domingo, 7 de março de 2021


 

 

CONCHAS DE ALPISTE I  (24 AGO 79)

 

Não basta a meu cantar de mariposas,

Falenas ou libélulas vibrantes,

Cantar de grifos vou. De cintilantes

Acoplares dos ventos.  Por esposas

 

As mágicas donzelas das florestas,

O sibilar das ondas por madeixas,

Por olhos de estertores, duas ameixas,

Faunos e ninfas em ingênuas festas.

 

Na cópula dos ventos, sem segredos,

Na cópula dos montes, frescos dedos

Da geada sobre as fendas de penhascos,

 

Os priápicos coqueiros em degredos

E a natureza toda quase em ascos

Pela estéril pureza dos penedos.

 

CONCHAS DE ALPISTE II  (30/11/2009)

 

Sou um homem comum e faço apenas,

Na vida o que tu fazes, mais nem menos:

Instantes me angustiam; outros, serenos,

Me envolvem em frescor, feito açucenas.

 

Sou um homem comum: vivendo as cenas

De cem anos atrás, os meus venenos

De minhas internas agonias seus acenos

A ti lançassem só rosas e verbenas,

 

Mas sentes quanto eu sinto, à tua maneira,

Só não dizes o que eu digo. E bem quiseras

Poder de igual maneira te expressar...

 

Porém, vivendo já em quadra primeira

Do século que foge, sem esperas,

De carne e sangue aos versos vou cantar.

 

CONCHAS DE ALPISTE III

 

Havia uma flor no sonho, amarelinha,

No verde a reluzir, tão permanente,

Quanto o ideal da moeda aurifulgente

Da humanidade frequente se avizinha.

 

Havia uma flor no sonho, rosadinha,

 

De zéfiro e suspiro ainda fremente

Era uma flor aberta e tão potente,

Narinas arfantes em corola de rainha.

 

Havia duas flores, no sonho descobertas,

Crescendo de dois lírios, recobertas

Pelo meu beijo, num ideal candente.

 

E havia uma outra flor que, finalmente,

Também se abriu no ardor da madrugada,

Pistilo e estames, ao toque desvairada!

 

CONCHAS DE ALPISTE IV – 17 FEV 2021

 

Há muitos séculos que se chama flor

Ao órgão feminino perfumado,

Que há tantos séculos vê-se consagrado

Como o símbolo teúrgico do amor.  (*)

(*) Mágico, em magia branca.

 

As religiões antigas, sem pecado,

Representavam-no no máximo pendor,

Era o símbolo da vida em seu vigor,

O próprio cereal por ele era abençoado.

 

Também de concha o chamaram outros povos,

Dentro dele será o pássaro gerado

Por esse alpiste úmido lançado,

 

Que nele encontram proteção os seus renovos,

Sem a menor dúvida, das flores a mais bela,

Andor sagrado para a raça que revela!...

 

CONCHAS DE ALPISTE V

 

No ventre feminino existe um ninho

Recamado de óvulos vermelhos,

De cada ser humano semi-espelhos,

Canção de espera em murmurar baixinho.

 

No aguardo estão de seu companheirismo,

Que para seu mover emprega relhos,

Pés não possui, portanto nem artelhos,

Com seu flagelo se move no caminho.

 

Em cada mês algum óvulo se despreende,

Em Páscoa estranha, muito individual,

Sem o destino de jamais ser devorado

 

E ao companheiro achado então se prende

Nessa arcana serpentina em carnaval,

Sem a qual ser algum é completado.

 

CONCHAS DE ALPISTE VI

 

Cria-se aos poucos o jovem passarinho,

Broto suave da novel semente,

Sempre são dois necessários para o ente,

Nessa magia da cópula em carinho.

 

Da cópula sai a cúpula de mansinho,

Um ser redondo que sequer tem mente,

Porém conserva-a em si, algo imanente,

Crescendo aos poucos, bem devagarinho.

