AMORNAUTA
I – 13 MAR 2021
Um
dia adormeci sobre teu travesseiro:
Quando
acordei, havia inteiro penetrado
Entre
as felpas de algodão, encarcerado
Como
se fosse algum inseto interesseiro.
Contra
sonhos eu lutei desde o primeiro
Momento
em que me achei aprisionado,
A
combater teus pesadelos condenado,
Mas
cada sonho bom guardei-te inteiro!...
Mesmo
aqueles de que não participava,
Nos
quais te via beijando meus rivais,
Para
tudo que era bom te preservei,
Até
o momento em que a multidão me amava,
Armas
de sonho tomando contra os mais,
Tais
gentis vultos que dentro em ti deixei.
AMORNAUTA
II
Acompanhado
por um bando de escudeiros
Que
encontrei em teus sonhos, desbravei
Tua
floresta de cabelos e aos poucos avancei
Até
a beira da epiderme, em passos altaneiros.
Os
escudeiros transformados em pedreiros
Abriram-me
passagem e por ela então entrei;
Dos
capilares no teu sangue então nadei,
Entrando
em ti nesses gestos sorrateiros.
Com
um escudo de quimeras bem armado,
Lança
e espada forjadas de teus sonhos,
Pelos
sendeiros de tuas veias deslizei
Até
ficar completamente assimilado,
Qual
construtor dos anseios mais risonhos,
Que
entrei em ti e nunca mais voltei!...
AMORNAUTA
III
Assim
entrei, ainda armado de guerreiro,
Fiz-me
leucócito a nadar em teus canais,
Fui
balbucio em tuas redes neurais,
Imerso
como o sonho guardado em travesseiro.
Teus
fluídos eu busquei no aguardo sorrateiro
Da
invasão de vírus e micróbios mais carnais,
Brandindo
a cimitarra das guerras siderais,
Abatendo
os invasores com o golpe mais certeiro.
E
te confiro a vida em toda a permanência;
Sem
mim já te perderas em vagas de imanência,
Tornei-me
o teu sofisma e tua bênção terrenal;
Ainda
nado em teus nervos quando rompe a aurora
E
tuas artérias eu vigiarei, ainda embora
Não
mais lembres de mim, nem me queiras bem ou mal.
EBRIEDADE
I – 14 MAR 21
Eu
ontem te amarei
quando
nem sabia que andavas por aí
Eu
te amei amanhã
quando
apenas cinza achei no meu regaço
Eu
te amo ainda hoje
passando
do teu lado ao ver que me deixavas
Eu
te amaria agora
qualquer
o malefício que sei me causarás
Eu
vou te amar no nunca
imagem
de passagem e vela de meus sonhos
Eu
te amarei jamais
enquanto
o dealbar persiste sobre o orvalho,
porém
talvez nem saibas de onde brota o amor,
por
nada que fizeste, de onde esse calor
que
nasceu em meu peito qual nasce o cogumelo,
serapilheira
de descaso, mas para mim tão belo,
essa
fuga de mim em desespero e calma,
plena
ânsia de ti na treva azul da alma
EBRIEDADE
II
Queria
que me odiasses,
queria assim lembrasses de mim constantemente
Queria
me esquecesses,
porque
quem frequente esquece precisa recordar
Queria
desejasses
no
máximo vigor da mente que incendeias
Queria
arquitetasses
contra
mim essa vingança em todos os teus dias
Pois
quando não me odeias
deixas
de lado a lembrança, aberta a veia
Que
esguichou sobre o fogo
e
a chama não se ateia no crepúsculo do ódio
e
sendo indiferente, me darias maior morte
que
essa vida usufruída como alvo de rancor,
caso
passes por mim sem me lançar a sorte
sequer
de um olhar gélido, de um rosto de palor,
pois
nem sequer me vês, por mais que a vida entorte
meu
caminho em labirinto de límpido estertor.
FOTOGRAFIA TIRADA NO MAR NEGRO. A MODELO DA FOTO FOI IDENTIFICADA COMO IGGONIA SEMATORSKAYA.
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