A VINHA DE NABOTH
CAPÍTULO DOIS – 18 AGO 21
Furioso embora, Ahab pesou bem a situação.
Tomar à força o campo poderia,
Mas seria medida bastante impopular,
Levava o povo muito a sério a herança;
E desse modo, sem achar a solução,
Para o palácio retornou e não queria
Beber vinho e nem sequer se alimentar:
Deitou no leito, mas seu desgosto não descansa.
A Jezebel foram relatar a situação
E ela pensou estar o rei doente;
Sua posição dependia dele inteiramente,
Talvez amor tivesse até no coração.
Mas Ahab não se deixava consolar,
Por seus carinhos, mas pela insistência
Finalmente respondeu, com impaciência:
“Aquele maldito Naboth quer me afrontar!”
“Por que então não o mandas castigar?”
“Porque, de fato, não me deu real motivo,
Pois somente se recusa a me vender
O seu vinhedo, aqui ao lado do castelo.”
“Eu não entendo. Não o podes obrigar?”
“Há essa lei do povo, na qual vivo,
É diferente do teu pai o meu poder,
Não a posso quebrantar só por meu zelo.”
“Então por que não lhe ofereces mais dinheiro?”
“Já tudo ofereci, mais que o razoável,
Mas ele insiste que é a herança de seus pais
E que de modo algum a alienará;
Ofereci-lhe um bem maior terreiro,
Mas a sua resolução é inabalável,
Não sei de fato o que possa fazer mais...”
“Mas nem por isso o meu rei se magoará!”
“Levanta-se agora, depois bebe e come,
Após lavar teu rosto. Prepararei teu banho...
Mas o que dirá esse teu povo se souber
Como esse infeliz Naboth te desobedeceu?
Mas não te abales, o desgosto te abandone,
Que eu sei o que fazer com esse estranho
Costume que a tal lei busca manter.
O teu problema tratarei qual fosse meu.”
De outros modos ao marido divertiu,
Que se alegrasse assim seu coração,
Mas já no seu a maldade arquitetando
E consultando os meandros dessa lei,
Bem depressa o resultado lhe surgiu;
E destarte, tendo do rei a permissão,
Escreveu cartas que a seguir foi enviando
Aos conselheiros e nobres de seu rei...
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