AVIDIYA
(ENGANO) I – 20 JAN 21
QUE
NÃO HAJA ENTRE NÓS QUEIXA SECRETA,
QUE
TUDO SEJA CLARO E BEM SINCERO
E
QUE NÃO CRESÇA RAIVA POR MAIS FERO
SEJA
O QUEIXUME QUE ENTRE NÓS SE META!
MAS
QUE AS COISAS SEJAM DITAS EM COMPLETA
E
CÁLIDA ABERTURA, SEM QUE UM MERO
ESPINHO
SEJA ESCONSO, ASSIM ESPERO,
QUE
A DESCONFIANÇA GERA E NOS INFECTA!
PORQUE
AS COISAS QUE SEPARAM OS CASAIS
SÃO
ÀS VEZES TÃO TOLAS, SEM VALIA
QUE
NEM SE ENTENDE ENFIM POR QUE ACONTEÇA;
QUE
ENTRE NÓS NÃO SEJA ASSIM: PARA OS CANAIS
SE
EXPILAM AS RAZÕES DE CIZANIA,
QUE
AS QUEIXAS PASSEM MAS A JURA PERMANEÇA!
AVIDIYA
II
AMOR
NÃO É COISA PERMANENTE
QUANDO
DEPENDE DA PURA EXCITAÇÃO,
DEPRESSA
AS COISAS ASSIM SE ESFRIARÃO,
SEM
SE LEMBRAR DO AMOR UM DIA NASCENTE.
DE
FORMA MAIS SUAVE E ATÉ FREQUENTE
O
AMOR SENTIMENTAL SOFRE ABRASÃO,
NO
DIA A DIA AS FERIDAS SURGIRÃO
E
AQUELE AMOR DESAPARECE DE REPENTE...
MAS,
E DAÍ? HÁ LEMBRANÇA DO CARINHO,
RECORDAÇÃO
DE QUANDO FOI MAIS TRANSCENDENTE,
MEMÓRIAS
FÁCEIS DO PRIMEIRO SENTIMENTO;
AMOR
ASSIM NÃO SE DEIXA NO CAMINHO,
SEMPRE
RELUZ O QUE PRENDEU A GENTE
E
QUE MERECE TER UM NOVO JULGAMENTO.
AVIDIYA
III
E
SE ACHARES QUE O AMOR DESFALECEU,
RECORDA
A SENSAÇÃO QUE TE PUNGIU,
BASTA
FINGIR O QUE ANTES SE SENTIU,
SEGUIR
OS PASSOS DO AMOR QUE SE PERDEU,
MAS
TEM SEGREDOS QUE NUNCA SE ESQUECEU
E
É SÓ AGIR COMO ANTERIOR SE AGIU,
NÃO
É DIFÍCIL QUANDO O PAR TE CONSENTIU,
QUE
AMOR É FEITO DESSES BEIJOS QUE SE DEU
E
CASO OS BEIJOS SEJAM REPETIDOS
E
TAIS ATOS DE AMOR ASSIM MOSTRADOS,
TALVEZ
TENHAS A SURPRESA DERRADEIRA,
QUE
ATOS E ENGANOS NÃO FORAM SÓ MENTIDOS,
MAS
COTILÉDONES FORAM REBROTADOS,
QUAL
REVERDECE A PRIMAVERA INTEIRA...
CORIMBOS
DE AGAPANTOS I (9/11/2010)
(Quartetos
intercalados com hemistíquios)
Vou
iniciar, portanto, outra batalha,
Enquanto
o som é leve e a voz não falha.
No mesmo estilo.
Não
sei ainda qual será a temática,
Nem
de quem escutarei a voz enfática,
Dentro em meu silo.
Só
sei que cantarei as lamparinas
Que
vejo acesas nos olhos das meninas,
Enquanto pulam,
Na
corda, no balanço ou amarelinha,
Enquanto
os anos com que a vida se avizinha,
Sábias calculam.
Que
a inocência infantil, que assim se espera
É
uma falácia que a sociedade gera:
É mais pureza,
Na
intensidade firme do propósito
De
quererem para si qualquer depósito,
Pura certeza,
De
que o mais importante é o próprio egoísmo,
Sem
possuírem nem noção de um altruísmo,
Sem que se ensine.
Toda
criança só busca o próprio bem:
Quer
tudo para si e mais também,
Enquanto atine.
CORIMBOS
DE AGAPANTOS II
É
a sociedade apenas que a transforma,
Se
bem que de outras vezes mais deforma,
Empós
seu interesse,
Buscando
ideais que defende a geração,
Como
dever a incutir cooperação,
Enquanto
cresce.
Tudo
depende, portanto do costume
Para
qual lado o povo de então rume,
Quer
bem, quer mal
E
para isso a menina é mais treinada,
Com
maiores restrições é encarada,
Qual
fosse natural.
Porque,
se formos atentos à biologia,
Monogamia
é uma pura fantasia
E
somente a garantia
De
um homem sua mulher ter fecundado
Não
qualquer outro fisicamente bem formado:
Que
não o trairia...
