ZÉFIROS ARISCOS I – 17 DEZ 14
Chegou de novo para mim a estação
a que prefiro não chegasse realmente,
mais pelo medo do calor pendente
do que de fato por real sufocação;
é mais temor que me assalta em turbilhão:
lembro o verão passado que, inclemente,
martirizou a todos ferozmente,
até mesmo a essa fuleira multidão!...
Sempre é possível que no Polo Sul
se derretam, enfim, quaisquer geleiras
e virem chuva, a contrariar o Sol,
mais rico o cinza do que o céu azul,
por essas nuvens a vadear, arteiras,
como um escudo contra a fúria do arrebol...
ZÉFIROS ARISCOS II
Por enquanto, não há real abafamento,
mas Éolo e Zéfiro tiraram seu feriado;
talvez tenham com a Brisa combinado
ir visitar da Viração o acampamento,
que tirou férias, em descontentamento
e foi à praia por um tempo continuado,
ver os Ventos veranear lá do seu lado,
a nós deixando no maior açodamento!...
Talvez registre contra os Zéfiros ariscos
alguma queixa em qualquer delegacia:
sou amigo do Delegado Regional!...
Mas não quero que de prisão corram os riscos,
caso contrário, chegaria a Calmaria
e aí seria o calor mais triunfal!...
ZÉFIROS ARISCOS III
Não sou apenas eu que assim detesto
esses dias mais fortes de calor:
igual desgosto tem meu computador,
cujo trabalho, então, bem menos lesto
se torna. Não sua, mas de
resto
empaca, se aborrece, seu humor
é cada vez mais raivoso nesse ardor
do que o meu, se a reclamar me apresto...
E assim ficamos, além dessa impaciência
que sempre me causou qualquer verão,
pois é preciso aguentar os seus caprichos,
aplastados os dois, feito dois bichos
e eu forçado a mostrar maior paciência
com essa máquina que nem tem coração!...
Nenhum comentário:
Postar um comentário