sexta-feira, 25 de dezembro de 2020


 

 

TRANSMISSÃO I – 29 FEV 2020

 

Existem muitos,  por qualquer motivo,

Que parecem apreciar a minha poesia,

Pela temática, talvez, pela harmonia,

Talvez saudade em coração cativo...

 

Eu certamente espero que prejuízo

A ninguém cause, mesmo a heresia

Que alguns contêm, de fato, sem valia,

Pensando bem, motivo mais de riso...

 

Mas como tantas vezes já falei,

Talvez com certo grau de leviandade,

Não acredito ter responsabilidade

 

Por esses versos que antes lhes mandei:

São versos prontos, que me brotam do inconsciente

Coletivo ou então da noosfera surpreendente...

 

TRANSMISSÃO II

 

Quando os redijo, só cumpro o meu dever:

Se fui julgado ser bom transmissor,

Quem sou eu a contrariar o julgador,

Seja quem for que derramá-los quer...

 

Algumas vezes, Dionysos vem-me ver,

Para envolver-me em seu canto embriagador;

Noutros momento, faz-se Apollo meu senhor,

Versos mais sérios fazendo-me escrever.

 

Sinto humildade ao acessar tão grão tesouro,

Reserva vasta que conserva a Onirosfera

E sobre um banco de nuvens eu me assento,

 

E vou deixando penetrar por entre o couro

De meu cérebro a longa fila dessa espera,

Triste e encolhida do sonho num relento.

 

TRANSMISSÃO III

 

Porém me espanto desta minha freguesia:

Quantos dispõem-se a escutar,  conformes,

Os meus sonetos de produção enormes,

Que nem eu sei se de muitos lembraria...

 

Talvez é em transe que me etilizaria,

Os versos redigindo, multiformes,

Em mensagens tão diversas, desconformes

Com tantas outras que igualmente enviaria...

 

Surpreendido por mim, todos bebi;

Se embriaguei-me, não foi porque pedi

Tais dons maciços de canção e verso,

 

Só embriaguei-me por lembrar-me aqui

Dos tempos loucos que em beijos me disperso

Nesses licores que só vêm de ti!...

 

SANTA COVIÍDIA I – 1º MAR 2020

 

Rendo homenagem a Santa Covídia de Shanghai,

essa freira “pandemiana” assassinada,

por recusar-se a ser inoculada

com esse vírus que lá da China sai!...

Não levo muito a sério o quanto vai

sendo dito por aí, se é comparada

àquela Gripe Espanhola desgrçada:

não é tão forte, portanto, sossegai!...

Minha avó e minhas tias me contavam

que os mortos na calçada enfileiravam,

cobertos com lençóis, em sua cidade,

que era Pelotas, mas já cem anos faz,

dois milhões só no Brasil, muito rapaz

e muita moça em total rapacidade!

 

SANTA COVÍDIA II

 

Esta de agora dizem preferir os velhos

ou os doentes de qualquer grupo de risco,

mas pelas ruas da cidade ainda me arrisco,

seus sintomas a procurar em meus espelhos...

Na nuca presa por um par de relhos,

uso essa máscara e por trás dela só pisco,

antes que da Pandemia chegue o fisco,

a me cobrar o imposto dos artelhos...

Sei que é por isso que a máscara indicaram:

há menos rugas ao redor dos olhos

e se cobrires bem a tua cabeça,

os teus cabelos brancos se ocultaram

e assim os velhos evitam tais escolhos,

à Pandemia pregando alegre peça!...

 

SANTA COVÍDIA III

 

Antes rir do que chorar, velho ditado,

em cada coisa se encontra uma ironia,

se da China nos mandaram pandemia

e meu protesto perturba esse mercado

com parceiro comercial tão refinado,

mas que na Rota da Seda enviaria

cada moléstia que o Ocidente atingiria,

até o sarampo para a Europa foi levado!

Sem se falar dessa sífilis horrenda

e quantas outras mais que nos mandaram

e foi assim que Santa Covídia eles mataram,

   por sua recusa, transmissora então não sendo!

