TEILHARD
DE CHARDIN I – 6 FEV 2020
O
Padre Teilhard de Chardin, francês,
que
também foi cientista e paleontólogo,
além
de ser filósofo e teólogo,
um
desses gênios que raramente vês,
desafiou
muitas coisas em que crês
por
dogma eclesiástico ou de biólogo,
condenado
também por psicólogo,
para
os medíocres genial demais talvez...
Ele
esforçou-se por conciliar a ciência
com
a religião e ao “original pecado”
pôs
em dúvida engenhosa com tratado,
reconhecendo
que a científica experiência
e a
narrativa do Gênesis coincidiam:
não
é de admirar que o perseguiam!...
TEILHARD
DE CHARDIN II
Foi
então Chardin exilado para a China
pela
cúpula jesuíta, destinado à pregação,
mas
logo se envolveu na escavação,
da
descoberta de fósseis teve a sina
e
como paleontólogo, se inclina
a
apoiar a darwiniana evolução,
com
um viés voltado à mutação
que
DeVries, sem discordar, assina.
E
justamente foi esta coincidência,
tendo
certeza de que nenhum plágio houvera,
mas
que Wallace também a fora conceber
de
forma independente; e com paciência
pôs-se
a pensar em como a ideia neles gera,
sem
o trabalho uns dos outros conhecer...
TEILHARD
DE CHARDIN III
Assim
surgiu a sua maior contribuição,
a
Noosfera, uma troca exponencial
do
pensamento de nós todos, afinal,
que
envolve todos em concentração,
a
atividade do Nous: a criação
só é
possível de forma espiritual,
porque
baseada no vasta manancial
das
ideias que do passado chegarão.
“Os
ombros de gigantes”, mencionados
por
mais de um cientista inovador,
pois
afirmaram estar neles sentados,
do
mesmo modo que o pensamento atual
que
repentino surge algures com fervor,
ao
mesmo tempo, em cientista original.
TEILHARD
DE CHARDIN IV
Assim
se explicam as grandes invenções,
das
quais é a melhor sempre adotada,
cada
qual das demais só mencionada
como
surgida em simultâneas ocasiões,
mas
sem de plágio existirem suspeições,
uma
ocorrência comum e inexplicada;
dizem
que surge ao estar já preparada
a
humanidade para tais aceitações...
E
mais ainda, o pensamento coletivo
é
como a vida, uma esfera bem real,
a
qual pode acessar o subconsciente,
para
clara inspirar cérebro ativo,
toda
a ciência e tecnologia material
e
toda a arte que nos surge diariamente.
VLADIMIR VENADSKY I – 7 FEV 20
Teve Teilhard de Chardin um
precursor,
que com Mendelejeff quando jovem
estudou,
Vladimir Venadsky qualquer coisa
imaginou,
do termo “noosfera” talvez sendo o
criador,
na Terra havendo sistema
auto-regulador
e esférico em sua forma, ele afirmou,
mas em uma força geológica pensou,
que ao orbe inteiro dará o seu
pendor.
Assim a vida transformou o mar
e a vegetação a terra inteira
e os animais, como força derradeira,
cada ponto do planeta a influenciar,
se para bem ou para mal é
indiferente,
extrema a atividade assim potente.
VLADIMIR VENADSKY II
Porém sua obra finalmente publicou
sob um nome diverso, a Biosfera,
uma ideia que Edvard Suess já
tivera,
de que o reconhecimento assim
facilitou;
sendo um geólogo, Suess afirmou
que em torno do planeta então
houvera
uma camada semelhante a esfera,
depois que a vida todo o globo
dominou.
Surgindo então o mundo das ideias
para Venadsky, Tecnosfera
temporária,
uma espécie de Cerebral Galáctica,
mais que o planeta a abranger tais
odisseias;
seria a Era Psicozóica, a que
contrária
segue a ciência, em oposição
enfática...
VLADIMIR VENADSKY III
Seria esta do Tempo uma Função,
desenvolvida apenas lentamente,
na medida do multiplicar da gente
e de seus voos de imaginação;
eventualmente seus seguidores até
são
inclinados a consequência mais
premente,
que a Terra fosse assim moldada
totalmente,
na medida em que suas crenças
mudarão.
Que tempo houve em que a Terra plana
fora
e que a cobria um céu de estrelas
presas,
para depois se a imaginar como
redonda
e que essa Tecnosfera, desde o
outrora,
foi dando origem a mais vitais
certezas,
pela maré de tal humana onda!...
VLADIMIR VENADSKY IV
Mesmo afastada de nós tal fantasia,
Yves Chavallard imaginou a
Transposição
Didática, indo ao aluno da
intelecção
Do professor, que assim o
instruiria;
mesmo a Teoria dos Números envolvia
de Ludvik Fleck nova suposição,
a Teoria do Fato Científico, em que
estão
incluídos todo dogma e heresia...
E Mocatino, também recentemente,
imaginou a Lógica da Probabilidade
e das Hipóteses com o Princípio da
Incerteza,
que inclui o universal subconsciente
e em cada mente criaria com firmeza
a Noosfera ideal mais permanente...
A
PENA DA PENA I – 8 FEV 20
Peço
perdoem-me qualquer inexatidão,
Métrica
e Ritmo mais importam na poesia
e a
alguma Rima lugar sempre deixaria,
dando
à Cesura sua verdadeira posição,
mas
os fatos essenciais aí estão,
ninguém
a crer na Noosfera obrigaria,
grata
que seja à minha fantasia,
de
tantos versos a dar explicação.
Se
como de Venadsky sugerem seguidores,
acessá-la
para mim é bem possível,
talvez
dormindo... ou então, é o contrário,
saem
dessa Noosfera os meus pendores,
que
a mim acessam com vigor irresistível
e me
forçam a transmitir esplendor vário.
