TRANSMISSÃO I – 29 FEV 2020
Existem muitos, por qualquer
motivo,
Que parecem apreciar a minha poesia,
Pela temática, talvez, pela harmonia,
Talvez saudade em coração cativo...
Eu certamente espero que prejuízo
A ninguém cause, mesmo a heresia
Que alguns contêm, de fato, sem valia,
Pensando bem, motivo mais de riso...
Mas como tantas vezes já falei,
Talvez com certo grau de leviandade,
Não acredito ter responsabilidade
Por esses versos que antes lhes mandei:
São versos prontos, que me brotam do inconsciente
Coletivo ou então da noosfera surpreendente...
TRANSMISSÃO II
Quando os redijo, só cumpro o meu dever:
Se fui julgado ser bom transmissor,
Quem sou eu a contrariar o julgador,
Seja quem for que derramá-los quer...
Algumas vezes, Dionysos vem-me ver,
Para envolver-me em seu canto embriagador;
Noutros momento, faz-se Apollo meu senhor,
Versos mais sérios fazendo-me escrever.
Sinto humildade ao acessar tão grão tesouro,
Reserva vasta que conserva a Onirosfera
E sobre um banco de nuvens eu me assento,
E vou deixando penetrar por entre o couro
De meu cérebro a longa fila dessa espera,
Triste e encolhida do sonho num relento.
TRANSMISSÃO III
Porém me espanto desta minha freguesia:
Quantos dispõem-se a escutar,
conformes,
Os meus sonetos de produção enormes,
Que nem eu sei se de muitos lembraria...
Talvez é em transe que me etilizaria,
Os versos redigindo, multiformes,
Em mensagens tão diversas, desconformes
Com tantas outras que igualmente enviaria...
Surpreendido por mim, todos bebi;
Se embriaguei-me, não foi porque pedi
Tais dons maciços de canção e verso,
Só embriaguei-me por lembrar-me aqui
Dos tempos loucos que em beijos me disperso
Nesses licores que só vêm de ti!...
SANTA COVIÍDIA I – 1º MAR 2020
Rendo homenagem a Santa Covídia de Shanghai,
essa freira “pandemiana” assassinada,
por recusar-se a ser inoculada
com esse vírus que lá da China sai!...
Não levo muito a sério o quanto vai
sendo dito por aí, se é comparada
àquela Gripe Espanhola desgrçada:
não é tão forte, portanto, sossegai!...
Minha avó e minhas tias me contavam
que os mortos na calçada enfileiravam,
cobertos com lençóis, em sua cidade,
que era Pelotas, mas já cem anos faz,
dois milhões só no Brasil, muito rapaz
e muita moça em total rapacidade!
SANTA COVÍDIA II
Esta de agora dizem preferir os velhos
ou os doentes de qualquer grupo de risco,
mas pelas ruas da cidade ainda me arrisco,
seus sintomas a procurar em meus espelhos...
Na nuca presa por um par de relhos,
uso essa máscara e por trás dela só pisco,
antes que da Pandemia chegue o fisco,
a me cobrar o imposto dos artelhos...
Sei que é por isso que a máscara indicaram:
há menos rugas ao redor dos olhos
e se cobrires bem a tua cabeça,
os teus cabelos brancos se ocultaram
e assim os velhos evitam tais escolhos,
à Pandemia pregando alegre peça!...
SANTA COVÍDIA III
Antes rir do que chorar, velho ditado,
em cada coisa se encontra uma ironia,
se da China nos mandaram pandemia
e meu protesto perturba esse mercado
com parceiro comercial tão refinado,
mas que na Rota da Seda enviaria
cada moléstia que o Ocidente atingiria,
até o sarampo para a Europa foi levado!
Sem se falar dessa sífilis horrenda
e quantas outras mais que nos mandaram
e foi assim que Santa Covídia eles mataram,
por
sua recusa, transmissora então não sendo!
Mas não importa, que outros trazem num vidrinho
E vem o vírus espalhar devagarinho!
