segunda-feira, 25 de janeiro de 2021


 

 

O PAÍS DOS ELFOS XXI

(Quarta Parte de Quatro)

 

Número Nove, no entanto, contestou:

“Eles deixaram a maçã abandonada,

é uma casinha muito bem arranjada,

vamos botar ali cada menina,

será mais fácil de rolar encosta acima

e depois o elfo malvado as encantou!”

 

“Vamos, então, levar a sua casinha,

sempre será uma forma de castigo...”

Postas as meninas no rosado abrigo,

juntos começaram a maçã a empurrar,

ladeira acima, para as transportar;

mas, de repente, o perigo se avizinha!

 

Assim que viram que pretendiam levar

a casa do elfo que fora já ofendido,

centenas de outros tinham aparecido

e os perseguiam, com aspecto feroz,

a prometer-lhes qualquer destino atroz

e não tardaram os meninos a alcançar!

 

“Qual de vocês minha casa derrubou?”

Gritou o elfo que fora desalojado.

“Ele será esquizeburinejado!” (*)

Nenhum irmão acusou o Número Um...

“Não basta castigarmos só algum,

deve atingir cada qual que me atacou!”

(*) Do inglês “squeezeburn”.

 

O PAÍS DOS ELFOS XXII

 

“Já que o covarde não quer se acusar,

então todos recebem o castigo;

todos queriam levar a casa consigo

e assim merecem igual penalidade!”

E um circulo se formou, em realidade,

a repetir: “Esquizeburinejar!...”

 

Os barõezinhos não podiam fazer nada

e então os elfos começaram a cantar:

“Vamos a todos esquizeburinejar!

Cada um deles virará um coelho,

assim ficando até morrer de velho!

Que seja a mágica pois realizada!...”

 

E com um estrondo e dando um grito forte,

os elfos todos desapareceram!...

Quando os meninos se acordaram, perceberam

que realmente se haviam transformado

em coelhos brancos, de focinho arqueado,

olhos vermelhos e pelo de bom porte!...

 

Mas por sorte, logo descobriram

ainda terem o uso da razão

e que podiam falar sem confusão.

“Pelo menos, somos bem graciosos!”

Disse o Número Um aos irmãos queixosos

e de algum modo, todos eles riram...

 

O PAÍS DOS ELFOS XXIII

 

“Ora, ao menos temos quatro pernas

e mais depressa se pode correr!”

Então, de novo, puderam perceber

que de seu lado a maçã ainda ficara,

em que cada trollzinha se guardara.

“Essas mágicas talvez sejam eternas!”

 

Falou o Número Quatro, mas o mais velho

o contrariou: “É só um encantamento,

precisamos concentrar o pensamento,

ver para onde está nosso castelo

e seguirmos para lá no maior zelo...”

“E se uma raposa quiser comer um coelho?”

 

Destarte a fruta começaram a rolar,

até alcançarem de novo a pradaria,

cuja erva verde agora apetecia,

todos doze a comer até fartar.

“Coelhinhos podem de capim se alimentar,

mas como vamos daqui nos escapar...?”

 

“Só existe um jeito.  Precisamos escavar

um túnel largo, em que caiba a maçã!”

E se empenharam, no maior afã,

pela terra se entranhando com coragem,

comendo raízes e sementes qual forragem

e assim a Terra puderam atravessar!

 

O PAÍS DOS ELFOS XXIV

 

E como estavam todos encantados,

na verdade, não mais sentiam muita fome

e cada qual o suficiente come;

as doze trollzinhas em hibernação,

o tempo todo nada comerão,

todos do bando plenamente preparados...

 

Passados dias, Número Um enfiou

o seu focinho para a luz do dia

e com os olhinhos vermelhos tudo via:

tinham chegado direto no jardim

de seu castelo, do exílio tendo o fim!

Logo a maçã para cima ele puxou...

 

E então saíram os outros onze rapazinhos,

em sua surpresa, logo deparando

com Tia Grissy, que estava ainda chorando,

de saudade pelos seus sobrinhos

e se espantou ao ver tantos coelhinhos,

que a rodeavam, a franzir os seus focinhos!

 

Mas embora tentassem conversar,

A Tia Grissy não os escutava,

só uns com os outros cada qual falava!

Mas a boa velha logo desconfiou

e encantamento sobre eles lançou

e em meninos conseguiu-os transformar!

 

O PAÍS DOS ELFOS XXV

 

E ainda estavam com as roupas de costume,

como se nada lhes houvesse acontecido!

O Barão velho abraçou-os, comovido,

pois pensara que houvessem já morrido!

De algum modo, o armário havia corrido,

escondendo da escada o escuro cume!...

 

“Nunca mais vamos ser desobedientes!”

Prometeram os guris, arrependidos.

De um bom jantar logo foram servidos

e a seguir se puseram a contar

a história toda e acabaram por falar

nas doze trollzinhas, até então dormentes.

 

Mas Tia Grissy não as pôde restaurar

e mensagem mandou para sua irmã,

que logo veio reconhecer a tal maçã

e pronunciou um forte encantamento:

as meninas se acordaram, num momento,

sentindo agora uma fome de arrepiar!

 

Mas a seguir, coisa estranha aconteceu:

os doze meninos começaram a crescer,

cada um certa altura a receber,

de acordo com a idade respectiva;

mas das trollzinhas o tamanho não se ativa

e dos meninos a grande altura as surpreendeu!

 

O PAÍS DOS ELFOS XXVI

 

Mas alguns dias depois, aconteceu

que o grande armário saiu de seu lugar!

“É o Troll!” – se puseram a exclamar;

mas não era, a mãe é que subira,

as doze filhas abraçando numa gira:

grande alegria entre todos sucedeu.

 

Então Farsália na mãe reconheceu

outra fada, que há muito se perdera,

mas que de sua magia já esquecera,

depois de tantos anos prisioneira

do Troll azul, que a dominara por inteira;

e entre as três, outro encanto aconteceu.

 

As meninas todas já foram crescendo,

Cada uma conforme a sua idade,

doze jovens de formosa majestade;

a passagem foi trancada permanente

e o Troll morreu de velho e de doente,

o castelo como novo refazendo...

 

Passado o tempo, cada par foi se casando,

uma vasta família se formando

e o Rei da Irlanda prestigiou o matrimônio,

ao Barão restaurando o patrimônio!...

 

E esta história, comprida até demais,

concluo agora, para nunca mais!...

 

 


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