terça-feira, 22 de dezembro de 2020



 

 

ADOSHI SHIKWA  I [28-4-10]

 

Sonhei com uma mulher de aspecto oriental,

que nos seus braços um filho acalentava.

"Adoshi Shikwa" lhe murmurava,

movida assim por seu carinho maternal.

 

Sei que dizia "Calma!" ou outro qual-

quer termo do consolo que lhe dava...

Eu procurei o que significava,

não achei em parte alguma, no final...

 

Mas essa estranha mulher, que não me via

e nem no sonho sabia quem eu era,

tem algo a ver com meu próprio futuro,

 

ou vem de meu passado.   Ou não seria

relembrada após o sono, nessa cera

que nos derrete até o sonho mais puro.

 

ADOSHI SHIKWA II

 

Quem me diria o que significa,

entranhado nas camadas do inconsciente,

o "Adoshi Shikwa" que, de repente,

me chegou à memória, nesta tarde...

 

Nesse ressaibo que do sono fica

tão raras vezes, que ao sonho indiferente

é a consciência diária mais frequente,

que os fios do sono raramente carde.

 

Fica somente como um véu de lã,

esquilada num canto da memória,

sem recordarmos sequer minimamente...

 

Mas "Adoshi Shikwa", no teu afã,

meu inquieto coração, cheio de história,

que tudo busca saber intensamente...

 

ADOSHI SHIKWA III

 

Não irei longe nesta nostalgia:

essa mulher nunca foi o meu amor

e, se amor tem, é que ama com ardor

esse pequeno ser que balbucia...

 

"Adoshi Shikwa", murmura e fia

o que não esqueci no meu labor:

são filamentos de meu sonho em cor,

ou realmente essa mulher havia

 

ou ainda existe presa em qualquer mundo?

Como as tramas do tempo se entremeiam

com as lascas do espaço dissolvido!...

 

"Adoshi Shikwa"... é o som profundo

com que meus lábios a mente te rodeiam,

por toda a dor que em vida tens sofrido!...

 

 

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