ACUSANDO O INOCENTE (para
Eurico Salis)
Acusações sempre são
desagradáveis.
Acusa-se de roubo, de
homicídio,
acusa-se um infeliz de
suicídio,
que não deixou despedidas
mais palpáveis.
Acusam-se adultérios
condenáveis,
menores só um grau que
uxoricídio;
acusa-se também de
parricídio
quem só partiu a corações
instáveis.
Mas eu tenho um amigo
acusador,
cujo caráter é eivado de
ironia:
julga ridículo todo o
sentimento.
E foi assim que, em todo o
seu ardor,
só porque meus e-mails não
respondia,
ele "acusou-me" o
infeliz "recebimento"!...
SOGRINHA
Uma senhora com oitenta anos
foi presa por roubar no armazém.
O juiz repreendeu: "Ora, pois bem!
Na sua idade, comete atos insanos!...
"Pois é, doutor, mas é que eu só roubei
Cinco pêssegos em compota, uma latinha...
O senhor vai me perdoar, eu sou velhinha,
'tava com fome, foi por isso que peguei..."
"Pois eu vou lhe prender por cinco dias,"
disse o juiz. Então o genro apareceu,
suando ainda, os nervos numa pilha...
"A minha sogra tem essas manias,"
acusou, "mas não foi o que aconteceu:
o que ela roubou foi a lata das ervilha!..."
ARTRITE
Um cara entrou na igreja e se ajoelhou:
fedia a canha, tinha manchas de batom
pela camisa toda. E, para pior dom,
fumava sem parar e nem rezou...
Assim que um padre se aproximou,
ele se ergueu do banco e fez um som
que não se faz em lugares de bom-tom
e ao ver o padre, nele se abraçou...
"Ô, seu padre, o que é que causa artrite?"
"É uma vida desregrada e imoral,"
disse o padre, desamassando a capa.
"É bebedeira, cigarro ou é quem se agite
com qualquer mulher." "É que eu li no jornal
que quem andava com artrite é o Papa!..."
SEPULCRO
[20-4-2010]
(para Cláudio
Albano)
Durante uma
visita à Palestina,
morreu a
sogra de um certo cidadão;
não nos
importa qual seja a razão,
foi morte
natural, era a sua sina.
A autoridade
sanitária determina:
"Se
quiser enterrar esse caixão
aqui em
Jerusalém, as custas são
de mil
dólares, por sepultura fina;
Mas se para o
seu país quiser levar,
isso vai lhe
custar cem vezes mais."
Trazer para o
Brasil ele optou...
"Já vi
que muito o senhor a deve amar,
para gastar
assim..." "Ah, não, jamais,
mas foi aqui
que Jesus ressuscitou!..."
PERDÃO
[para Tristan Riet]
Durante
a missa o padre, no sermão,
a
voz ergueu para a congregação:
"Quantos
praticam em sua vida diária
essa
divina arte do perdão...?"
A
maioria foi levantando a mão...
Ele
indagou outra vez e cada irmão
a
mão ergueu (sinceridade vária),
só
uma velhinha respondeu que não.
"Mas
por que então, Dona Terezinha,
a
senhora não perdoa os inimigos?"
"Eu
não tenho nenhum," disse a velhinha.
"Explique
então para nossos amigos!..."
"Estou
com 98,” disse com bons modos:
“esses
cretinos já morreram todos!..."
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