MORTE E RESSURREIÇÃO
WILLIAM LAGOS, 23 MAIO 21
MORTE E RESSURREIÇÃO I
Há um ditado bastante conhecido,
‘que da morte ninguém voltou para
contar
o que há do outro lado, se é que
existe.’
Encontram-se mesmo muitos dos Cristãos,
que na Ressurreição de Cristo tendo
crido,
afirmam que era Deus, sem nada de
espantar
que o poder da ressurreição lhe
assiste,
mas para os homens sendo só desejos
vãos.
Contudo, nas Sagradas Escrituras,
existem sete casos em que humanos
foram trazidos desde o lado oposto.
Ressuscitou Eliseu o filho da
Sunamita (*)
e depois dele mesmo ser levado às
sepulturas,
um cadáver tocou-lhe os ossos, sem
mais danos
e ressurgiu, sem mais sofrer
desgosto,
assim liberto da morte e sua desdita.
(+)
(*) II Reis 4:35 (+) II Reis 13:21
MORTE E RESSURREIÇÃO II
A história de Lázaro, ou antes,
Eleazar,
é bastante conhecida e foi narrada
no Evangelho de São João, quando
Jesus
deu-lhe ordem que “saísse para fora”
e todos ao morto o viram ressuscitar,
(*)
o filho da Viúva de Naim menos
lembrado (+)
e o filho de Jairo também veio à luz,
três Evangelhos o mencionam nessa
hora. (#)
(*) João 11:44 (+) Lucas 7:15
(#) Mateus 9:25 / Marcos 5:42 / Lucas
8:49-56
Irão dizer-nos: “São milagres de
Jesus”.
Mas há dois casos também no Livro de
Atos
dos Apóstolos: o de Dorcas conhecido
ou Tabitha (Gazela) por quem Pedro
muito orou
e a seus amigos de novo trouxe à luz
(*)
e igualmente são narrados fatos,
em que Paulo foi a Trôade conduzido,
onde um rapaz de nome Êutico tombou.
(+)
(*) Atos 9:40 (+) Atos 20:7-12
MORTE E RESSURREIÇÃO III
Da janela do terceiro andar caiu,
quando o sermão
de São Paulo se prolongou em demasia:
pegou no sono e já foi morto
encontrado,
porem Paulo gentilmente o abraçou
e por igual ele provou a
ressurreição,
Êutico levado para casa pelos mais,
todo o povo ficando assim maravilhado
depois que o Apóstolo desse modo os
confortou.
Seguiu sua prédica até alta madrugada,
o próprio Êutico a escutá-lo
atentamente.
Não mais existe entre nós este poder?
Mas nada impede tais atos de Deus.
Irão dizer estar Dorcas desmaiada,
que esteve Êutico em coma tão
somente,
mas o que importa é a ocasião do
acontecer,
quando o milagre manifesta-se entre
os seus.
MORTE E RESSURREIÇÃO IV
Porém num ponto eu sou forçado a
concordar,
embora crendo nestes sete escritos:
nenhuma fala desses sete é mencionada
sobre o que viram enquanto do outro
lado,
portanto, ‘ninguém voltou para contar’,
pelo menos em tais antigos
manuscritos,
mas do Menino de Naim foi imaginada
a pregação do Evangelho mais sagrado
por Lord Lytton em ‘Os Últimos Dias
de Pompeia’,
o qual partiu anteriormente à erupção
e a maior parte dos cristãos levou
consigo,
antes que fossem as cidades
soterradas.
Naturalmente, existem trechos da
Odisseia
e de outras gestas da mais antiga
tradição,
quando pessoas saíram do mortal
abrigo,
porém suas falas não nos foram
conservadas...
MORTE E RESSURREIÇÃO V
Há vários casos em que o Hades é
invadido,
a famosa Eurídice resgatada por
Orfeu,
sem se cumprir a determinada
condição,
porque, de fato, ela falou até demais
e enfim Orfeu a encarou, de tão
sofrido,
que ela de novo retornou ao mundo
seu...
quem sabe se da Bíblia cada
ressurreição
dependeria de tais silêncios naturais?
Assim os sete neo-vivos se calaram
sobre o que haviam avistado do outro
lado
ou cada um nesse período adormeceu.
Hércules também trouxe da morte a
Iolau
e com um centauro imortal se
combinaram,
seus destinos permitiu Zeus fosse
trocado,
que sofria demais por ferimento seu,
mas para o amigo foi o resultado mau...
MORTE E RESSURREIÇÃO VI
Já hoje em dia são frequentes os
relatos
de quem passou por certa morte
temporária
durante algum acidente ou operação,
sempre há um túnel que conduz à
luz...
Alguns afirmam imaginários esses
fatos,
mas é frequente essa menção viária,
sem ser de fato uma ressurreição,
será essa luz que ao outro lado nos
conduz?
A mim, contudo, nada disso abala:
se há alguma coisa que não temo é a
morte
o que me assusta são a doença e o
sofrimento,
por que passaram já tantos ancestrais
e caso a morte seja o fim de toda a
gala
sinto-me equânime com essa simples
sorte,
perfeitamente disposto ao
esquecimento,
junto às miríades que já dormem no
jamais.
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