Mas não importa, que outros trazem num vidrinho

E vem o vírus espalhar devagarinho!

 

TURÍBULOS I – 2 MAR 20

 

São os turíbulos sagrados fogareiros,

para a queima de incenso destinados

nas igrejas; e em momentos consagrados

fumaça soltam de atraentes cheiros...

 

            Muitos incensos há, alguns fagueiros,

outros mais sérios, em nada adocicados;

turíbulos sendo pouco a pouco balançados,

para o perfume ao redor soltar ligeiros...

 

            São como aquelas suaves campainhas,

            que são tocadas nos momentos mais salientes

da Eucaristia, em badalar plangentes...

 

            a atenção a chamar se as ladainhas

começam já congregação a adormecer,

sem a devida atenção lhes conceder...

 

TURÍBULOS II

 

Tais cerimônias vêm desde o paganismo,

pois turíbulos já empregavam os Helenos

e dos Romanos os pontífices serenos

os badalavam como forma de exorcismo

 

desse mau cheiro das vitimas no sismo

de suas degolas, do sangue dos pequenos

e das entranhas recendentes a venenos

das grandes rezes a imolar em tais modismo.

 

Mesmo os Hebreus faziam sacrifícios

de animais consagrados a Jehovah,

descendo o sangue direto por canal,

 

para adubar, em grandes benefícios

aquelas hortas e pomares que então há,

que beber sangue era um pecado capital!...

 

TURÍBULOS III

 

Mesmo entre nós não são apenas os cristãos,

também maçons em seus cerimoniais

e os umbandistas os empregam muito mais,

que incenso vendem em muitas variações.

 

Também no Oriente, entre as muitas religiões

o incenso ainda se queima em cabedais,

entre os Hindus e o bramanistas compactuais

com o deus supremo e sua Trindade em orações.

 

E são ainda utilizados por budistas,

seus turíbulos de forma diferente,

que sacudidos zen deixam muita gente,

 

ou igualmente por Japoneses xintoístas,

como um louvor ao deus do Sol-Nascente,

o Imperador, com seu poder sobressalente!

 

TURÍBULOS IV

 

Mesmo os Chineses de pendor mais maoísta

ainda os sacodem sobre as tumbas ancestrais,

com os alimentos a servir nos funerais,

para um repouso eterno abrindo a pista...

 

Só que hoje em dia, esse governo comunista

para turíbulos achou empregos materiais:

eles disfarçam os esparramos triunfais

desse vírus com que o mundo se conquista!

 

Mesmo em formato diverso e mais pequeno,

nessa fumaça redolente de vapor,

existe vida para nos semear a morte!

 

O seu incenso de covídico veneno,

que no Ocidente propagam com ardor,

nossa hecatombe a causar de grande porte.

 

COINCIDÊNCIA I – 3 MAR 20

 

Hoje nasceu, anos atrás, a minha irmã

e muitos anos depois, esse primeiro

de meus filhos do mesmo dia parceiro,

sem que por isso tivessem grande afã.

 

Na verdade, será que alma cristã

escolhe o dia, os pais e o paradeiro,

igual que brâmanes afirmam ser certeiro,

mesmo Siddharta amarrando fios de lã

 

para reunir os seus futuros pais,

que lhe dariam as melhores condições

para cumprir na vida a sua missão,

 

embora nós, tão inferiores e mortais,

só possamos escolher obrigações

e então cumpri-las com abnegação.

 

COINCIDÊNCIA II

 

Provavelmente, não foi mais que coincidência,

mas a teosofia e versões do espiritismo

ainda afirmem, na insistência do verismo,

que as almas reencarnam com veemência,

 

em certos grupos de espiritual potência,

atraídos pelos graus de um afinismo,

trocados os papéis em tal modismo,

mas sempre juntos em eterna recorrência...

 

Quem nos dirá?  Se foi então tudo casual,

se coincidências não dependem de tal mistica,

mas são apenas consequências da estatística,

 

sem instruções arcanas de um fanal,

pois tais eventos só nos chamam a atenção,

porém presságios de fato não serão...

