quarta-feira, 8 de setembro de 2021


 

 

HÉRCULES E EURYTOS

Capítulo IV

 (Ruínas de Delphos)


“Zeus, teu pai, encontra-se zangado

por teres a lei da hospitalidade quebrantado,

não importa a força da provocação.”

“E de quem devo eu tornar-me escravo?”

Indagou Hércules, humilde, porém bravo.

“A Rainha Ônfale da Lydia fará tua aquisição.”

 

“Senhora Pitonisa, eu vos obedecerei,

porém um dia até Oecália voltarei

e escravo tornarei a quem me insultou

e sua família também, inteiramente.”

Mas é preciso que a outra história se acrescente

a forma como esta vendetta terminou.

 

Segundo outra versão, um rei Eubeu, (*)

Lycos, filho de Posêidon, no orgulho seu

atacou Tebas e matou o rei Creonte;

por algum motivo, Megara ali se achava,

mas não Iolau e enquanto ele a forçava,

surgiu Hércules na fímbria do horizonte!

(*) Da região grega da Eubéia.

 

Após a visita que ao Hades empreendeu,

quando do Tártaro foi libertar Teseu

e com ele trouxe os filhos que matara;

após combate, a Lycos destruiu

e à mãe Megara os filhos restituiu,

liberto enfim da culpa que o marcara.

 

A maior parte das história conhecidas

como os “Mitos Gregos” foram transcorridas

na antiguidade, no período pré-homérico,

antes que os Helenos à península chegassem,

vindos do Norte e os mitos recontassem

nesse formato que é hoje o mais genérico.

 

Se Hércules então sobre Tirinto dominou,

certamente já um bom tempo se passou

até de Santorini explodir o vulcão,

que destruiu Cnossos, Tirinto e Micenas,

por semideus sendo tratado apenas

após do regime patriarcal a adoção.

 

Durante o período do Matriarcado

as rainhas haviam tronos dominado,

cada rei a governar só por um ano,

após o qual seria sacrificado

e outro esposo então entronizado,

em sacrifício à Terra ou a deus arcano.

 

Assim Eurytos negou o casamento

porque Hércules evitou seu julgamento,

sem se tornar o sacrifício anual,

que o trono era por lei só de Megara

e quando a seu sobrinho a entregara,

simplesmente se evadiu a tal ritual.

 

Quando Cícero relatou a mesma história,

entre vários Hércules repartiu a glória;

segundo ele, o filho de Alcmena

com Zeus não foi o tal que combateu

com Apollo nem ao Oráculo ofendeu,

porém um outro, inferior, a quem condena.

 

Também de Iphitos o feio arrojamento

não resultara de um falso julgamento,

mas foi lançado como rei substituto;

assim Hércules furtou-se ao holocausto

e a seu sobrinho livrou do fado infausto,

sofrendo Iphitos o seu destino bruto.

 

Quanto ao torneio para obter-se a mão

de uma princesa, é relatado em ocasião,

como parte de um ritual bastante antigo:

Arjuna de Diarpada a mão conquista,

no Mahabharata, após vencer na pista

um torneio de arco e flecha sem perigo.

 

E Rama conquistou Sitta por esposa,

após curvar a arma portentosa

do próprio Shiva no poema Ramayana;

mesmo no Egito, antes da coroação,

 o Faraó tinha sagrada obrigação

de aos quatro ventos disparar flechas em chama.

 

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