segunda-feira, 5 de outubro de 2020

 

 

PRIMEIRO BEIJO I – 12 MAIO 2019

Qual a lembrança de teu primeiro beijo?

Tudo depende de como sucedeu,

Se desejavas a pessoa que to deu.

Se foi surpresa o inesperado desse ensejo.

 

Se foi de alguém que por ti mostrou desejo,

E outro beijo já gozara antes do teu,

Se foi alguém que nenhum beijo recebeu

E desse teu teve o primeiro adejo...

 

Se foi apenas experiência passageira,

Não sendo mais que inocente brincadeira,

Sem que soubesses o que era, realmente,

 

Ou se foi a sedução de um par mais velho,

De sua experiência consciente bem parelho,

Por outras bocas constante pretendente.

 

PRIMEIRO BEIJO II

 

Se te foi dado apenas casualmente,

Sem que nele existisse real paixão,

Só nova prova de um poder de sedução,

Uma conquista a mais, quase inconsciente

 

Ou expressão até quiçá condescendente,

A demonstrar sua habilidade na ocasião,

Talvez um beijo que se dê por profissão

Ou que se furta como prova de experiente.

 

Que sensação causou-te, assim, o beijo,

Quais arrepios a percorrer-te o corpo inteiro,

Um certo nojo, uma pitada do sensual,

 

Uma surpresa, um palpitar de adejo,

Uma delícia, o inesperado, o passageiro,

Essa primeira punhalada do sexual?

 

PRIMEIRO BEIJO III

 

Furtiva flor, que me arrancaste um dia

Do caule em que estava acostumado,

Deste caule em que estava ensimesmado,

Servo do vento e da chuva serodia...

 

Sem pertencer que tão longo te amaria,

Sépalas longas, estigma potente,

Cada pétala outro beijo condescente,

Teus dedos longos que a ambição nutria...

 

Pois me arrancaste, sorridente e em rubro vaso

Me implantaste à espera da semente,

Furtiva flor, nefária e pubescente...

 

Sem ressecar-me, em teu jarro ainda jazo,

Depois de tantos anos conservado

Pelo primeiro beijo ainda encantado!...

 

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