A
PENA DA PENA II
Ou
talvez, para mim seja a Onirosfera, (*)
em
que penetro plenamente voluntário
e
nela gozo de seu encanto multifário
que
tanta vez já mencionei em antiga esclera;
quantos
sonhos de prazer que nalma gera
esse
acesso a tal mundo tributário...
Como
posso esperar que algo tão vário
contido
esteja na cerebral esfera...?
(*)
Esfera dos Sonhos, oposta à Esfera dos Pensamentos.
Porém
não sei quanto do onírico haverá
na
Noosfera de tantos pensamentos
que
do passado surgem permanentes,
quando
filósofos e historiadores se lerá:
há
muito mais do que simples sentimentos
nesses
poemas a brotar impertinentes...
A
PENA DA PENA III
Assim
só posso me referir à compulsão
que
não parece brotar-me do interior;
bem
lá de fora então se encontra o provedor,
rascunhos
da nuvem a brotar sem compaixão
são
que compelem os músculos da mão,
de
seu intenso caligrafar senhor,
de
outras tendências feroz afastador,
quando
lança sobre mim a obrigação.
A
pena assim percorre o seu castigo,
em
cada verso a se cumprir a pena,
pena
não tendo de mim o estranho amigo,
seja
quem for, que controla o meu perigo
e me
protege solitário sobre a cena,
nesse
labor que completar jamais consigo!...
ESPOLIADORA
I – 9 FEV 20
Roubaste
meu fantasma e ando sem sombra
nos
meandros do mundo. Saio à noite
por
mais que seja frio do vento o açoite,
os
dias permaneço no abrigo de minha alfombra.
Não
quero que me vejam quando alumbra
a
clara luz do dia em que me afoite,
só
mesclado de outras sombras meu acoite,
tanto
menor sendo o escândalo que assombra,
porque
é dificil viver sem ter imagem,
sequer
meu corpo reflete a luz do sol,
mas
tão somente a das lâmpadas elétricas;
por
pura sorte não me pensam ser miragem
pois
para muito poucos sou farol
e
nem percebem de meu rosto as faces tétricas.
ESPOLIADORA
II
Muito
mais sorte teve aquele personagem
que
Von Chamisso esculpiu com seu buril
na
“Estranha História de Peter Schlemihl”,
o
pobre idiota que sofreu por tal bobagem,
vendendo
a sombra ao diabo, com coragem,
que
em absoluto não o fez por preço vil,
mas
a alma recusou-lhe, num ato senhoril:
“Só
quero sombras nesta minha passagem.”
E
lhe repassou certa bolsa de dinheiro,
repleta
sempre com ouro verdadeiro,
não
esse “ouro de fadas” sorrateiro,
mas
semelhante à cornucópia da abundância;
ao
enfiar-lhe a mão, em cada instância,
moedas
nobres retirava em real constância.
ESPOLIADORA
III
Em
caso algum esse dinheiro recusaram,
sabe-se
lá como o repunha o diabo,
de
que tesouro, de qual túmulo nababo,
de
quais almas que com ele traficaram.
Não
foi de forma comum que o castigaram.
só
se escondia esse Schlemihl que agora gabo,
mas
dessa lenda se afirmava ao cabo
que
numa caverna do Egito o encontraram.
Mas
eu, senhora, não tive prata ou ouro
nem
pela sombra, nem em troca do fantasma,
sequer
a luz solar daí em diante me abrigou.
Ela
se foi e foi com ela o meu tesouro...
Por
mim a sombra até levasse... O que me pasma
é
que de fato ela partiu e não voltou...
NEGAÇÃO
I – 10 FEV 2020
Já
não me serve sequer de paliativo
esse
minúsculo laivo de esperança,
que
tive um dia, miasma de bonança,
que
apenas visitou-me sem motivo.
Não
foi fantasma sequer, nem lenitivo,
sendo
mais pueril desejo de criança,
querendo
o mundo ter em sua pujança,
até
crescer e perceber como é passivo
todo
o desejo de possuir a carne e o sol,
que
prediletos têm as circunstâncias
e
a tais elevam num triunfo aleatório.
Esse
teu rosto foi dilúculo em arrebol,
que
perdi no tribunal dessas instâncias
que
prolataram por um outro peditório...
NEGAÇÃO
II
Em
tempo hábil não apresentei a queixa,
nem
denunciei quem a sombra me roubara;
ao
perceber que para mim não retornara,
fiz
a denúncia após decurso dessa endeixa...
Como
prova apresentando só madeixa
de
minha sombra que nas mãos deixara,
apertadas
por mim de forma ignara,
que
era apenas barregã, jamais a gueixa
com
que havia sonhado e que zombara
de
que algum preço pela sombra me pagara
e
muito menos por meu pobre fantasma...
que
prova eu tinha, além de haver perdido,
que
ela tivesse o meu bem tão mal havido,
senão
um vídeo no cerebral quiasma?
NEGAÇÃO
III
Nem
então, nem hoje, se aceitaria como prova,
nem
no presente há impressora em 4D,
que
o passado em gravação nos dê...
Salvo
em abrir-me na testa funda cova,
em
que do cérebro meu quiasma se remova,
e
retirassem essa parte em que se vê,
gravada
a imagem nas redes qual tevê,
que
diariamente se gera e se renova...
assim
perdi a questão em toda a linha
e
mesmo comprovando o que ela tinha
contra
mim feito, como o iria recobrar?
De
que maneira embrulharia esse fantasma,
qual
recipiente para a sombra pasma,
se
eu só queria era vê-la retornar...?
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