Mas
um homem basta para cem mulheres,
São
elas que executam os quefazeres
Da
perpetuação;
Morrem
os homens e a semente fica,
Basta
de um só, hoje a ciência indica
Para
a fecundação.
CORIMBOS
DE AGAPANTOS III
Mesmo
assim, quando contemplo uma menina
Que
ainda pretende não saber da sina
Para
que nasceu,
Eu
a vejo ainda brincando de boneca
Nesse
ensaio de quem ainda não peca,
Mas
já viveu.
Que
só não peca porque não introjetou
Todo
esse peso que a Igreja lhe criou
De
tal pecado
E
que sem ele agiria de outra forma,
Da
Natureza seguindo simples norma
De
ter gerado.
Eu
me comovo com o brilho desse olhar
Essa
malícia somente a se iniciar
Em
seu caminho,
Porque
é cedo para cumprir essa missão
E
por enquanto, só me inspira essa emoção
De
mais carinho.
E
é por isso que meninas me comovem
E
até que sua maldade então me provem,
Serei
paternal
E
é uma pena quando vem a adolescência
E
se comportam então com a impudência
Imatura
e inatural.
CORIMBOS
DE AGAPANTOS IV -- 21 jan 21
Porém
conservam nelas certa graça,
Que
não se perde, por mais que se desfaça
Tal
inocência,
Mesmo
a inocência impura do princípio,
A
permanência do egoísmo ter por vício,
Sem
incoerência.
Mas
muitas delas são criadas quais princesas,
Como
se o mundo um tesouro de belezas
Lhes
conservasse,
Quando
as mais velhas, não sendo rainhas,
Ainda
projetam iguais chamas pequeninhas,
Que
nada se apagasse...
Mesmo
sabendo que a vida não é assim,
Guardam
magia de um sonho carmesim
E
então a legam
Enquanto
tudo é só espelho do possível,
Enquanto
a ilusão é inexaurível,
Elas
a entregam.
Porque,
sem a ilusão, quem quereria
Abandonar
a infância e a fantasia
Do
circo e pães?
Com
tudo que o matrimônio lhe acarreta,
Não
obstante, mulher alguma se completa,
Sem
serem mães...
CORIMBOS
DE AGAPANTOS V
Mas
lá do fundo espia a crueldade,
Mesmo
inconsciente na feminilidade
De
quem mais tem.
“Perdi
minhas ilusões, passei por isso
E
depois que te passar o inicial viço,
As
perderás também.
E
nem as mães a si mesmas admitem,
Quando
suas filhas em pleno olhar as fitem,
Certa
malícia;
Como
é veloz o fulgor da geração,
Como
vem rápida a velhice e a solidão,
Em
impudicícia.
Mas
há também tanta solidariedade
Quanto
a vida se mostra de impiedade
E
a princesinha
Que
descobriu não ser mais do que a criada
Dessas
crianças trazidas à alvorada
Com
a mãe se alinha
E
embora sejam de duas gerações,
Elas
se juntam nas mesmas emoções
Que
as avizinham
Dos
anos que só correm ao futuro
E
que sabem quanta vez será obscuro
O
quanto tinham.
CORIMBOS
DE AGAPANTOS VI
Vai
prosseguindo assim essa corrente,
Com
tanto sentimento diferente
E
contraditório,
Muito
mais forte pela linha materna,
Mais
indefinida pela linha paterna
De
modo inglório.
E
é por isso que tantas vezes falha
Esse
liame em seus anéis de palha
Já
ressequida,
São
tantos sentimentos a se opor,
Que
algum elo se torna opositor,
Roda
partida.
Quando
a familia assume o ódio puro
Ou
se o relacionamento é inseguro
E
sem confiança
E
o adulto que rejeita a sociedade,
Pode
trazer tal vírus na verdade,
Desde
a infância.
Mas
quando o pai e a mãe sabem amar
Ou
tia ou avó e dispõem-se a ensinar,
O
pior passa.
São
os elos novamente reforçados
E
os nós mais fortemente reatados
No
amor sem jaça.
CORIMBOS
DE AGAPANTOS VII – 22 jan 2021
Mas
esse caso nem sempre é o mais comum,
Há
muito pai que não tem amor nenhum
Que
demonstrar
E
se repete o mesmo círculo vicioso
Se
não existe o vínculo amoroso
Da
mãe a dar.
E
é nesse ponto que ocorrem os fracassos,
Os
beijos amorosos e os abraços
Da
falsidade.
Da
mãe interesseira que não preza,
Do
filho revoltado que despreza,
Mútua
maldade.
E
quando chegam os males deste mundo
E
não se vê substrato mais profundo,
Ai
da mulher!
Porque
é falso dizer que existe instinto,
O
amor materno é mais como eu o pinto,
Só
o bem se quer,
A
tal criança que é feita de sua vida,
Que
na sua carne chegou a ter guarida
E
é vista então
Como
um gêmeo de eterna propriedade,
Esse
fatiamento a mentir a imortalidade
Do
próprio coração!