TURÍBULOS I – 2 MAR 20
São os turíbulos sagrados fogareiros,
para a queima de incenso destinados
nas igrejas; e em momentos consagrados
fumaça soltam de atraentes cheiros...
Muitos incensos
há, alguns fagueiros,
outros mais sérios, em nada adocicados;
turíbulos sendo pouco a pouco balançados,
para o perfume ao redor soltar ligeiros...
São como
aquelas suaves campainhas,
que são tocadas
nos momentos mais salientes
da Eucaristia, em badalar plangentes...
a atenção a
chamar se as ladainhas
começam já congregação a adormecer,
sem a devida atenção lhes conceder...
TURÍBULOS II
Tais cerimônias vêm desde o paganismo,
pois turíbulos já empregavam os Helenos
e dos Romanos os pontífices serenos
os badalavam como forma de exorcismo
desse mau cheiro das vitimas no sismo
de suas degolas, do sangue dos pequenos
e das entranhas recendentes a venenos
das grandes rezes a imolar em tais modismo.
Mesmo os Hebreus faziam sacrifícios
de animais consagrados a Jehovah,
descendo o sangue direto por canal,
para adubar, em grandes benefícios
aquelas hortas e pomares que então há,
que beber sangue era um pecado capital!...
TURÍBULOS III
Mesmo entre nós não são apenas os cristãos,
também maçons em seus cerimoniais
e os umbandistas os empregam muito mais,
que incenso vendem em muitas variações.
Também no Oriente, entre as muitas religiões
o incenso ainda se queima em cabedais,
entre os Hindus e o bramanistas compactuais
com o deus supremo e sua Trindade em orações.
E são ainda utilizados por budistas,
seus turíbulos de forma diferente,
que sacudidos zen
deixam muita gente,
ou igualmente por Japoneses xintoístas,
como um louvor ao deus do Sol-Nascente,
o Imperador, com seu poder sobressalente!
TURÍBULOS IV
Mesmo os Chineses de pendor mais maoísta
ainda os sacodem sobre as tumbas ancestrais,
com os alimentos a servir nos funerais,
para um repouso eterno abrindo a pista...
Só que hoje em dia, esse governo comunista
para turíbulos achou empregos materiais:
eles disfarçam os esparramos triunfais
desse vírus com que o mundo se conquista!
Mesmo em formato diverso e mais pequeno,
nessa fumaça redolente de vapor,
existe vida para nos semear a morte!
O seu incenso de covídico veneno,
que no Ocidente propagam com ardor,
nossa hecatombe a causar de grande porte.
COINCIDÊNCIA I – 3 MAR
20
Hoje nasceu, anos
atrás, a minha irmã
e muitos anos
depois, esse primeiro
de meus filhos do
mesmo dia parceiro,
sem que por isso
tivessem grande afã.
Na verdade, será que
alma cristã
escolhe o dia, os
pais e o paradeiro,
igual que brâmanes
afirmam ser certeiro,
mesmo Siddharta
amarrando fios de lã
para reunir os seus
futuros pais,
que lhe dariam as
melhores condições
para cumprir na vida
a sua missão,
embora nós, tão
inferiores e mortais,
só possamos escolher
obrigações
e então cumpri-las
com abnegação.
COINCIDÊNCIA II
Provavelmente, não
foi mais que coincidência,
mas a teosofia e
versões do espiritismo
ainda afirmem, na
insistência do verismo,
que as almas
reencarnam com veemência,
em certos grupos de
espiritual potência,
atraídos pelos graus
de um afinismo,
trocados os papéis
em tal modismo,
mas sempre juntos em
eterna recorrência...
Quem nos dirá? Se foi então tudo casual,
se coincidências não
dependem de tal mistica,
mas são apenas consequências
da estatística,
sem instruções
arcanas de um fanal,
pois tais eventos só
nos chamam a atenção,
porém presságios de
fato não serão...
