Felinos 4
Depois que eles
alcançam o outro mundo,
Ficam à
espreita de um novo manjar,
Como a carne
impedirá o seu voar
Precisam de
gosto mais leve e mais profundo.
Esse é o
segredo de seu olhar jocundo,
Quando de noite
o vemos rebrilhar:
É o olhar da
tocaia a preparar,
É a espreita de
um corpo moribundo.
Quando a alma sobe,
é como uma criança
Inerme e fraca,
mas cheia de esperança
De que algum
anjo surja a lhe amparar
E é então que
da nuvem salta o gato,
Abre os bigodes
sem espalhafato,
Antecipando
esse sabor que vai gozar!
Felinos 5
Por isso, não
permitas em teu lar
Um desses
assassinos inocentes,
Caso haja
moribundo ou alguns doentes,
Que eles se
aninham, prontos a espreitar.
Ao outro mundo
passam, sem miar,
E lambem essas
almas complacentes,
Estão fracas
demais e a seus parentes
Nada podem
dizer nem se explicar.
Até julgam que
o gatinho é carinhoso,
Que é gentil em
fazer-lhes companhia
E os saudáveis
vão tratar da própria vida,
Sem saber que o
sentinela é malicioso
E apenas se
prepara, em zombaria,
Para o bote
final na desvalida!...
Felinos 6
Há séculos
demoníacos pastores
Nos acalentam e
conduzem, complacentes,
Para ser de
seus banquetes sortimento.
Não acompanham
apenas estertores,
Pois são eles
que provocam acidentes
Para levar a
seus amos provimento.
E neste mundo,
um aspecto gentil
Eles assumem,
em tão meiga ilusão,
Que os humanos
lhes abrem coração
E lhes dão o
sustento em dom servil...
Igual que o
gado que nos serve leite
Ou nos permite
esquilar-lhes toda a lã,
Sem perceber
que ao final de todo o afã,
Mastigaremos suas
carnes com deleite!
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