 

COINCIDÊNCIA III

 

Depois desses houve muitos nascimentos

em minha família, mais nenhum a coincidir,

vieram em datas espaçadas a fluir,

tampouco as mesmas dos falecimentos...

 

Seriam então opostos tais portentos,

qual Mega-Sena em mágico iludir,

saindo os números que ninguém fôra pedir,

assim negando mil proféticos assentos...

 

Só a Mega da Virada afirmando a obrigação

de a alguém conceder a premiação,

mesmo sem todos os quadrinhos acertar...

 

e desse modo, conserva-se a questão:

por que minha irmã decidiu logo escolher

o mesmo dia em que meu filho foi nascer...?

 

LOBOS NA NOITE I – 4 MAR 20

FANTASMAS VÊM DO NADA E PARA O NADA,

DESAPARECEM SEM SOM OU MOVIMENTO,

SÃO ROSTOS DO PASSADO OU, NUM PORTENTO,

CEM FACETAS DO JAMAIS EM REVOADA.

SÃO OS SEMBLANTES DE FEIÇÃO DOURADA

QUE AVISTEI NO PASSADO, EM SOFRIMENTO

OU FISIONOMIAS DE UM ÚNICO MOMENTO

QUE SOMENTE IMAGINEI NA MENTE ALADA?

MAS COMO ME PERSEGUEM ESSES ROSTOS!

E NEM SEQUER NO IMAGINAR OS VEJO,

PORÉM CONFORMO EM MEU PRESSENTIMENTO,

ESSAS FACES QUE PRESIDEM MEUS DESGOSTOS,

QUE ASSASSINAR EU QUERIA, NO MEU PEJO,

MAS QUE SE INSEREM A DOMINAR MEU PENSAMENTO!

 

LOBOS NA NOITE II

TALVEZ TAIS FACES EM SONHOS ENCONTREI,

IMATERIAIS E ONÍRICAS QUIMERAS,

MAS PESADELOS NÃO TENHO NOS QUAIS FERAS

PUDESSEM ME ASSOMBRAR QUANDO AS NOTEI,

MAS CERTAS VEZES NA ONIROSFERA JÁ PASSEEI

E TALVEZ LÁ TE ENCONTRASSE JÁ EM ESPERAS

E DESTE MODO É A TUA IMAGEM QUE ME GERAS,

QUANDO ACORDADO E SURPRESO RECORDEI;

QUANTO A RECORDO, MAIS QUERO CONSERVÁ-LA,

MAS ENCARADA, TODA A IMAGEM JÁ SE ABALA

E SUAS FEIÇÕES NÃO CONSIGO DISCERNIR,

NÃO OBSTANTE, PERMEIO AO DEVANEIO,

TORNA E RETORNA, COM CERTO RECEIO,

JÁ QUE NOS SONHOS DESSA NOITE A ABANDONEI.

 

LOBOS NA NOITE III

MAS QUANDO DIGO QUE IMAGENS ME PERSEGUEM

É QUE OUTROS ROSTOS EU VEJO ALÉM DO TEU,

QUE NA NOOSFERA SOMENTE SE FEZ MEU,

EMBORA OS OUTROS DIREITO IGUAL ALEGUEM;

ASSIM ME ESPANTAM AS CEM FACES QUE ME SEGUEM,

TALVEZ PROVINDAS DE UM PASSADO QUE ME ARDEU

OU DE UM FUTURO QUE NÃO SE CONCEBEU,

CUJOS FANTASMAS PERSISTENTES LEGUEM;

MAS SOMENTE ESSE TEU VULTO EM DESEJARA,

A CADA VEZ QUE OS OLHOS EU FECHASSE,

QUE ME BAILASSE AMOROSO NA RETINA,

PORQUE TEU ROSTO DESCONHEÇO, MAS AMARA,

MUITO MAIS QUE OUTRO PRESENTE DESEJASSE,

FANTASMAGÓRICA E PERPÉTUA NA MINHA SINA...

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