 

Caso estivesse depositado em palhas,

Receberia do ventre o seu calor,

Da doce casca ocupando todo o espaço

 

E assim ave seria, sem mais falhas,

Alimentado ainda sendo com amor,

Enquanto se define traço a traço...

 

CONCHAS DE ALPISTE VII – 18 fev 2021

 

Porém se cobra fosse nesse ninho,

Lagarto fosse ou ainda um jacaré,

Quelônio então, um Monstro Gila até,

Ficava ao sol a maturar sozinho.

 

Tampouco o iguana recebe algum carinho

Ou mesmo os sapos a quem lenda traz fé

De príncipes virarem, se do asco a sé

For superada para um beijo de mansinho.

 

Abandonados são à própria sorte,

Do mesmo modo que fossem dinossauros

E até os nossos dias o são varanos,

 

Na maioria a ser chocados pela morte:

São muito raros os clamidossauros,

Que da extinção preservam novos planos...

 

CONCHAS DE ALPISTE VIII

 

Caso fosse um mamífero, é provável

Que de seu ninho logo disparasse

Ou talvez por semanas continuasse,

Na maioria nascendo já viável,

 

Sua sobrevivência tornando-se improvável

Quando mais alto na escala se encontrasse,

Se neste mundo animal não o alimentasse

A jovem mãe por certo tempo calculável.

 

Nidífugos existem que em menos de semana

Já correm livres sobre a pradaria,

Enquanto nidíferos precisam mais cuidados,

 

Que da fêmea a assistência se reclama,

Nas costas quadrúmanas a proteger sua cria,

Enquanto os dias lhes correm apressados.

 

CONCHAS DE ALPISTE IX

 

Mas suponhamos seja humano ente,

Conservado com cuidado na placenta

E totalmente inerme quando tenta

A luz do mundo contemplar fulgente,

 

Mas que possui um choro tão plangente

Que na atenção depressa se contenta:

Chega-se a mãe e logo o alimenta,

Quer artista ou guerreiro o ser nascente.

 

Se não fosse do infante a inermidade

Seria a nossa raça diferente:

De onde mais surge a solidariedade?

 

Sem que hoje vejas algo de novidade,

Entranhada que está em toda a gente,

Desde o albor inicial da humanidade.

 

CONCHAS DE ALPISTE X – l9 fev 2021

 

Aos passarinhos se costuma dar alpiste,

Pequenas conchas no seu comedouro,

Aos pobrezinhos criados no desdouro

Dessas gaiolas a que a vaidade insiste.

 

Aos animais do campo sempre existe

O pastiçal desde seu nascedouro,

Mas dá-se feno e ração, para que o couro,

O leite e a carne melhor então conquiste.

 

Outros há que tudo aceitam, como os cães,

Tão onívoros como os chefes da alcateia,

Aos quais denominamos pais e mães.

 

Outros ainda, como os gatos caprichosos,

Nos dominaram por meio dessa ideia

Que em seus miados nenês clamam chorosos!

 

CONCHAS DE ALPISTE XI

 

Mas à criança dá-se alpiste diferente,

Leite provindo da concha de algum seio,

Água de fonte também é dada sem receio,

Trazida em concha desde antigamente.

 

Tambem a concha até moeda foi frequente,

Nas terras africanas de permeio

E outra concha brinda em seu recheio

Alguma pérola cobiçada e reluzente...

 

Bem diversas as conchas desse alpiste,

Que distribuímos durante o crescimento

Dessas crianças desde seu primeiro alento,

 

Qual mingau que de esmagado se consiste

Dessas sementes de conhecimento,

Para a moral que em vero unguento existe.

 

CONCHAS DE ALPISTE XII

 

Sempre é um alpiste feito de semente,

Qual caldo branco que se dá à mulher

Para obter-se o filho que se quer;

Na maioria morrem todas, igualmente...

