sexta-feira, 24 de setembro de 2021


 

 

HÉRCULES E OMPHALE

Capítulo VI

 

Conforme já anteriormente foi descrito,

após a morte de Ofiúco, o mito

relata que Omphale finalmente o libertou;

porém também se comentou anteriormente

que ignorasse fosse difícil, realmente:

só a contragosto do herói se separou...

 

Durante o período clássico, os escritores

consideraram alegóricos os pendores

de Hércules, durante a sua escravidão,

que tudo fosse tão só demonstração

de como até os mais fortes homens são

facilmente dominados por feminina devoção!

 

Também alguns mitostegos afirmaram

que fosse Omphale a Pitonisa e explicaram

que Hércules devia realizar compensação

por ser tomado por cólera tão viva,

demolindo Delphos de forma intempestiva,

qual já agira em mais de uma ocasião!

 

E que assim coagido à escravidão

finalmente aprendesse a sua lição,

que os Doze Trabalhos não haviam bastado

e em resultado aprendesse a controlar-se

e sua força doravante ele empregasse

somente quando fosse para tal solicitado.

 

Contudo, aparentemente foi histórico,

mesmo mostrado de modo mais simbólico,

que Tmolus tivesse uma virgem atacado

e que depois fosse acometido por um touro,

mesmo sem Ártemis a sofrer qualquer desdouro,

o mito de Adônis sendo assim originado.

 

O episódio em que Iphitos foi assassinado

e que depois Eurytos se tivesse recusado

a receber qualquer compensação,

real deve ter sido também, provavelmente,

mesmo que tendo sido fantasiado parcialmente:

quebrada a lei hospitalar nessa ocasião!

 

Alguns encontram mais um significado,

porque em grego “umbigo” é “ônfale” chamado

e desse modo foi Hércules absorvido

segunda vez para um ventre materno,

misticamente a tornar-se assim eterno,

mais que por Zeus divinizado tendo sido.

 

Quanto ao costume de certos lavradores

de capturar viajantes e, após labores,

em suas terras os terem assassinado,

parece ter sido até bem documentado:

ao espírito da Terra o sangue derramado,

da Grande-Mãe em seu matriarcado!

 

Também é certo que foram os Helenos

que os sacrifícios humanos, pelo menos

suprimiram em sua zona de influência,

no período homérico ocorrido raramente,

salvo o de Ifigênia, por mais que cruelmente

se matassem uns aos outros com frequência!

 

Em Cnossos e em Lagash da Suméria,

os reis usavam, em cerimônia séria,

as roupas da rainha, a quem obedeciam

e até em Bagnara, Itália Meridional,

as mulheres dominavam no seio marital

e ainda há um século os maridos as serviam. (*)

(*) Bagnara foi colonizada por Lócrios, um povo pré-helênico, que fugiu da península após a invasão das quatro tribos dos Dórios, Eólios, Jônios e Aqueus.

 

 

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