sábado, 13 de março de 2021


 

FANTASMARIA I – 9 MAR 21

 

MAIS DO QUE TUDO AMOR É FANTASMAGORIA

UMA NEURAÇÃO APENAS NEUROLÓGICA,

NEUROALQUÍMICA E NEUROFISIOLÓGICA,

NEUROANATÔMICA, NEUROQUINQUILHARIA

A NEURONEGAÇÃO DA NEUROCALMARIA,

A NEUROQUÍMICA NEUROPSICOLÓGICA,

A NEUROFÍSICA ELETROPEDAGÓGICA,

MEADAS DE TORÇAIS EM SEDA E ROMARIA.

 

TAPEÇARIA MULTICOR NOS BASTIDORES

NA ESPECULAR TEIA E TROCA DOS AMORES,

BIOMBOS LUMINOSOS, NERVOS FINOS,

ASCÔNIOS EM SINAPSES DE SINOS,

DENDRITOS MENSURADOS EM DESTINOS

PELOS FANTASMAS DE PARCAS MULTICORES

 

FANTASMARIA ii

 

SEUS FOGOS-FÁTUOS FULGEM AZULADOS

E NOS CONDUZEM AO PÂNTANO DO AMOR,

ATOLADOURO QUE ESPERA COM FERVOR

E LÁ FICAMOS FINALMENTE APRISIONADOS;

OS SANTELMOS SE MOSTRAM ESVERDEADOS

E NOS LEVAM A CORISCOS DE FULGOR,

QUALQUER NAUFRÁGIO EM ONDA MULTICOR,

EM QUE NOS AFOGAMOS EXTASIADOS!...

 

LUCIÉRNAGAS AFINAL SÃO OS AMORES,

EM SÍMBOLOS DE AMANTES CONHECIDOS

QUE NINGUÉM MAIS CONSEGUE INTERPRETAR,

SALVO QUE TENHA A CHAVE DESSAS CORES,

ESSES ARCO-ÍRIS DEPRESSA ESMAECIDOS

QUE A GENTE PEGA SEM FAZER DURAR.

 

FANTASMARIA iii

 

E NESSA FEITICEIRA BRUXARIA

SEQUER EXISTE NEGAÇÃO DO CALDEIRÃO

QUE SÓ SE PODE REMEXER À MÃO,

NÃO IMPORTA SE AMOR NOS QUEIMARIA

E NESSA ARISTOCRÁTICA ALQUIMIA

SEQUER EXISTE AFIRMAÇÃO DO CORAÇÃO

QUE SÓ PODE BATER NA DURAÇÃO

DESSA FUGAZ PERMANÊNCIA QUE HAVERIA

 

DE UMA TRISTEZA CHEIA DE PRANTEOR,

DE UMA ALEGRIA EIVADA DE ENTUSIASMO,

DE UM AMOR MANTIDO POR DEVER,

DE OUTRA SURPRESA SE CHAMAR DE AMOR,

DE OUTRO AMOR QUE SE LIMITA A ORGASMO,

DE OUTRO ORGASMO PERDIDO SEM QUERER.

 

LAMPADÁRIO I – 10 MAR 2021

 

Nada mais que uma lâmpada quebrada

e o mundo me parece antioxidante,

como uma fruta de sabor acidulante,

dedos cortados na página aguçada.

 

Essa lâmpada precisou de ser trocada,

mas o mundo me ameaça no inconstante

estupro ultravioleta circundante,

essa página em que foi fruta enrolada.

 

São quatro fatos estranhos, corriqueiros,

mais um ato completado na minha vida,

mais um pretexto inútil de soneto

 

e assim são gastos meses por inteiros

a tantas sem-razões dando guarida,

sem buscar um novo amor para meu teto.

 

LAMPADÁRIO II

 

Eu tenho para mim que igual um poema

é  uma lâmpada e precisa ser trocado,

por tantos outros sendo pressionado,

que para um único receptáculo se acena.

 

Muitas pessoas a salmodiar na cena

e muitas lâmpadas na ribalta com cuidado

serão mantidas a não ser que tropeçado

tenha um ator a quem glória envenena.

 

Em cada receptáculo vazio outra se põe,

mas as pessoas ocupam receptáculo

mais permanente que a ceia do cenáculo.

 

Gente quebrada ninguém mais repõe

e o seu receptáculo é guardado

até o momento de ser abandonado.

 

LAMPADÁRIO III

 

Lâmpadas quebram, outras apenas queimam,

pessoas quebram em assalto ou acidente,

pessoas queimam no final de seu presente,

outras quebradas ou queimadas ainda teimam,

 

que outras ainda por muito menos gemam,

mas pessoas não se trocam facilmente,

embora amores se troque mais frequente,

enquanto outros ser trocados temam.

 

Já as poesias terão mais curta vida,

fulgem apenas durante sua escritura

ou pelo tempo mais curto da leitura,

 

enquanto a mente lhes der acolhida,

a não ser que dentro dela se enraízem

nessa irmandade das mentes em que vivem.

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