AMOR
SECRETO I -- 8 SET 17
Para
muitos, amor é igual que mariposa:
de dia
se esconde, só surge ao anoitecer,
quando
há intenção de amor sexual fazer
e só
então se requesta amante ou esposa.
A noite
é tida por mais esplendorosa,
em segredo
sob a lua mais prazer,
na
escuridão o adultério a cometer
ou
mesmo o permitido mais gostoso!...
Por
isso, uma visita feita às claras,
seja de
tarde ou mesmo de manhã,
qualquer
suspeita dilui em confusão,
ações
de amor julgadas ser mais raras
no intermédio
do labor ou de outro afã
e é
natural bater-se à porta na ocasião...
AMOR
SECRETO II
Contudo,
quando alguém pratica a sesta
e a seu
lado se deita esposa ou amante,
é bem
comum seu prazer levar por diante,
quando
em braços um do outro fazem festa.
Após a
refeição, fazer amor "não presta",
que
esse "esforço" sexual é delirante:
pode
causar "congestão" um tal instante
ou um
"derrame", assim o povo atesta.
Um tal
problema, contudo, eu nunca tive,
que
muitas centenas de vezes fiz amor,
após o almoço,
sem sofrer qualquer revés
e meus
orgasmos cintilantes não contive,
já de
noite a repetir igual ardor,
sem que
a semente "se acabasse" dessa vez!
AMOR
SECRETO III
Assim
se contradiz mais uma lenda:
a de
que existe só um certo suprimento;
com
muito sexo, há de chegar momento
de
esgotar-se o produto dessa prenda...
Talvez
esta assertiva o povo venda
considerando
da menstruação o alento;
de
fato, a ovulação, em seu portento,
tem um
limite que à gestação atende.
Mas
certamente a semente masculina
por
muitas décadas bem se reproduz,
mesmo
que sofra de menor potência,
quando
alguns espermatozóides têm a sina
da
morte prematura antes da luz,
mas sem
que isto diminua a sua frequência!
AMOR
SECRETO IV
Os
tempos mudam e hoje a liberdade
é bem maior
que em tempos de minha infância
e nas
"baladas" se pratica com constância
sexo
oral, sem qualquer dificuldade!
E outra
lenda se espalha, de inverdade,
que a
semente deglutida nessa instância
não
provoque de DSTs contaminância (*)
e assim
procedem na maior tranqulidade!
(*)
Doenças Sexualmente Transmitidas.
Já que
esta prática hoje está na moda
e
muitas vezes se faz abertamente,
e nas
reuniões de jovens é ingrediente!
E sem
falsa moralidade nesta roda,
que
também nisso empreguem "camisinha",
ante a armadilha
que de tantos se avizinha!
RABISCOS I -- 9 setembro 2917
A maior parte dos versos que hoje
escrevo
me brota de lugares que nem sei
localizar,
mas me é preciso constante
acompanhar
esse murmúrio que sob as unhas levo.
Mas sobre mim escrever pouco me
atrevo,
bem mais difícil eu acho me
expressar,
sem Dionyso para as frases sussurrar
e me informar quais rabiscos grafar
devo.
Em português antigo,
"rabiscar"
só indicava recolher essas espigas
deixadas para trás por segadores;
e com frequência me ponho a imaginar
que tais sonetos de tão variadas
ligas
sobras somente são de
antecessores...
RABISCOS
II
Outros
criaram grandes poemas, realmente
e
grandes fardos com alegria sobraçaram;
cada
estrofe que do inconsciente retiraram
mil
grãos por um produziu-lhes bem frequente.
Com
suas penas de ganso, a antiga gente,
ou
com estilos sobre cera que marcaram,
alguns
pincéis sobre papiro ainda pintaram
ou
sobre argila a gravar pacientemente.
E
mesmo assim, criaram meus modelos,
restolho
apenas deixando para mim,
cereais
e a fruta que no chão se espalha;
tiveram
esses a colheita dos desvelos:
medas
de trigo e o doce mosto, enfim,
deixando
para mim somente a palha.
RABISCOS
III
Não me acho aqui a pedir-te um
elogio,
pois minha modéstia é pura e
verdadeira;
nem é de fato pela vez primeira
que desta herança reconheço o brio.
Se Dionyso me legou o desafio
de palmilhar por sua tão velha
esteira,
percebo bem a origem hospitaleira,
pois de outrem brota o verso que
hoje crio.
Mesmo porque só existe um Criador
e Nele ponho toda a minha esperança
e neste Espírito Santo que me anima
de que avatar foi Dionyso em
esplendor
e sua coroa de parreira em mim
descansa,
na grande honra que acolheu minha
sina.
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