CONCHAS DE ALPISTE
I (24 AGO 79)
Não basta a meu cantar de
mariposas,
Falenas ou libélulas
vibrantes,
Cantar de grifos vou. De
cintilantes
Acoplares dos
ventos. Por esposas
As mágicas donzelas das
florestas,
O sibilar das ondas por madeixas,
Por olhos de estertores,
duas ameixas,
Faunos e ninfas em
ingênuas festas.
Na cópula dos ventos, sem
segredos,
Na cópula dos montes,
frescos dedos
Da geada sobre as fendas
de penhascos,
Os priápicos
coqueiros em degredos
E a natureza toda quase
em ascos
Pela estéril pureza dos
penedos.
CONCHAS DE ALPISTE
II (30/11/2009)
Sou um homem comum e faço
apenas,
Na vida o que tu fazes,
mais nem menos:
Instantes me angustiam;
outros, serenos,
Me envolvem em frescor,
feito açucenas.
Sou um homem comum: vivendo
as cenas
De cem anos atrás, os
meus venenos
De minhas internas
agonias seus acenos
A ti lançassem só rosas e
verbenas,
Mas sentes quanto eu
sinto, à tua maneira,
Só não dizes o que eu
digo. E bem quiseras
Poder de igual maneira te
expressar...
Porém, vivendo já em
quadra primeira
Do século que foge, sem
esperas,
De carne e sangue aos
versos vou cantar.
CONCHAS DE ALPISTE III
Havia uma flor no sonho,
amarelinha,
No verde a reluzir, tão
permanente,
Quanto o ideal da moeda aurifulgente
Da humanidade frequente
se avizinha.
Havia uma flor no sonho,
rosadinha,
De zéfiro e suspiro ainda
fremente
Era uma flor aberta e tão
potente,
Narinas arfantes em corola
de rainha.
Havia duas flores, no
sonho descobertas,
Crescendo de dois lírios,
recobertas
Pelo meu beijo, num ideal
candente.
E havia uma outra flor
que, finalmente,
Também se abriu no ardor
da madrugada,
Pistilo e estames, ao
toque desvairada!
CONCHAS DE ALPISTE IV –
17 FEV 2021
Há muitos séculos que se
chama flor
Ao órgão feminino
perfumado,
Que há tantos séculos
vê-se consagrado
Como o símbolo teúrgico
do amor. (*)
(*) Mágico, em magia branca.
As religiões antigas, sem pecado,
Representavam-no no máximo pendor,
Era o símbolo da vida em seu vigor,
O próprio cereal por ele era abençoado.
Também de concha o chamaram outros povos,
Dentro dele será o pássaro gerado
Por esse alpiste úmido lançado,
Que nele encontram proteção os seus renovos,
Sem a menor dúvida, das flores a mais bela,
Andor sagrado para a raça que revela!...
CONCHAS DE ALPISTE V
No ventre feminino existe
um ninho
Recamado de óvulos
vermelhos,
De cada ser humano
semi-espelhos,
Canção de espera em
murmurar baixinho.
No aguardo estão de seu
companheirismo,
Que para seu mover
emprega relhos,
Pés não possui, portanto
nem artelhos,
Com seu flagelo se move
no caminho.
Em cada mês algum óvulo
se despreende,
Em Páscoa estranha, muito
individual,
Sem o destino de jamais
ser devorado
E ao companheiro achado
então se prende
Nessa arcana serpentina
em carnaval,
Sem a qual ser algum é
completado.
CONCHAS DE ALPISTE VI
Cria-se aos poucos o
jovem passarinho,
Broto suave da novel
semente,
Sempre são dois
necessários para o ente,
Nessa magia da cópula em
carinho.
Da cópula sai a cúpula de
mansinho,
Um ser redondo que sequer
tem mente,
Porém conserva-a em si,
algo imanente,
Crescendo aos poucos, bem
devagarinho.
Caso estivesse depositado
em palhas,
Receberia do ventre o seu
calor,
Da doce casca ocupando todo
o espaço
E assim ave seria, sem
mais falhas,
Alimentado ainda sendo
com amor,
Enquanto se define traço
a traço...
CONCHAS DE ALPISTE VII – 18 fev 2021
Porém se cobra fosse nesse ninho,
Lagarto fosse ou ainda um jacaré,
Quelônio então, um Monstro Gila até,
Ficava ao sol a maturar sozinho.
Tampouco o iguana recebe algum carinho
Ou mesmo os sapos a quem lenda traz fé
De príncipes virarem, se do asco a sé
For superada para um beijo de mansinho.
Abandonados são à própria sorte,
Do mesmo modo que fossem dinossauros
E até os nossos dias o são varanos,
Na maioria a ser chocados pela morte:
São muito raros os clamidossauros,
Que da extinção preservam novos planos...
CONCHAS DE ALPISTE VIII
Caso fosse um mamífero, é provável
Que de seu ninho logo disparasse
Ou talvez por semanas continuasse,
Na maioria nascendo já viável,
Sua sobrevivência tornando-se improvável
Quando mais alto na escala se encontrasse,
Se neste mundo animal não o alimentasse
A jovem mãe por certo tempo calculável.
Nidífugos existem que em menos de semana
Já correm livres sobre a pradaria,
Enquanto nidíferos precisam mais cuidados,
Que da fêmea a assistência se reclama,
Nas costas quadrúmanas a proteger sua cria,
Enquanto os dias lhes correm apressados.
CONCHAS DE ALPISTE IX
Mas suponhamos seja humano ente,
Conservado com cuidado na placenta
E totalmente inerme quando tenta
A luz do mundo contemplar fulgente,
Mas que possui um choro tão plangente
Que na atenção depressa se contenta:
Chega-se a mãe e logo o alimenta,
Quer artista ou guerreiro o ser nascente.
