ATRIBUTOS 1 –
18 JUN 2020
O
que é da vida sem se ter amor?
O
que é do amor se não há idolatria,
O
que é da idolatria sem se ter imagem,
O
que é da imagem sem se ter andor?
O
que é do andor sem ter seu portador?
O
que é do portador sem ouvir homilia,
O
que é da homilia sem mancha de heresia,
O
que é da heresia se não tem temor?
O
que é do temor sem se possuir coragem?
O
que é da coragem sem ter enfrentamento,
O
que é do enfrentamento sem se ter vigor?
O
que é do vigor sem se possuir miragem?
O
que é da miragem sem ter sofrimento,
O
que é do sofrimento sem se ter fervor?
ATRIBUTOS 2
A
vida sem amor é só vazio,
O
amor sem idolatria é temporário,
A
idolatria sem imagem é oco sacrário,
A
imagem sem andor não terá brio,
O
andor sem portador é um corrupio,
O
portador sem homilia é mercenário,
A
homilia sem heresia é um fraco páreo,
A
heresia sem temor é um seco rio,
O
temor sem ter coragem é apenas medo,
A
coragem sem enfrentamento é pretensão,
O
enfrentamento sem vigor é derrocada,
O
vigor sem ter miragem é um segredo,
A
miragem sem sofrimento é só ilusão,
O
sofrimento sem fervor é apenas nada.
ATRIBUTOS 3
O
vazio sem ter amor não possui vida,
O
temporário sem amor é idolatria,
O
sacrário sem amor oco seria,
O
brio sem ter imagem atroz ferida,
O
corrupio sem ter andor não tem guarida,
O
mercenário só mastiga essa homilia,
O
páreo ao ser tão fraco é uma heresia,
O
rio sem ter temor é água perdida,
O
medo sem coragem é fraqueza,
A
pretensão sem enfrentamento é fantasia,
A
derrocada sem combate é covardia
O
segredo sem miragem é incerteza,
A
ilusão sem sofrimento é só loucura...
Contudo
o amor sem ter fervor ainda perdura!
ECLETISMO I – 19 JUN 2020
Será que é meu olhar que está manchado
pelas centelhas da lâmpada que vi,
ou este mundo que agora percebi
pelo escuro está de fato acabrunhado?
Já é bem hora do Sol ter-se mostrado,
mesmo que o Outono esteja por aqui...
alguma coisa será que hoje perdi,
será que o Sol comunicou estar gripado?
Quem sabe essa COVID chegou lá
e o pobre Apollo não tem respirador,
pois lá em cima é o ar bem rarefeito
e algum seu substituto já não há:
as máscaras se queimaram no calor,
de Hélios o carro não pode ser sujeito!
ECLETISMO II
Na verdade, levantei-me hoje mais cedo,
não admira que esteja o Sol ainda obscuro;
já esfriou um pouco é se faz destino duro
levantar de madrugada e até dá medo!
Talvez o Sol esteja agora a assoprar dedo,
talvez sua luva seja velha e mostre furo;
as rédeas da quadriga, neste apuro,
quiçá já tenham desgastado o seu enredo!
Ou quem sabe, com preguiça se acordou
e com bocejos nem desperte o galo:
“Longe o tempo em que o povo me adorou
e sacrifícios com frequência me enviou,
mas tudo bem, do Zodíaco sigo o valo,
e até agora nem um só signo despertou!”
ECLETISMO III
E que haveria, se de fato esse luzeiro
fosse afetado por tão grave pandemia?
Será que algum hospital o atenderia?
Pobre do Sol, já esquecido tão ligeiro!
Quem sabe a Lua chegaria ali primeiro
e em alguma de suas fases o acolheria?
Na Lua Nova talvez mesmo o guardaria,
o Quarto Crescente mascarando seu candieiro,
máscara presa em um dos chifres como em prego,
mas que a seguir se mostraria insuficiente
toda a luz que a pobre fase dispersasse;
e a Lua Cheia amarraria com um nó cego
a própria máscara com um jeito diferente,
que transparente sua luz ainda brilhasse!
RESGATE
I – 20 JUN 20
Já
muitas vezes a história foi contada
da
bela ave libertada por pardal:
com
seu biquinho já ferido muito mal,
foi
sua gaiola finalmente destravada;
a
ingrata obra com frequência entusiasmada
pelas
promessas da “passarinha fatal”,
que
prometeu-lhe um estado marital
ou
pelo menos, relação apaixonada!...
mas
que no instante de ver-se libertada,
bateu
asas e voou rapidamente,
deixando
para trás o pardalzinho,
muita
versão sendo depois imaginada,
mas
com o pardal sofrendo tristemente,
seu
destino menos ou mais mesquinho.
RESGATE
II
Sem
qualquer dúvida é parábola somente,
para
indicar que tanto sacrifício
foi
feito pelo amor em seu bulício,
com
resultado bastante inconsequente.
Tanta
mulher que finge, astutamente,
que
ao pretendente concederá um benefício
e
o infeliz se consome por tal vício
e
cai no “conto do vigário” facilmente!
Contudo,
só se deixa assim enganar
quem
pensa um lucro desonesto conseguir,
não
é um amor simplesmente a se iludir,
mas
a ilusão falsa de o beijo assim gozar,
sem
compromisso, uma compra como todas,
bem
merecendo da má-fortuna as rodas!
RESGATE
III
Mas
o contrário igualmente transparece,
quando
é o homem que engana uma mulher,
que
lá no fundo, nem é vítima sequer,
mas
que do Instinto do Ninho não se esquece
e
se em comum tocaia ela cai e desfalece,
é
que esperava um companheiro cert ter
que
a ajudasse a seus filhos proteger,
mas
do que o ganho obtido em simples prece.
Mas
aqui vejo a afirmação da raça:
se
uma mulher quer a si reproduzir,
tudo
isso é feito por pressão da biologia;
e
quando incauta embarca nessa traça,
mais
do que pena, merece reluzir
de
vasto orgulho pelos filhos que traria!
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