DII
MELIORA (*) I – 20 MAR 2021
(*)
Que os deuses não permitam!
O
altivo cínico troçou com ódio rancoroso
E
o jovem epicurista, coroado de rosas.
Sorriu
descrente, mas ao sorrir, estremeceu.
Praedios,
“Atenas”, poema premiado.
Caso
se leia o Gênesis com cuidado,
a
verdadeira causa da expulsão
do
Paraíso não foi a má alimentação
com
o fruto do conhecimento condensado.
Ali
se encontra claramente registrado
que
Deus ou qualquer que seja esse guardião
encarregado
de seu cuidado e proteção,
temeu
que um outro fruto fosse achado.
Este
seria o da Árvore da Vida,
que
aos humanos daria a vida eterna
e
murmurou: “Iguais a nós se tornarão...”
E
assim os expulsou dessa guarida,
não
pelo sexo, por ser bênção superna,
mas
pelo tempo em que imenso viverão!
DII
MELIORA II
Na
verdade, o Primeiro Mandamento
foi
o de “Crescei e Multiplicai-vos!”
bem
antes da proibição ter laivos,
já
possuíam os humanos esse alento.
Então
por que foi proibido esse portento,
duas
árvores no Paraíso colocadas
nesse
jardim mas sem serem destinadas
à
alimentação? Por que o Conhecimento
foi
proibido, mas a natureza humana
sendo
criada para a desobediência?
O
Fruto do Bem e do Mal tendo atração,
mas
por que a Árvore da Vida não se irmana
em
tal proibição de igual cadência?
Se
permitida, atrairia menos atenção?
DII
MELIORA III
Por
que razão ali haveria um Tentador,
senão
cumprindo ordens, qual nos diz
o
Livro de Jó, nesse exemplo que nos quis
dar
o antigo Sumério, seu autor,
sendo
depois adaptado o seu teor
pelo
canonistas da Bíblia, em ato gris,
nem
Bem nem Mal mostrado em claro giz,
mais
uma história destinada a criar Temor.
Que
Deus nos prove sem razão real,
que
ao Tentador conceda um tal poder,
que
nos aflija com dor e provação,
só
por que Jó seja um exemplo tão cardial,
em
Deus confiando apesar de seu sofrer?
Quantos
de nós uma tal fé demonstrarão?
DII MELIORA IV
Deus andaria pelo espaço sideral
e um universo lhe explodiu no
olhar;
logo a pupila pôs-se a marejar,
nessa primeira manifestação do
mal,
essa nublagem mostrando-se a
inicial,
turvo ficando todo o seu criar,
por infinito instante o seu
chorar,
falha causando em sua obra final.
E foi assim que se perdeu a
perfeição:
Deus concebeu o pecado original
e nessa altura criou o sofrimento;
não foi a humanidade em sua
paixão,
já foi nascida com imperfeição
fetal
e o paraíso perdeu-se em tal
lamento.
DII MELIORA V
Foi nesse instante que conceberia
o Mal
e encarregaria de sua propagação
esse que dizem ser arcanjo até a
ocasião,
Luciel tornado Lúcifer em dom fatal...
Lúcifer, o “portador da luz”, esse
fanal
que deveria a nós trazer a
iluminação,
mas pelo fogo nos traz clara
punição...
Por que razão Jeová precisaria
desse tal?
Certamente, sendo Deus Pai
infinito
e abrangendo a plenitude do
Universo,
não poderia o menor erro cometer,
mesmo em instante assim tão
inaudito,
em que a luz explodiu no
Pluriverso,
por um instante da onipotência se
perder...?
DII MELIORA VI
Ou tudo isso apenas foi escrito,
como meio de proteção da
hierarquia,
que esse tal Adversário conceberia,
inicialmente de caráter tão
bonito,
para indicar-nos que no plano do
Infinito
o Bem e o Mal possuem igual valia,
que num piscar de olhos Deus faria
um Universo imperfeito, mas
bendito.
Já que perfeita só pode ser a
Divindade
e a Sua imagem e semelhança possui
falha,
um tentador conceberia em tal
instante,
para impedir a perfeição da
humanidade,
que sua vaidade constantemente
talha
em um Pecado Original ainda
constante?
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