BANDEIRA DO BRASIL I –
19 NOV 19
HOJE
É O DIA DA BANDEIRA QUE RESPEITO
E
QUE DEFENDO COM TODO O MEU ARDOR,
DE
OLAVO BILAC FIEL ADMIRADOR,
DE
SUAS CORES ME ORGULHAR TENHO O DIREITO.
CADA
UMA DAS QUADRINHAS EU ACEITO,
MESMO
O “AUGUSTO DA PAZ” QUE TANTO HUMOR
PROVOCOU
NOS INVEJOSOS DESSE AUTOR:
COMO
“PRÍNCIPE DOS POETAS” DOU-LHE PREITO
E
POUCO IMPORTA QUAIS SEJAM AS RIMAS,
NEM
QUE AS ESTROFES SEJAM PEQUENINAS:
BEM
MAIS DIFÍCIL É UM SONETO MUSICAR;
O
QUE IMPORTA É O CERTO PATRIOTISMO
CONTIDO
NESSES VERSOS SEM CINISMO,
DO
PAVILHÃO O PURO AMOR A NOS LEGAR!
BANDEIRA DO BRASIL II
HÁ
POUCA COISA QUE EU POSSA ACRESCENTAR
AO
HINO DA BANDEIRA, QUE ME ALCANÇA
DO
CORAÇÃO O FUNDO ENQUANTO DANÇA,
A
BANDEIRA EM MINHAS PUPILAS A FLUTUAR!
MESMO
NÃO TENDO UMA CARREIRA MILITAR,
COM
PATRIOTISMO CONSERVO A ESPERANÇA
DE
QUE O VERMELHO NÃO PROVOQUE UMA MUDANÇA
NAS
CORES PÁTRIAS QUE EM AMOR POSSO LOUVAR.
QUANDO
CRIADA, MUITO RARA ERA A BANDEIRA
QUE
NÃO TROUXESSE FAIXA DE ENCARNADO;
NOSSOS
VIZINHOS DO PRATA UM DESBOTADO
AZUL
CLARO, MAS POSSUEM FACE ALTANEIRA,
CUJOS
TRAÇOS MOSTRAM TOM AVERMELHADO,
ENQUANTO
O VERDE DA PAZ A GUARDA INTEIRA!
BANDEIRA DO BRASIL III
ANTIGAMENTE,
QUANDO HAVIA A MONARQUIA,
HAVIA
VERMELHO NO RAMO DE CAFÉ,
QUE
SE ERGUIA DESDE AS ARMAS NO SOPÉ;
RAMO
DE FUMO ALI IGUAL SE PERMITIA,
QUE
IGUAL REMÉDIO ALGUÉM RECEITARIA
(AS
COISAS MUDAM CONSOANTE MUDA A FÉ),
MAS
O ANTIGO MASTRO PERMANECE EM PÉ,
SOBRE
O QUAL NOSSO PENDÃO OSCILARIA,
AO
QUAL ENQUANTO EU POSSA VER AINDA DRAPEJA,
SEM
FOICE E SEM MARTELO OPORTUNISTA,
NO
LUGAR DAS ESTRELAS E DO AZUL
E
QUE AINDA SINTA O CORAÇÃO EXUL
A
CADA VEZ QUE DESFRALDADA A VEJA,
DE
NOSSO ADIADO FUTURO A NOBRE PISTA!
COMPLACÊNCIA I – 20 NOV 2019
pois existe mais ainda, em ser
maduro,
sabendo que és mulher e que me
queres,
que tudo me darás, quando
puderes,
sem que eu precise
demonstrar-me duro,
o que não sou, mas por certo é
mais seguro
fingir que sou, mas sem brandir
halteres
para mostrar de um homem ter
poderes
se adolescente eu fosse e ainda
inseguro,
posso entregar-me ao gozo do
momento,
numa delícia em puro
sentimento,
sem ser escravo tão só da
sensação
que, por nova não ser, é mais
ditosa:
sabendo como achar-te deleitosa
nos escaninhos de meu
coração...
COMPLACÊNCIA II
qual o deleite que existe na
presença
dessa mulher que se quer sem
liberdade,
o peito inteiro opresso de
ansiedade,
depois que inteiramente ela nos
vença?
qual a certeza que a escravidão
compensa,
por mais que seja em
deliberalidade,
por mais nos prenda corrente de
inverdade,
tal intangível que seja a
recompensa?
porque, de fato, quem está nos
escaninhos
sou eu, mas não nos meus, nos
dela,
já sem sístole e diástola o
coração,
salvo nos ritmos de mel e de
azevinhos
que me brotam dos olhos dessa
estrela
a quem me avassalei em
servidão.
COMPLACÊNCIA III
indubitável é que existe
complacência
em pertencer inteiro à
bem-amada,
de atendê-la em sentir-se
desejada,
de a seus caprichos mostrar
total leniência,
sempre na espera infinita da
paciência
de que ela venha a se mostrar
escravizada,
também por nós, de forma
inesperada,
e que entre os dois se arme
laço de inocência,
sem um recuo de procrastinação,
sem a reserva de uma
insegurança,
sem um mínimo traço de rancor,
até alcançar a benfazeja
comunhão,
em realidade muito além de uma
esperança,
nessa mútua escravidão feita de
amor!
