FANTASMARIA I – 9 MAR 21
MAIS DO QUE TUDO AMOR É FANTASMAGORIA
UMA NEURAÇÃO APENAS NEUROLÓGICA,
NEUROALQUÍMICA E NEUROFISIOLÓGICA,
NEUROANATÔMICA, NEUROQUINQUILHARIA
A NEURONEGAÇÃO DA NEUROCALMARIA,
A NEUROQUÍMICA NEUROPSICOLÓGICA,
A NEUROFÍSICA ELETROPEDAGÓGICA,
MEADAS DE TORÇAIS EM SEDA E ROMARIA.
TAPEÇARIA MULTICOR NOS BASTIDORES
NA ESPECULAR TEIA E TROCA DOS AMORES,
BIOMBOS LUMINOSOS, NERVOS FINOS,
ASCÔNIOS EM SINAPSES DE SINOS,
DENDRITOS MENSURADOS EM DESTINOS
PELOS FANTASMAS DE PARCAS MULTICORES
FANTASMARIA ii
SEUS FOGOS-FÁTUOS FULGEM AZULADOS
E NOS CONDUZEM AO PÂNTANO DO AMOR,
ATOLADOURO QUE ESPERA COM FERVOR
E LÁ FICAMOS FINALMENTE APRISIONADOS;
OS SANTELMOS SE MOSTRAM ESVERDEADOS
E NOS LEVAM A CORISCOS DE FULGOR,
QUALQUER NAUFRÁGIO EM ONDA MULTICOR,
EM QUE NOS AFOGAMOS EXTASIADOS!...
LUCIÉRNAGAS AFINAL SÃO OS AMORES,
EM SÍMBOLOS DE AMANTES CONHECIDOS
QUE NINGUÉM MAIS CONSEGUE INTERPRETAR,
SALVO QUE TENHA A CHAVE DESSAS CORES,
ESSES ARCO-ÍRIS DEPRESSA ESMAECIDOS
QUE A GENTE PEGA SEM FAZER DURAR.
FANTASMARIA iii
E NESSA FEITICEIRA BRUXARIA
SEQUER EXISTE NEGAÇÃO DO CALDEIRÃO
QUE SÓ SE PODE REMEXER À MÃO,
NÃO IMPORTA SE AMOR NOS QUEIMARIA
E NESSA ARISTOCRÁTICA ALQUIMIA
SEQUER EXISTE AFIRMAÇÃO DO CORAÇÃO
QUE SÓ PODE BATER NA DURAÇÃO
DESSA FUGAZ PERMANÊNCIA QUE HAVERIA
DE UMA TRISTEZA CHEIA DE PRANTEOR,
DE UMA ALEGRIA EIVADA DE ENTUSIASMO,
DE UM AMOR MANTIDO POR DEVER,
DE OUTRA SURPRESA SE CHAMAR DE AMOR,
DE OUTRO AMOR QUE SE LIMITA A ORGASMO,
DE OUTRO ORGASMO PERDIDO SEM QUERER.
LAMPADÁRIO I – 10 MAR 2021
Nada mais que uma
lâmpada quebrada
e o mundo me parece
antioxidante,
como uma fruta de
sabor acidulante,
dedos cortados na
página aguçada.
Essa lâmpada precisou
de ser trocada,
mas o mundo me ameaça
no inconstante
estupro ultravioleta
circundante,
essa página em que foi
fruta enrolada.
São quatro fatos
estranhos, corriqueiros,
mais um ato completado
na minha vida,
mais um pretexto
inútil de soneto
e assim são gastos
meses por inteiros
a tantas sem-razões
dando guarida,
sem buscar um novo
amor para meu teto.
LAMPADÁRIO II
Eu tenho para mim que igual um poema
é uma lâmpada e precisa ser
trocado,
por tantos outros sendo pressionado,
que para um único receptáculo se acena.
Muitas pessoas a salmodiar na cena
e muitas lâmpadas na ribalta com cuidado
serão mantidas a não ser que tropeçado
tenha um ator a quem glória envenena.
Em cada receptáculo vazio outra se põe,
mas as pessoas ocupam receptáculo
mais permanente que a ceia do cenáculo.
Gente quebrada ninguém mais repõe
e o seu receptáculo é guardado
até o momento de ser abandonado.
LAMPADÁRIO III
Lâmpadas quebram, outras apenas queimam,
pessoas quebram em assalto ou acidente,
pessoas queimam no final de seu presente,
outras quebradas ou queimadas ainda teimam,
que outras ainda por muito menos gemam,
mas pessoas não se trocam facilmente,
embora amores se troque mais frequente,
enquanto outros ser trocados temam.
Já as poesias terão mais curta vida,
fulgem apenas durante sua escritura
ou pelo tempo mais curto da leitura,
enquanto a mente lhes der acolhida,
a não ser que dentro dela se enraízem
nessa irmandade das mentes em que vivem.
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