COINCIDÊNCIA III
Depois desses houve
muitos nascimentos
em minha família, mais
nenhum a coincidir,
vieram em datas
espaçadas a fluir,
tampouco as mesmas
dos falecimentos...
Seriam então opostos
tais portentos,
qual Mega-Sena em
mágico iludir,
saindo os números
que ninguém fôra pedir,
assim negando mil
proféticos assentos...
Só a Mega da Virada afirmando
a obrigação
de a alguém conceder
a premiação,
mesmo sem todos os
quadrinhos acertar...
e desse modo,
conserva-se a questão:
por que minha irmã
decidiu logo escolher
o mesmo dia em que
meu filho foi nascer...?
LOBOS
NA NOITE I – 4 MAR 20
FANTASMAS
VÊM DO NADA E PARA O NADA,
DESAPARECEM
SEM SOM OU MOVIMENTO,
SÃO
ROSTOS DO PASSADO OU, NUM PORTENTO,
CEM
FACETAS DO JAMAIS EM REVOADA.
SÃO
OS SEMBLANTES DE FEIÇÃO DOURADA
QUE
AVISTEI NO PASSADO, EM SOFRIMENTO
OU
FISIONOMIAS DE UM ÚNICO MOMENTO
QUE
SOMENTE IMAGINEI NA MENTE ALADA?
MAS
COMO ME PERSEGUEM ESSES ROSTOS!
E
NEM SEQUER NO IMAGINAR OS VEJO,
PORÉM
CONFORMO EM MEU PRESSENTIMENTO,
ESSAS
FACES QUE PRESIDEM MEUS DESGOSTOS,
QUE
ASSASSINAR EU QUERIA, NO MEU PEJO,
MAS
QUE SE INSEREM A DOMINAR MEU PENSAMENTO!
LOBOS
NA NOITE II
TALVEZ
TAIS FACES EM SONHOS ENCONTREI,
IMATERIAIS
E ONÍRICAS QUIMERAS,
MAS
PESADELOS NÃO TENHO NOS QUAIS FERAS
PUDESSEM
ME ASSOMBRAR QUANDO AS NOTEI,
MAS
CERTAS VEZES NA ONIROSFERA JÁ PASSEEI
E
TALVEZ LÁ TE ENCONTRASSE JÁ EM ESPERAS
E
DESTE MODO É A TUA IMAGEM QUE ME GERAS,
QUANDO
ACORDADO E SURPRESO RECORDEI;
QUANTO
A RECORDO, MAIS QUERO CONSERVÁ-LA,
MAS
ENCARADA, TODA A IMAGEM JÁ SE ABALA
E
SUAS FEIÇÕES NÃO CONSIGO DISCERNIR,
NÃO
OBSTANTE, PERMEIO AO DEVANEIO,
TORNA
E RETORNA, COM CERTO RECEIO,
JÁ
QUE NOS SONHOS DESSA NOITE A ABANDONEI.
LOBOS
NA NOITE III
MAS
QUANDO DIGO QUE IMAGENS ME PERSEGUEM
É
QUE OUTROS ROSTOS EU VEJO ALÉM DO TEU,
QUE
NA NOOSFERA SOMENTE SE FEZ MEU,
EMBORA
OS OUTROS DIREITO IGUAL ALEGUEM;
ASSIM
ME ESPANTAM AS CEM FACES QUE ME SEGUEM,
TALVEZ
PROVINDAS DE UM PASSADO QUE ME ARDEU
OU
DE UM FUTURO QUE NÃO SE CONCEBEU,
CUJOS
FANTASMAS PERSISTENTES LEGUEM;
MAS
SOMENTE ESSE TEU VULTO EM DESEJARA,
A
CADA VEZ QUE OS OLHOS EU FECHASSE,
QUE
ME BAILASSE AMOROSO NA RETINA,
PORQUE
TEU ROSTO DESCONHEÇO, MAS AMARA,
MUITO
MAIS QUE OUTRO PRESENTE DESEJASSE,
FANTASMAGÓRICA
E PERPÉTUA NA MINHA SINA...
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