CORIMBOS
DE AGAPANTOS VIII
Por
isso dizem que o cordão umbilical
Não
é cortado nunca até o final,
Fica
amputado,
Mas
se pudesse, a mãe queria ter
Essa
criança que vê ora crescer
Sempre
a seu lado.
Porém
e se a criança for menino?
Se
desfrutar, no sexo masculino
Outro
pendor?
Se
alguma outra quiser ir fecundar,
Sair
depois, ir para trabalhar
Por
outro amor?
Não
há inveja da mãe pelo menino,
Há
mais orgulho em tê-lo visto pequenino
E
agora forte;
Nunca
será um rival perante ela,
Mesmo
que lance acenos da janela
Para
outra sorte.
Talvez
rival do pai o rapaz possa
E
com oculto sonho ela retoça:
Será
seu defensor.
Que
ficará com ela toda a vida,
Que
a sombra dele encontrará guarida,
Em
seu palor.
CORIMBOS
DE AGAPANTOS IX
E
nem tampouco precisa lhe mentir,
Dizendo
que há um mundo a lhe sorrir
À
sua espera;
Bem
ao contrário, o cria para a luta,
Fora
de casa, os ouvidinhos à escuta,
Há
besta-fera!
Nunca
terá de enfrentar a gestação,
Diante
do parto terá só contemplação,
Mas
sem sua dor.
Terá
outra sorte o filho de seu seio,
Lança
ao mundo sua semente com receio,
Em
vasto amor.
Porém
seu filho, agora homem robusto,
Mas
que amamentou junto a seu busto,
Ninguém
merece!...
Mulher
alguma é boa o suficiente
E
roga aos céus proteção contra essa gente
Fervente
prece!
E
se pudesse, lhe negaria esposa,
Ele
que andasse por aí a colher rosa
Pelos
canteiros!
Porque
nenhuma merece o seu varão,
Que
viu crescer desde o inicial botão,
Nos
travesseiros!...
CORIMBOS
DE AGAPANTOS X – 23 jan 21
Mas
que fazer, já que o mundo é perigoso?
Dos
males, o menor, é mais ditoso
Vê-lo
casado!
Do
que vê-lo arriscar-se a assassinato,
Por
um marido ou pai em desacato,
Por
ter ousado!
Rara
a mulher, porém, que ame sua nora,
Exceto
a submissa que lhe fora
Melhor
que filha!
Que
a obedece no que deva fazer
Para
seu filho melhor reconhecer
Na
nova trilha!
E
bem depressa descobre, com prazer,
Que
uma nora pode odiar a bel-prazer
E
é desculpada!
Enquanto
odiar a filha é condenado,
Por
ciúme verdadeiro ou inventado,
E
é desprezada!
Assim
o ódio pela nora é transformado
Em
um amor que é meio demonstrado
Em
condescendência.
Pois
que ela sinta dores no seu parto
E
caso o filho se sinta dela farto,
Tenha
paciência!
CORIMBOS
DE AGAPANTOS XI
Quem
mandou lançar os olhos a seu filho?
Quem
mandou queira seguir o velho trilho
Da
dança antiga?
Se
a vê sofrendo, não terá obrigação
De
com ela repartir seu coração
Ou
dar-lhe abrigo!...
Mas
que trate de mostrar-se bem fiel,
Mais
pura que uma monja em seu burel,
Cumpra
o dever!
Pois
terá obrigações nos novos trilhos,
Ao
tratar por sua vez dos próprio filhos,
Porque
quis ter!...
Depois
os netos... é claro que se ama!
com
que direito a mãe deles reclama
e
acha errado?
Ela
não sabe como educar crianças,
Passa
tratando do rosto e de suas tranças
Sem
ter cuidado!...
Mas
afinal, esses netos são mais doces,
A
sua presença até faz com que remoces
Na
meia-idade!...
Muito
mais filhos que os filhos são os netos,
Que
continuam, no coração diletos,
Não
importa a idade!...
CORIMBOS
DE AGAPANTOS XII
E
finalmente, lhe chega o fim da vida,
Para
a menina já chegou a despedida,
Que
a todas vêm.
Foi
criança, adolescente, foi mulher,
Passou
depressa por ilusão qualquer,
Que
todas têm...
Foi
filha e neta, amada e desamada,
Foi
irmã e tia, querida ou invejada
Na
juventude,
Pelos
olhares mais secos que a rodeavam
Daquelas
que sabiam se encontravam
Na
senectude.
Cresceu,
viveu, amou, talvez casou-se,
Teve
seus filhos, sofreu, desapontou-se,
Que
todas fazem.
Amou
os filhos com intenso sentimento,
Amou
as filhas com austero julgamento
E
então se casam...
Tornou-se
avó, agora é bisavó,
Até
hoje não cortou da vida o nó,
Que
ninguém o faz.
Somente
sabe que em breve a morte alcança
E
contempla atrás de si outra criança,
Que
a vida traz...
A MODELO DA ILUSTRAÇÃO IDENTIFICADA COMO BECCA FOSTIERENKO.
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