ARTÉRIAS I – 21 nov 2019
Se me mandares tarefas e
trabalhos,
Buscando correção, ninguém
jamais
Irá achar estranho, quanto mais
Troçar de ti em julgamentos
falhos.
Assim dos sentimentos são
atalhos:
Vão em sonetos de perífrases
banais
Pássaros chegam a arrulhar
sentimentais
Sem ironias a perturbar quais
feios malhos...
Mais um segredo entre nós dois:
sonetos
Não são obras de arte, são
neurônios
Transmutados em versos, são
axônios
Enraizados fundo; são completos
Sistemas de sinapses; e nos dão
Jatos de sangue em forma de
canção.
ARTÉRIAS II
Porquanto é fácil falar de
sentimentos,
Quando mostrados em forma de
sonetos
Que outras tantas apreciem, mas
secretos
Artifícios para afastar
quaisquer lamentos...
Já no antanho ocorreram tais
eventos:
De Abélard e Héloise os sãos
afetos
Eram ocultos por esses objetos,
Até chegarem seus finais
padecimentos,
Pois um encontro até marcavam
pelos versos.
Através de um código e simples
invenções
De que só os dois conheciam as
alusões,
Mas não nos vêm castigos tão
perversos,
Que nossos códigos são feitos
de paciência
E só revelam de nós tola
inocência...
ARTÉRIAS III
O que nos sobra é um barroco
festival,
Uma troca de mensagens rococó,
De compreensão que é reservada
só
Para nós dois e nem sempre é
consensual.
Talvez porque esse amor é
inatural,
Mereceria de fato mesmo dó,
Versos apenas transportando pó,
Sequer um toque de cunho
material.
E nem se diga ser amor
espiritual,
Porque se prende tão só ao
cerebral
E é mais quebra-cabeça ou
labirinto
E se acaso me contemplo em
auto-exame,
Nela não vejo um sentimento que
reclame,
Quando percebo que amor real
não sinto.
SKOAL I – 22 NOV 2019
Esta forma poética da saga
Está contida em versos rebrilhantes:
Estáticos os versos inquietantes,
Estatelados em lutas e combates.
Ver tais poemas é como ver coágulos,
Versos de sangue e fezes, versos loucos,
Versando morte e glória, versos roucos
Vergastam ventos de fragor gelado.
Amor não tem lugar nestes poemas,
A morte é deusa e mãe, a morte é vida
Amortalhada no estertor da história.
São versos frios de geada e plenilúnio,
Santificados somente no martírio
Sacramentado pelos deuses mortos.
SKOAL II
Versos de saga trazem rima na cabeça,
Vasto o desprezo pelo pé poético,
Vagas as rimas da primeira sílaba,
Vazias as rimas da sílaba final,
Deliberada sendo apenas a inicial,
Destoante de fato em silabar,
Deve-se apenas a inicial cuidar,
Diverso o estilo do euroespiritual,
Contudo aqui experimentado o estilo,
Confesso que me sinto inadequado,
Claro que solto as rimas a vaguear
Porém deixar a métrica não posso,
Presa constante do ritmo e cesura,
Pobre sendo afinal meu vaticínio.
SKOAL III
Porque, afinal, guardo tendência antiga
Para mais versos de amor originar,
Pouco me apelam a morte e o combater,
Princesa minha é a Freyia descurada
Pelos vates e aedos islandeses,
Presas que sejam mais da descrição
Pura e selvagem dos acontecimentos
Perpetrados em cruel destruição;
Por mais que ame essa mitologia,
Pobre empatia por batalha eu sinto,
Pálido sendo sobre mim o apego
Peremptório de Hela, a ceifadora,
Pristina apenas a morte de um herói,
Poetas mortos sem levar para o Valhalla.
MADRINHA
I – 23 nov 19
(Para J. T.)
Eu
quero agradecer num verso apenas
por teu
abraço meigo e teus olhares
permeados
de ternura, nos milhares
de
simples ocasiões, maçãs morenas
que
partilhas conosco, simples cenas
em
doações sinceras, singulares,
e de
alta madrugada, regulares
de
vinho e gasolina tais faenas,
no
mesmo proteger, leve e perfeito,
que
exige o preço apenas do respeito
e se
derrama em véus de castidade,
num
tutelar sorriso, qual se ela
fada-madrinha
fosse e cinderela
vestida
de condão por amizade!...
MADRINHA
II
Diabetes
a levou, jovem ainda,
um
filho tendo apenas adotivo,
seu
nome já esquecido, no incisivo
descarte
tão comum de quem se finda,
mas a
recordo qual se fosse a “dinda”
de
nosso amor ainda um pouco esquivo,
ao
derredor sem ver nada permissivo,
sob seu
teto a relação bem-vinda,
sem que
a mostrássemos então abertamente,
as
circunstâncias bem desfavoráveis...
foi em
sua casa que minha amada tomou posse
com
longo beijo, de minhalma totalmente,
cerimonial
sutil que só ela endosse,
com
seus gentís sorrisos amigáveis...
