CONSELHO PARA MIM I – 5 dez 19
Apenas quem te ame te pode compreender,
meu bom amigo e, enfim, perdoar-te o teu querer,
tão solitário e mudo no mesmo distender
da carne pelo ideal, da mente por dever.
Apenas quem te ame e queira dar-te abrigo,
tomar-te sob as penas, livrar-te do perigo,
que trazes dentro d'alma, que já nasceu contigo,
que nunca rebrotou, que já morreu de antigo.
Apenas quem te ame e veja tudo e queira
amar-te mesmo assim: amar-te pela poeira
que trazes aos cabelos, a poeira derradeira.
Apenas quem te ame e o mesmo ideal pressinta,
apenas quem te ame e igual rancor não sinta,
e por te querer bem, de ti não mais requeira...
CONSELHO PARA MIM II
Somente existe amor inicial e verdadeiro,
que nos primeiros anos se formou primeiro,
amor egoísta de brinquedo e paradeiro,
amor enfim, que esvai-se o derradeiro...
O amor materno, com todo o seu carinho,
santifica a criança em seu bercinho;
o amor paterno, já mesclado a espinho,
pretendo o filho orientar em seu caminho.
Mas em seus primeiros anos, a criança
só pensa em si e como achar bonança,
sem empatia real por quem alcança,
sendo somente através da educação
ou por social e estúpido empurrão
que encontrará sua verdadeira posição.
CONSELHO PARA MIM III
E quem se pode esperar que mais nos ame,
que para nossa menor ânsia se conclame,
honestamente a atender cada reclame,
senão quem porta o nome que nos chame?
Cada um de nós tem seu vezo individual,
mesmo altruísta em fervor espiritual,
atender precisará sua exigência material,
envolvida em seu fragor sentimental.
Portanto, não te julgues o arlequim,
pensando achar alguém que te ame assim,
da mesma forma intensa até o fim
como amas a ti mesmo e te compreendes,
essa tua busca de amor completa entendes
e mesmo a ti quantas vezes te surpreendes?
RESSALVA I – 6 dez 19
no entretanto, como este ardor
abrasa
minhalma mesma e tanto me
espicaça!...
eu bem quisera furtar-me ao
fado e à taça
comum da humanidade, que se
atrasa
por tanta pressa ter, mas tão
ansioso
por retomar-Te o amor tão
generoso
que me demonstras, que Teu
beijo saboroso
seja só meu no mesmo jogo
buliçoso,
que me atolo no fogo do sarçal
do Teu estranho ardor, tão
virginal,
e ao mesmo tempo de esplendor
carnal,
qual virgem fosses, e não
mulher arfante
que sabe quanto quer, num gozo
lancinante,
enquanto me concede um orgasmo
cintilante!...
RESSALVA II
E nessa ânsia, assim, de Te
possuir,
ao ver que o mesmo desejas
conseguir,
eu fico a me perder no ir e vir
do egoísmo meu e em altruísmo
agir,
sabendo bem não ser criança
mais,
sabendo tens iguais desejos
naturais,
a pesar meu, sentido por demais
amor por Ti em desejos
materiais,
ao perceber como a Ti mesma
amas
quando ao amor ansiosa me
conclamas,
em Teu egoísmo igual ao meu Te
irmanas,
pois só desejas que eu Te possa
pertencer
no mesmo grau que sinto no meu
ser,
que a mim somente demonstres
Teu querer.
RESSALVA III
deste modo, todo amor é sempre
egoísta,
por mais demonstre atitude de
altruísta,
qual um político do poder quer
a conquista
e em conservá-lo todo o esforço
invista,
assim eu quero Te chamar de
minha,
que a cada nova manhã que se
avizinha
eu sinta a sístole que Teu
peito então continha
seja a diástole que no peito
meu se alinha;
e ao mesmo tempo, percebo por
igual
que o Teu desejo por mim é
material,
de me prender no egoísmo
individual;
tudo pensado, um egoísmo outro
convida,
nessa ressalva que em dois
peitos tem guarida
e que nos possa agrilhoar por
toda a vida!
ESCOLHA I – 7 dezembro 2019
Os homens se revelam nos animais que amam,
Se lhes servem de amigos, se apenas utilizam
Sua carne, seu perfume, seus pelos, se estilizam
Uma gaiola d'oiro aos pássaros que escolham.
E a mulher se revela naqueles que reclamam
Mais atenção e afeto, assim gatos a visam
Quais mascotes naturais, dela precisam
Tal qual crianças fossem, amor sem dar lhes tomam.
Considerando tudo, sermos mascote obrigam
Os caprichos dos deuses: nos punem e castigam,
Sem nos dizer porquê; e igual nos dão amor...