Se não fosse do infante a inermidade
Seria a nossa raça diferente:
De onde mais surge a solidariedade?
Sem que hoje vejas algo de novidade,
Entranhada que está em toda a gente,
Desde o albor inicial da humanidade.
CONCHAS DE ALPISTE X – l9 fev
2021
Aos passarinhos se costuma dar
alpiste,
Pequenas conchas no seu
comedouro,
Aos pobrezinhos criados no
desdouro
Dessas gaiolas a que a
vaidade insiste.
Aos animais do campo sempre
existe
O pastiçal desde seu
nascedouro,
Mas dá-se feno e ração, para
que o couro,
O leite e a carne melhor
então conquiste.
Outros há que tudo aceitam,
como os cães,
Tão onívoros como os chefes
da alcateia,
Aos quais denominamos pais e
mães.
Outros ainda, como os gatos
caprichosos,
Nos dominaram por meio dessa
ideia
Que em seus miados nenês
clamam chorosos!
CONCHAS DE ALPISTE XI
Mas à criança dá-se alpiste
diferente,
Leite provindo da concha de
algum seio,
Água de fonte também é dada
sem receio,
Trazida em concha desde
antigamente.
Tambem a concha até moeda foi
frequente,
Nas terras africanas de
permeio
E outra concha brinda em seu
recheio
Alguma pérola cobiçada e
reluzente...
Bem diversas as conchas desse
alpiste,
Que distribuímos durante o
crescimento
Dessas crianças desde seu
primeiro alento,
Qual mingau que de esmagado
se consiste
Dessas sementes de
conhecimento,
Para a moral que em vero
unguento existe.
CONCHAS DE ALPISTE XII
Sempre é um alpiste feito de
semente,
Qual caldo branco que se dá à
mulher
Para obter-se o filho que se
quer;
Na maioria morrem todas,
igualmente...
Um só alpiste contra o ovo
assente,
Que só então completa o seu
mistér,
Tão pouco esperma o óvulo
requer,
Tanto se perde na menarca do
inconsciente!
E em cada sonho que se veja
flor
Existe o anseio pela
fecundação
Dentro da flor da fêmea que
se abre.
Mistério santo completando
ato de amor,
Concha de alpiste para a nova
geração
A que todo o nascimento se
consagre!
SANGUE DOS PRIMOS I – 20 FEV 21
NO CHÁ DE SÊMEN HIBRIDIZAM COLATERAIS,
OS NEANDERTAIS, HOMO ERGASTER, DENISOVIANOS,
OS HEIDELBERGUES, PREDECESSOR, RHODESIANOS,
PRIMOS DO HOMO ESCONDIDOS NO JAMAIS.
LÊ-SE NA BÍBLIA SOBRE AS CRUZAS FATAIS
DOS FILHOS DE DEUS COM PRÉ-HUMANOS,
OS NEPHILIM GIGANTES NOS ARCANOS,
ANTE O DILÚVIO A PROVAREM-SE MORTAIS.
E SÓ FICARAM OS FILHOS DE NOÉ,
QUE COM SEUS NETOS VIVERAM NESSA ARCA,
A QUEM REFEREM COMO SHEM,KHAM E JAPHÉ.
MAS AS ESPOSAS DESSES TRÊS RAPAZES
NÃO É DE SE ESPERAR FOSSEM SUAS IRMÃS,
MAS DE VARIADA GENÉTICA SER CAPAZES!
SANGUE DOS PRIMOS II
A DE JAPHÉ TALVEZ FOSSE NEANDERTHAL,
A DE SHEM DE ORIGEM HEIDELBERGUE,
A UMA DENISOVIANA TALVEZ KHAM DESSE O ALBERGUE,
EM VARIEDADE DE SEU SANGUE PATERNAL!...
POIS MESMO KAIM, O FRATRICIDA ORIGINAL,
MUDOU-SE PARA NOB E ALI CONSEGUE
UMA ESPOSA A QUEM SEMENTE LEGUE:
FILHA DE LILITH SERIA ESTA AFINAL?
FICAM ENIGMAS ENVOLVIDOS NESSAS LENDAS
APRENDIDAS DE SEU SOGRO POR MOISÉS,
O MIDIANITA JETHRO, A CUJOS PÉS
ÚNICO DEUS CONHECEU DE ANTIGAS TENDAS.
E AQUI APRESENTO TÃO SÓ INDAGAÇÕES,
QUE RESPONDERAM BEM MAL AS RELIGIÕES!
SANGUE DOS PRIMOS III
MAS NADA POSSO AFIRMAR NEM DESCARTAR
DAS NARRATIVAS TÃO CONTRADITÓRIAS,
EXPLODINDO LÁ DO FUNDO DAS MEMÓRIAS:
TANTOS FÓSSEIS JÁ PUDERAM ESCAVAR!
QUE O HOMO SAPIENS FOSSE OS PRIMOS DOMINAR
É INDUBITÁVEL, NAS ERAS SUCESSÓRIAS,
COMO OGROS PERMANECEM NAS HISTÓRIAS,
A QUEM PENSARAM NO PASSADO EXTERMINAR.
MAS CERTAMENTE HOUVE MISCIGENAÇÃO,
EM NOSSOS GENS EXISTEM NEANDERTAIS,
HEIDELBERGUES E TALVEZ DENISOVIANOS,
BEBI SEU SANGUE NO LEITE EM QUE AINDA ESTÃO,
NESSE GENOMA DAS MULTIFÁRIAS ESPIRAIS
E EM MEUS AZEITES CEFALORRAQUIANOS!...
A MODELO GRÁVIDA DA ILUSTRAÇÃO NÃO FOI IDENTIFICADA.
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