MADRINHA
III
Mais
tarde, entretanto, os dois soubemos
que
nutria em seu peito fantasia
que em
nada pura para nós seria
e de
suas falsas confissões nos escondemos,
nada
mais sendo que desejos tão pequenos,
essa
frágil recompensa que queria
e que
nunca realmente pediria,
mas
cuja ausência fez crescer nela venenos,
porém,
de fato, não nos prejudicou,
no que
afirmava ninguém acreditou,
contudo
em nós provocou afastamento,
mas
nela penso tão só com gratidão,
pois
foi amiga ao termos precisão
e junto
a nós partilhou terno momento.
IMPULSOS I – 24 nov 2019
Eu tive a pretensão transiente de querer
Cortar destes poemas o fluxo; por qualquer
Insulto recebido, sem intenção sequer:
Talvez fora melhor parar de fazer versos.
Mas percebi, de fato, nem saber
Como fechar da represa o seu poder,
Bem mais forte do que eu, vi-me vencer,
Que os mil sonetos gentis ou mais perversos
São vivos de per si, são estranhas
criaturas,
Inquietas, turbulentas, mas intenções tem puras
De só sobreviver, nas leis da Natureza;
E não se submetem a um gesto de incerteza,
Mas cantam galhardia, alçando-se às alturas
E apenas interpreto seus sonhos de
altiveza.
IMPULSOS II – 24 nov 2019
De fato, sinto a vida desses versos,
Que ondulam ao redor em singeleza,
Ou que me assaltam em artifícios de nobreza
E a registrá-los me obrigam com firmeza.
E assim de novo descobri, sem mais
surpresa,
Que esta eclusa fechar numa final certeza
Não estava em meu poder; fragílima tibieza,
Que não são meus esses sabores tão
diversos.
Já doutra vez, quem me leu viu-me afirmar
Que não requeiro dos sonetos a autoria,
Pois me assaltaram pelo olhar que não os
via,
Nos meus ouvidos, em silêncio, a penetrar
E assim me entrego, inerme qual refém,
Obedecendo assim a quantos vêm.
IMPULSOS III
Não sei se me acreditas ou julgas fantasia
O revoar silente do verso que me via
Qual transmissor fiel de luz e nostalgia,
Qual alvo material de que fizesse escravo.
Não sei se me acreditas, se ora as mãos eu
lavo,
Após ter exprimido de cada sonho um favo,
Somente um seguidor de cada silvo bravo
Que sobre meus cabelos um ninho formaria.
Contudo posso ainda, sincero, te afirmar
Que outra vez busquei o fluxo cortar
E a ele resisti com força e independência,
Enquanto essa pressão só fez acumular
E finalmente em mim drenou toda a potência,
Em seu impulso atroz de ao mundo se
afirmar!
RESGATE I – 25 nov 2019
e hoje, quem
diria? - Ria divinamente
aquela a quem amei - Meio
insegura
que esse coração - São
raridades!
persista a desejar -
Jargão de enamorados
o mesmo ideal azul - Azul, mas
não de frio,
que nunca o satisfez - Festim
para famintos,
que não dessedentou - Tomou sem
retribuir
enquanto experimentei - Teimosa
em seu capricho
e apenas consegui - Guizos e
lantejoulas
e apenas obtive - Tive, porém
perdi
folhas secas por ouro - Ouropel
de latão
e hoje que retorno – Trago a
alma emurchecida
na espera dolorosa – Morta a
rosa antes do cio
e ainda a encontro ali - Alimentando o nada.
RESGATE II
não sei a que retorno – Apenas
a uma flor
nem sei o que lhe faça – Se
busco uma tesoura
e corto o caule verde –
Aprisionando em vaso
esse amor impudico – Exposto
aos quatro ventos
quão poucos se dão conta – Que
a rosa mais fragrante
é apenas armadilha – Para um
inseto incauto
seu néctar fornece – Mas quer
fecundação
por ser órgão sexual – E não
taça dourada
e amor sempre é igual – Não
mais que um artifício
que dura alguns mintuos – Ou
décadas, quiçá,
que Flora e Fauna criam – Por
que tudo se repita
sem se poder negar – Que seja
assim bonita
armadilha secular – Que semente
então resgate
estames com pistilo – Na alma a
se infiltrar.
RESGATE III
mais que resgate enfim – Talvez
seja rebate
porque qualquer semente –
Apenas brotará
quando dentro do solo – Sujeita
à umidade
enfim se parta – E surja o
cotilédone
assim morre a semente – E vive
a descendente
e ocorre por igual – No mundo
natural
se bem que haja promessa – De
corpo espiritual
aos Romanos enviada – Talvez
pelo maior
de todos os apóstolos – A quem
não escolheu
o Príncipe da Paz – Enquanto
aqui viveu
e assim toca meu sino – No alto
campanário
a espantar morcegos – Mas não
por matrimônio
apenas a rebate – Porém sem me
anunciar
que amor possa morrer – Mas
apenas desbotar.
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