatera com o bordão;

o cavaleiro o teria atacado com a espada,

mesmo perdido, ainda ali a seu alcance.

A verdade é obscura nesse lance,

Cada versão a ser mais desencontrada!

 

Mas o certo é que foi armado cavaleiro,

depois de Évora as chaves entregar

a El-Rei D. Affonso, ou não poderia alcançar

a condição de Alcalde, é bem certeiro.

E de Évora, até hoje, no brasão,

está Geraldo montado em seu cavalo,

duas cabeças cortadas sobre o valo,

a espada em riste para essa enfrentação.

 

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