Hércules em Roma 1 – 4 maio 2021
Outro gigante ostentando três cabeças
Perante Hércules inesperado apareceu,
Este um filho de Hefesto com Medusa,
Que pela boca até chamas soprava!...
Esses tricornes na mitologia não cessas
De encontrar. Decerto
este sucedeu
A algum dragão em antropomorfia escusa,
Que igual a si algum poeta imaginava!
A crítica moderna, geralmente,
Interpreta esses monstros ou dragões
Como sendo três tropas de guerreiros,
Fogo soprado por tal boca ardente
Como sendo o ‘fogo grego’ realmente,
Por catapultas colocados em moções
Os recipientes de óleo costumeiros,
Junto com pólvora ou outro comburente.
Hércules em Roma 2
Cacus morava no monte Aventino,
Consoante recordavam os Romanos,
Por carne humana a mostrar bom apetite,
Porém sem desdenhar carne vacum;
Ossos de gado demarcavam o destino
De sua caverna, mas ossos humanos
Enfeitavam a entrada em mau convite,
O piso da caverna algo incomum,
Feito de ossos de gente esfarelados;
E assim Cacus de dois touros se apossou,
Mais quatro vacas ou quatro vitelas,
Que pelos rabos todos seis puxou;
Hércules só deu falta dos roubados
Quando de seu sono pesado se acordou
E procurava em vão as rezes belas,
Até que o mugido de uma delas escutou.
Hércules em Roma 3
Cacus fechara a entrada da caverna
Com uma rocha de peso tão tremendo,
Que nem dez juntas de bois deslocariam,
Mas Hércules para um lado a afastou,
De Zeus descendo sua energia eterna
E ali enfrentou o tal gigante horrendo,
Cujos jatos de fogo o queimariam,
Mas com sua clava suas cabeças esmagou!...
Por sorte seu gado a labareda não assou,
Mas a Zeus sacrificou um de seus touros
E ali ele ergueu um grande altar,
Auxiliado por Evandro, que insistiu
E ao culto do herói também o consagrou,
Após achar na caverna alguns tesouros;
Não queria Hércules que o fossem adorar,
Mas no Aventino o seu culto persistiu.
Hércules em Roma 4
Alguns autores gregos contrariam,
Que esta história aos Romanos glorifica,
Que não foi Hércules que matou o tal gigante,
Mas Garanus ou Recaranus, um seu aliado,,
Um herói grego, tais autores insistiam!...
O rei Evandro seu domínio fortifica,
Não pela força, mas por saber constante,
Que da deusa sua avó teria herdado.
Sendo neto de Themis com um deus-rio,
Chamado Ládon e de uma ninfa o filho,
Nicóstrata, com o deus Hermes concebido,
Monogamia por deuses gregos pouco amada;
O rei Equamos, movido por seu brio,
Ao conhecer desse adultério o trilho,
Quis o nenê matar, foi foi-lhe escondido
E ao crescer, sua mãe lhe deu espada.
Hércules em Roma 5
Com a qual matou o seu suposto pai,
O rei da Arcádia, mas seu castigo inteiro
Foi banimento, pois não era um parricídio
E com um grupo de Pelasgos emigraram
Para esse ponto da Itália, no qual vai
Posteriormente se acampar o bandoleiro
Que a própria Roma fundou com fratricídio,
E um grande império aos poucos conquistaram.
Sessenta anos antes da troiana guerra
Pallantium fundaram sobre uma colina,
Que mais tarde foi o Monte Palatino;
Dali governou Evandro a Itália Central;
Nicóstrata adaptou as letras que encerra
O alfabeto pelásgico, e destarte origina,
Com mais consoantes, o alfabeto latino:
Para Carmenta trocou seu nome original.
Hércules em Roma 6
Já os Romanos afirmam, ao contrário,
Que do alfabeto foi Hércules o autor,
Que libertou Evandro da submissão
Aos Etruscos, abolindo o seu tributo;
De seu rei Faunus, no combate necessário,
Acabou por tornar-se o executor;
E mais ainda, que tomou nessa ocasião
A sua viúva, ou a filha, mesmo em luto.
E tendo sido bem-sucedida a união,
Gerou Latinus, pai de todos os Latinos;
Mas ainda isto os Helenos contrariam,
Dizem Latinus ser um filho de Odysseus,
Ou Ulysses, com Circe em comunnhão
E desse modo cantam diversos hinos
E novos versos os Gregos comporiam,
Mas sem sobrar espaço nestes meus!...
Fontes:
Avienus, Apolodoro, Estrabão, Asclepíades de Mirtéia, Silius Italicus, Diodoro
Sículo, Heródoto, Ovídio, Tito Lívio, Propércio, Virgílio, Plutarco, Verrius Flaccus,
citado por Servius, Pausânias,
Aurelius
Victor e Dionysios apud Robert Graves
RETRATOS DA ALMA I – 4
MAIO 21
inversamente desse
Dorian Grey,
cujo retrato somente
envelhecia,
em algum canto da
mente se acharia
outro retrato, que
seria o nosso rei;
um tal retrato da alma,
eu te direi,
todos os nossos
malfeitos recebia,
nossas doenças e dores
sentiria,
mas marca alguma na
face encontrarei;
sendo de índole mais
espiritual,
igual que espelho
então se mostraria
e para o rosto natural
refletiria
cada mangra que
turbasse seu semblante
só aparecendo na face material,
toda a pureza a
guardar no seu descante.
RETRATOS DA ALMA II
não saberei dizer se
há mais justiça
em tantas rugas a te
cortar a face,
que se no rosto da
alma se estampasse
cada sinal de tua
diária liça;
que se cobrisse a alma
de preguiça
e teu rosto natural
não se amalgasse,
que a defesa da alma
disfarçasse
toda a maldade que teu
peito atiça.
boa parte da humana
decadência
não nos decorre de
vícios ou demência,
mas tão somente da
insistência no viver,
já nossos ossos tendo
menor potência,
o sol e o vento a te
roer a essência,
mesmo não sendo
demasiado o padecer.
RETRATOS DA ALMA III
porém é certo que o
corpo desce à terra
e se presuma que a
alma suba ao céu;
pesado sendo em
demasia seu véu,
talvez não voe além de
alguma serra;
onde teu corpo em algum
lugar se enterra,
ficaria a alma assim
pairando ao léu,
pesada por demais,
qual se um arpéu
a prendesse ao local
que a carne encerra;
cada ruga da alma qual
anzol,
descendo a velha em
aparente juventude,
ao sepulcro em que não
acha mais farol,
não seria bem maior
nossa revolta?
nelhor que os traços
da velhice não se ilude
e pode a psique
ascender em luz envolta!
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