PARADOXO DO TEMPO VII
27 junho 2021
Se não tivéssemos a noção da morte,
Nem sequer em algum tempo pensaríamos;
Bem ao contrário, apenas viveríamos,
Tal qual os animais, ao léu da sorte;
Mas é a espera de que o tempo venha e corte
Esse tempo que viver esperaríamos,
Que nos faz pensar no tempo e poderíamos
Viver sem ele em um eterno e simples norte.
Mas é que somos o povo da mudança,
Deixamos para trás a criancice
E como adultos enfrentamos contratempo,
No amurchecer diário da esperança:
Porque é o tempo que nos traz velhice
Ou é a velhice que nos traz o tempo?
PARADOXO DO TEMPO VIII
Constante apenas é a variabilidade,
Em tal constatação paradoxal;
Assim o tempo nos parece um lento mal
Em seus momentos de maior perversidade
E nos instantes de maior felicidade,
Como passa depressa esse caudal!
Multiplicamos o tempo até o final
Dessas tarefas de maior necessidade;
E assim, se o tempo varia de pessoa
Para pessoa e ainda varia no indivíduo,
Se não passa, afinal, de mutação,
Não é o tempo que se atrasa ou que nos voa,
Porém um outro critério mais assíduo:
São as batidas de nosso próprio coração!
PARADOXO DO TEMPO IX
Existe ainda o tempo que se perde,
Esperando pelos outros numa faixa
Ou em um banco aguardando pelo caixa,
Que atende aquele que chegou primeiro,
Até que a fila passe e a gente herde
A nossa vez. Portanto, em outra caixa,
Eu vou guardar o tempo e diferente faixa
Me servirá para fechar, que então se alerde
Essa perda do tempo mal guardado;
E assim, se precisar, eu abrirei
A tampa com cuidado e uma pitada
De tempo só em mim derramarei,
Por terminar assim obra atrasada
Com esse tempo que eu mesmo havia reservado!
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