terça-feira, 12 de janeiro de 2021


 

 

CANDOR (31 AGO 79)

 

Tantos sonetos fiz no mês de junho,

Tantos casos contei, tantas histórias,

Tanta derrota feita de vitórias,

Tanta vitória somente de meu punho!

 

Descrita em versos ou então imaginada...

E ao ver estes poemas, por despeito,

Disseste não gostar, viste defeito

Nesse cantar da carne em madrugada.

 

Tu podes desdenhar, nessa aspereza,

As frases tontas, saídas de meu punho,

Julgando ser mentiras que entrevias...

 

Mulher, tu não sabes de certeza!

Talvez eu tenha te traído em junho,

Por não saber que em julho voltarias!

 

CANDOR II  (1º. JUN 2010)

 

Sabe-se lá o que amor me faz,

enquanto marcha em seu andar ausente;

quem acarinha, quem beija com fremente

desejo inquieto de um balão de gás!

 

Sabe-se lá o que amor me traz,

quando retorna, no seu peito crente

de me encontrar no mesmo amor fervente,

que lhe jurara em despedidas más!

 

O fato é que me encontra, ao retornar,

quaisquer que tenham sido as incursões

de sua alma irrequieta por alhures...

 

Enquanto eu fico, dolente em meu sonhar,

mastigando a agridoçura de ilusões

com que passeei, irrequieto, por nenhures!

 

CANDOR III

 

Nestes sonetos de canto antecipado

ou de elegia, talvez, por meu futuro,

só do passado posso andar seguro,

sabendo quais traições que tenha amado.

 

Não sei quais foram essas de teu fado,

mas se te conto, meu trair é puro;

e, se ao redor de ti, ergues um muro,

por mais sejas fiel, vives pecado.

 

Pois se me escondes o que não aconteceu,

para criar em minha mente agitação,

almejas meu ciúme ter alçado...

 

E, se me escondes o que te sucedeu,

É porque esperas atiçar meu coração

E a mim perdoar por te ausentares de meu lado?

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário