AS NOVE MUSAS DANÇANDO COM SEU PAI APOLLO - BALDASSARE PERUZZI
AIODIA I [canto
poético] – 16 jun 07
(Aiode, Melene e Mnema eram três irmãs, mães das
musas por
intervenção de Apollo. Aiodia é um termo grego
para a ode dedicada
a Aiode, mãe das musas da poesia; as três
chamadas Camenas pelos romanos.
Os termos Melenia e Mnemia foram usados muito
raramente.)
Tornei-me aedo, não
por vontade própria
quis
ser quis ter
não
ser não ter
esse talento, que em
vate me tornou;
mas se algum deus
assim me aquinhoou,
vou
ter vou
ser
não
ter não
ser
obrigação de
voltar-me para a imprópria
vida de quem
vaticamente age;
pena de quem
aedamente reage.
O que eu tenho,
recebi da Providência:
não sou não tenho
eu sou eu tenho
o gênio do poeta; sou
maldito
com o dever que para
outros é bendito
pois
escrever é meu dever
sem antever o que
escrever
o quanto os homens
trazem na consciência,
porque sou vate:
por ser aedo.
AIODIA
II (10 SET 15)
Mas não posso afirmar que não queria
não de
fato simples fato
até brinquei e versejei
e assim abri esse cofre de Pandora,
cujos sonhos me acometem nesta hora:
só a
esperança só a esperança
e a irmã
bonança e a irmã bonança
permaneceram no cofre do tesouro.
assim causei em mim mesmo tal borrasca
que a ponta de meus dedos hoje masca.
O quanto tenho, ganhei do atrevimento
Epimeteu
titã e ateu (*)
o sonho
meu é que me deu
minha cisma perpétua de martírio,
despetalando diariamente o lírio
em
frases sem crases
em
fases sem bases
e foi assim que me tornei no que sou
hoje
numa poética
feita de estética.
(*) Epimeteu, irmão de Prometeu,
convenceu Pandora a abrir o cofre.
AIODIA III
O que eu escrevo vem violentamente
abre
caminho caminho abre
com
faca e espinho com
espinho e faca
a ode aos ais que já não cabe em mim,
ara terrestre em sacrifício assim
a meus
irmãos que humanos são
que
humanos são os meus
irmãos
e só a eles se destina esta enxurrada.
e não à busca de dinheiro, glória ou
fama:
é um sacrifício que o dia a dia proclama.
Em que não busco afirmar só o que
acredito,
porém dizer
sem nem saber
sem mal
saber o que dizer
o quanto o espírito dentro de mim
denota:
se me recuso, sofrerei uma derrota
e
novamente o som ardente
faz-se
aparente canto frequente
e se espalha pelo mundo, em majestade,
na cibernética
que não tem ética.
AIODIA IV
Mas nesse meio que
tanta coisa aceita
a vida
canto e louvo tanto
o triste
pranto e o salmo santo
tendo esperança de
algum bem fazer ao mundo
em contraposição ao
fado imundo
que hoje
poreja e a mente aleija,
o verso adeja e a vida
beija
uma mensagem trazendo
a cada mente.
e se preciso escrever
o que não sinto,
à mente que o precisa
unguento pinto.
E a cada alma
pingarei minha aiodia:
algo de
frio algo de cio
algo de
brio algo de rio
e a cada um que nela
enxerga o que acredita
não se destina a
palavra a ser bonita
nem a
ofender nem convencer
porém a ler para viver
pois para isso,
enfim, tenho missão
sou picareta
da arca secreta
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