ASSÉDIO 1 –15 MAIO 2021
Olho ao redor e só vejo
celulares,
mas por enquanto, não
comprei nenhum,
minha esposa tem, cada flho
têm algum,
tem a doméstica e os
operários auxiliares;
mesmo meu neto, para seus
jogos peculiars,
desde os três anos já se
tornou comum
que prefira jogar e não
queira mais nenhum
dos cem brinquedos que lhe
comprei aos pares.
Mas eu não sinto de
artefatos precisar,
o telefone jamais foi o meu
vício
e pelo fixo tenho incômodo
suficiente,
o tempo todo alguém artigos
a ofertar,
eu reconheço ser esse o seu
ofício,
mas nem atendo às chamadas
dessa gente!
ASSÉDIO 2
O fato é que a constante
intervenção
é só a ponta do iceberg a
controlar
e a cada dia vejo mais se
reforçar
com armas digitais o Grande
Irmão.
Os telefones terem sempre à
mão
pareciam a quase todos
encantar,
a própria ideia de poder
andar
a qualquer parte sem perder
conexão!...
Foi como se um brinquedo se
ganhasse,
mas o jogo capturou os
jogadores
e o processo foi de fato
além demais,
tanta gente sem que jamais
se desligasse
dessa engrenagem de
místicos poderes,
a lhes forçar padrões
comportamentais.
ASSÉDIO 3
E nem ao menos as pessoas
reconhecem
que se encontram
agrilhoadas à cadeia;
racionalizam o impulso que
os ateia
como eventos naturais que
acontecem;
“É a vida moderna e nos
aquecem,
temos notícias da mais
recente veia,
fotografamos qualquer coisa
que se leia
e a enviamos aos amigos que
padecem!”
Mas tudo é apenas um golpe
comercial:
“compre, compre, chegou o
novo artigo!”
“Não saia à rua, sempre
haverá perigo,
encomende por nosso vasto
potencial!”
E o povo não se percebe
escravizado,
por mais que seja com
frequência aguilhoado!
ASSÉDIO 4
E agora que apareceu a
pandemia,
as companhias se sentem
abençoadas:
“que as vacinas nunca sejam
completadas,
porquanto a gente mais e
mais nos pagaria!”
“Não vou por aí!” – o poeta
nos diria,
nem que sejam os meus atos
condenados
por quem deseja bater papos
furados:
sem celular, ninguém me
alcançaria!
Até suspeito que o lucro
cresceu tanto
que haja “forças ocultas” a
insistir
que seja o trabalho só por
via eletrônica,
tantas fortunas a reunir
sob esse manto,
já são duas gerações a se
iludir,
na sociedade a se tornar biônica!
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