Se devo ser mascote, prefiro outro destino:
Entrego-me à mulher, no puro desatino
De terminar meus dias mascote de uma flor!...
ESCOLHA II
Será que alguma flor amor pode retribuir,
Senão na opalescência do perfume,
Esse brilho multicor em que resume,
Somente sendo, o escorço do porvir?
Mas é tão curto da flor seu reluzir!
Murcha no vaso, resseca em azedume,
Murcha no pé, quer sua semente rume
Para ultramar, algures a surgir...
Destarte, o meu amor subserviente,
Em seu desejo de altruísmo apenas
Esse destino alcança temporário:
Talvez a flor de orgulho complacente
Danse em meu peito por formosas cenas
E então parta a buscar outro sacrário!...
ESCOLHA III
Nunca se pode esperar de uma mulher
O mesmo amor sem condições de um cão;
Por mais gentil a demonstrar seu coração,
Retribuição maior de nós requer...
E se mascote ser de um gato ela quiser,
É justamente por lhe dar pouca atenção;
Jamais felino lhe prestará submissão:
Altivo aceita todo o amor que ela lhe der.
E como um gato ser não poderei,
Embora homem haja que assim seja,
Astuto a compreender como domá-la...
Mais como um cão então me portarei,
Sempre fiel no momento que se enseja,
Sabendo apenas quão melhor amá-la!
REBATE I – 8 dez 19
Amor e Esperança, que coisa mais antiga!
Temática batida, tais como são batidas
as emoções humanas; são sempre repetidas
enquanto a humanidade em seu andar prossiga,
cantando às gerações a perenal cantiga,
aos ouvidos dos jovens, idéias incontidas,
os velhos mastigando, em sagas percutidas,
deveres familiares a que a pátria nos obriga...
E é dele que se vive, desse amor renovado
pelo que não se tem, o prêmio cobiçado
que o passado redime, que nos traria bonança.
E é dela que se vive, desta triste esperança
por tantas frustrações colhidas no passado,
não mais que a luz esquiva que nos recusa o fado...
REBATE II
Pois geração assim a outra toca o sino:
dara o dever matrimonial alacridade,
para o dever dominical santa piedade,
para o dever final seu toque peregrino,
cada momento a repetir velho destino,
para o remate avançar da humanidade,
para a rebate chamar as tropas da cidade
a seu combate potencial contra assassino.
Então um sino rebate para amor,
porém notamos perdido seu badalo;
por mais que puxe o sineiro com fervor,
não tange o sino com igual ardor;
contudo, amor eu busco e não me calo,
meu próprio canto a badalar com estridor!
REBATE III
Pois novamente toca-se o rebate
para quem mais que o amor, busca o poder;
o sino tange para as tropas lhe trazer,
quer de soldados, quer de votos açafate,
na esperança de travar combate
e adversários conseguir vencer;
talvez na luta ninguém chegue a perecer,
mas certamente a concorrência abate.
Mas a tal pugna permaneço alheio,
poder não quero, sequer glória ou fama,
somente espero o filme ver passar,
minha esperança a proteger no seio
desta minha arte que do peito se derrama
e que só quero ver ao longe se espalhar.
SINGSONG
NOT
MUCH IS LEFT
FROM
WHAT I THOUGHT,
I
FEEL BEREFT
FROM
ALL I SOUGHT.
SO
MUCH IS CHANGED
FROM
FIRST INSIGHT,
MY
MIND IS SINGED,
MY
HURT IS BRIGHT.
WOMEN
FICKLE BEINGS,
NEVER
TO BE TRUSTED,
HEARTS
IMPREDICTABLE,
FEISTILY
UNKNOWABLE,
LIKE
FRESH SPRINGS,
ONLY
TO BE LOVED.
CLOSURE
In fact, you are right, I have spent
far too much time, and then neglected
interest and duty; alike disrespected
those inclinations to which I had lent,
in former times, pledge and allegiance.
'Tis time to withdraw, to break camp,
to douse the fire, to turn down my lamp,
to close my book and initiate an
instance
into which no more good money shall be
sent
after bad, and to stopper heartbreak,
worry no more for deed inconsequent
brought forth from you; and then, repent
the very withdrawal, if you take
the hurtful words back... and thus
consent.
EMPTINESS
I feel no torment, taste but boredom
for things told once and then repeated,
for pledges made once and then
completed,
for freedom swapped vainly for
thralldom.
There is no reason left for insisting,
all has been said, has been told again,
remarked and experienced, for no gain.
no breakthrough in mind so resisting.
There is nothing to do, the wait is done,
reason to wiles submit no more:
where Nothing were, Nothing there is to
part;
where Nary was made, Nary's to be
undone.
My hands grasped Nothing, and galore
is that Nothing brought in to fill my
heart.
Nenhum comentário:
Postar um comentário