PARADOXO DO TEMPO I
25 junho 2021
Não tenho tempo para perder tempo,
Gasto meu tempo sem jamais perder,
Perder meu tempo me fará envelhecer
E não há rima para o próprio tempo.
Contudo, se acontece um tempo-
ral, eu aproveito para refazer
Estes poemas tolos do viver,
Entremeados em suas longas tempo-
radas, sem que o tempo seja gasto
Inopinadamente ou em desperdício,
Que ganhar tempo se tornou meu vício
E o tempo aproveitado foi bem vasto,
Nesta vida sem tempo, mais eu tenho
Nas muitas vezes em que gastá-lo eu venho.
PARADOXO DO TEMPO II
Dar tempo ao tempo já é ditado antigo,
Quando se sofre qualquer contratempo,
Apenas esperar que passe o tempo
Até que o tempo se faça mais amigo;
Dar tempo ao tempo em caso de perigo,
Se o tempo é tempestade no entretempo,
Se saraiva cai em nós nesse retempo,
Que retempere o tempo em que me abrigo;
Assim escrevo versos no intervalo
Do tempo gasto em mil obrigações,
De má vontade com o tempo de meu sono;
Só o computador desligo ouvindo o estalo
Dos relâmpagos no tempo dos trovões
E em pouco tempo ao sono me abandono...
PARADOXO DO TEMPO III
Segundo Freud, o tempo não existe,
Salvo dentro de nós, em proteção
Da psique, pela configuração
Armazenada enquanto o tempo insiste;
Na verdade, em mim a dúvida persiste:
Se o tempo é tempo em dia de trovão,
Se o tempo é tempo durante a exultação,
Se da tristeza o tempo então nos diste.
Seria então certo que o tempo vem da mente,
Assoberbada pela ideia de sua morte,
Desencarnada em tempo permanente;
O espírito a ansiar por melhor sorte,
Mas só podemos, em anseio bem frequente,
Aguardar até que o tempo nos aborte...
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