AS BODAS DE SANGUE
– 21 maio 2021
BERESITH
(Gênesis), Capítulo 34
AS BODAS DE SANGUE
I (*)
O Título alude
ao balé homônimo de Antonio Gades.
Ruben, Simeão,
Levi, Judá,
Issacar,
Zabulon, os seis filhos de Lia,
que além
desses, menina ainda teria
a quem chamaram
pelo nome de Diná;
mas bem logo a
criança já crescia,
em adolescente depressa
se fará
e com as moças
da terra dançará,
sua formosura
atenção logo chamaria
do príncipe
Siquém, filho de Chamor,
rei de toda
essa terra dos Heveus;
Jacó comprara
para seus Hebreus,
por cem peças
de prata de valor,
o terreno em
que armara acampamento
e assim viviam
em paz com os Cananeus,
apascentando os
vastos rebanhos seus,
que trouxera de
Paddam-Aram em passo lento.
AS BODAS DE SANGUE
II
Ora, Siquém
estava acostumado,
uma vez que era
filho de seu rei,
a tomar as
mulheres de sua grei,
como direito
natural de seu reinado
e desta forma,
apoderou-se de Diná
e a possuiu sem
seu consentimento;
mas após a
violência do momento,
seu coração
inteiro à jovem votará.
E foi pedir a
seu pai, o rei Chamor
que a
adquirisse para ele em casamento;
o rei seu pai
lhe deu consentimento
e foi tratar
dessas bodas com fervor.
Quando os
irmãos chegaram ao acampamento
logo souberam
do que havia acontecido:
que pelo
príncipe humilhada tinha sido
e se tomaram de
feroz ressentimento.
AS BODAS DE SANGUE
III
Pediu o rei,
com a maior civilidade:
“Aparentai-vos
conosco pelo casamento,
O dote vos
daremos a contento...”
Siquém falou,
na maior sinceridade,
“Eu pagarei o
dote que pedirdes,
porém dai-me
vossa filha por esposa,
enamorei-me de
jovem tão formosa,
darei quantos
presentes a vós convierdes.” (*)
(*) MOHAR
UMATAN = Dote e Presentes.
Na verdade, via
nisso conveniência,
Jacó era rico
de bens e de rebanhos,
a terra sáfara
convertera com amanhos,
fazendo trigo
brotar dela com paciência;
além disso,
muitos escravos tinha,
que plantavam e
pastoreavam o seu gado,
não convinha
ser tal povo maltratado
e até sugeriu
que Diná seria rainha...
AS BODAS DE SANGUE
IV
Mas os irmãos
de Diná confabularam
e para os
Heveus preparam uma cilada:
“A nossa raça
com nenhuma é misturada.”
E o sinal de
sua aliança eles mostraram:
“Todos nós
somos circuncidados,
em obediência
ao Senhor Deus Jeová
e nossa irmã
jamais se casará
com homens a
não ser igual marcados.”
“Portanto, não
nos basta um grande dote,
vamos tomar nossa
irmã e ir embora,
a não ser que
consintam nesta hora
a partilhar de
nosso destino e lote.”
É claro que
Chamor e que Siquém
não se
agradaram desta operação,
mas tão grande
eram o amor e a ambição
que aceitaram
tal condição também.
AS BODAS DE SANGUE
V
Siquém aceitou
ser operado de imediato,
(era o mais
honrado da casa de seu pai).
O rei então até
a sua cidade vai,
convencer os
súditos com bastante tato,
afirmando que
receberiam os Hebreus
boa parte dos
bens e dos rebanhos;
e na esperança
de lucros assim tamanhos,
com a
circuncisão concordaram os Heveus.
Mas ao terceiro
dia, quando a dor
estava forte em
todos os homens da cidade,
Simeão e Levi,
em plena crueldade,
acompanhados
por muitos servos de valor,
entraram fácil
pela portalada aberta
e todos os homens
passaram a fio de espada,
Diná tirando de
onde estava aprisionada
e a cidade
queimaram, após a deixar deserta.
AS BODAS DE SANGUE
VI
Escravizaram as
mulheres e crianças
e pilharam
quanto havia na cidade,
os animais do
campo, em finalidade,
grande saque a
servir-lhes de bonança.
Porém com eles
se zangou o pai Jacó:
“Quando a
notícia pela terra se espalhar,
os seus
parentes irão em breve se ajuntar,
a massacrar-nos
em um combate só!...”
Mas Simeão e
Levi lhe responderam:
“Ele tratou
nossa irmã qual prostituta,
foi justo que
morresse nesaa luta:
de nosso lado,
todos sobreviveram!...”
Então Jacó
levantou o acampamento
e se mudou para
os lados de Bethel,
onde um altar
já erguera, em dom fiel,
quando Jeová
lhe mostrara o seu portento.
A aliança foi
de novo renovada, Jacó sendo chamado de Israel e o temor de sua gente se
espalhou, de modo tal que não foram perseguidos. Uma novela apresentou um tal Gibar, que
significaria “Valente” em hebraico, que teria se casado depois disso com Diná,
mas nao há
comprovação escritural. O único Gibar
mencionado foi um dos que acompanharam Zorobabel no retorno do exílio em
Babilônia. Diná seria gêmea de Zabulon e
a lei hebraica obrigava o estuprador a pagar cinquenta siclos de prata e
casar-se com a mulher, sem ter jamais
direito de divorciar-se dela. No
Talmude, Pirkei , de Rabbi Eliezer
afirma que Diná teve uma filha de Siquém, chamada Azenath. Simeão se ofereceu para tomar a irmã com
esposa, mas no Beresith Rabbah consta
que ela casou com um certo Shaul, filho de uma mulher cananeia com um de seus
irmãos, o que indica que Siquém a tomaria como esposa para um de seus filhos e
não para si mesmo. O Middrash menciona que Gibara significa “forte” e Gevar, “homem”. Mas para que discutir? B’seder!...
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