 

Um só alpiste contra o ovo assente,

Que só então completa o seu mistér,

Tão pouco esperma o óvulo requer,

Tanto se perde na menarca do inconsciente!

 

E em cada sonho que se veja flor

Existe o anseio pela fecundação

Dentro da flor da fêmea que se abre.

 

Mistério santo completando ato de amor,

Concha de alpiste para a nova geração

A que todo o nascimento se consagre!

 

SANGUE DOS PRIMOS I – 20 FEV 21

 

NO CHÁ DE SÊMEN HIBRIDIZAM COLATERAIS,

OS NEANDERTAIS, HOMO ERGASTER, DENISOVIANOS,

OS HEIDELBERGUES, PREDECESSOR, RHODESIANOS,

PRIMOS DO HOMO ESCONDIDOS NO JAMAIS.

 

LÊ-SE NA BÍBLIA SOBRE AS CRUZAS FATAIS

DOS FILHOS DE DEUS COM PRÉ-HUMANOS,

OS NEPHILIM GIGANTES NOS ARCANOS,

ANTE O DILÚVIO A PROVAREM-SE MORTAIS.

 

E SÓ FICARAM OS FILHOS DE NOÉ,

QUE COM SEUS NETOS VIVERAM NESSA ARCA,

A QUEM REFEREM COMO SHEM,KHAM E JAPHÉ.

 

MAS AS ESPOSAS DESSES TRÊS RAPAZES

NÃO É DE SE ESPERAR FOSSEM SUAS IRMÃS,

MAS DE VARIADA GENÉTICA SER CAPAZES!

 

SANGUE DOS PRIMOS II

 

A DE JAPHÉ TALVEZ FOSSE NEANDERTHAL,

A DE SHEM DE ORIGEM HEIDELBERGUE,

A UMA DENISOVIANA TALVEZ KHAM DESSE O ALBERGUE,

EM VARIEDADE DE SEU SANGUE PATERNAL!...

 

POIS MESMO KAIM, O FRATRICIDA ORIGINAL,

MUDOU-SE PARA NOB E ALI CONSEGUE

UMA ESPOSA A QUEM SEMENTE LEGUE:

FILHA DE LILITH SERIA ESTA AFINAL?

 

FICAM ENIGMAS ENVOLVIDOS NESSAS LENDAS

APRENDIDAS DE SEU SOGRO POR MOISÉS,

O MIDIANITA JETHRO, A CUJOS PÉS

 

ÚNICO DEUS CONHECEU DE ANTIGAS TENDAS.

E AQUI APRESENTO TÃO SÓ INDAGAÇÕES,

QUE RESPONDERAM BEM MAL AS RELIGIÕES!

 

SANGUE DOS PRIMOS III

 

MAS NADA POSSO AFIRMAR NEM DESCARTAR

DAS NARRATIVAS TÃO CONTRADITÓRIAS,

EXPLODINDO LÁ DO FUNDO DAS MEMÓRIAS:

TANTOS FÓSSEIS JÁ PUDERAM ESCAVAR!

 

QUE O HOMO SAPIENS FOSSE OS PRIMOS DOMINAR

É INDUBITÁVEL, NAS ERAS SUCESSÓRIAS,

COMO OGROS PERMANECEM NAS HISTÓRIAS,

A QUEM PENSARAM NO PASSADO EXTERMINAR.

 

MAS CERTAMENTE HOUVE MISCIGENAÇÃO,

EM NOSSOS GENS EXISTEM NEANDERTAIS,

HEIDELBERGUES E TALVEZ DENISOVIANOS,

 

BEBI SEU SANGUE NO LEITE EM QUE AINDA ESTÃO,

NESSE GENOMA DAS MULTIFÁRIAS ESPIRAIS

E EM MEUS AZEITES CEFALORRAQUIANOS!...


A MODELO GRÁVIDA DA ILUSTRAÇÃO NÃO FOI IDENTIFICADA.



 

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