CORAGEM – “Irmão Parmenas”, 27 JUN 68
O rosto marcado por fundas agruras,
A alma humilhada ao peso da Lei,
Recebes, Maria, as bênçãos seguras
Daquele que em dores se fez grande
Rei;
Penetras a medo na grande vivenda,
Morada opulenta de um nobre judeu -
Tu trazes pecados, Maria, oferenda
Mais pura e sincera que Deus
recebeu...
Perfume e cabelos, na ausência de
ouro,
Angústias e preces que o Mestre
aceitou,
Ungidas por Cristo - singelo tesouro;
De joelhos, Maria! Jesus
te perdoou!
Já podes Amor ofertar, sem desdouro,
Candente homenagem de quem muito
amou...
SIDDHARTA (“Bill”, 1979)
Que o verso descreva a visão do
Mandala,
Foi sonho de um dia, Avatar delirante,
Olvidado o Nirvana e, no ardor
palpitante,
Apegado a esta carne que aroma
trescala.
Que Durga e Parvati curvassem-se a
Kali,
E, exaltado e sublime, este pobre
Saddhu
Se entregasse à visão triunfal deste
nu
E perfeito exemplar -- dançarina de
Bali!...
Kundalini ressurge e suas curvas
extende
E o manso Derviche o chamado já
atende,
Desatento do Buddha, esquecido de
Brahma.
E na arcana espiral, ele é Tudo, ele é
Shiva,
E ela freme de ardor, Mahadeo!... --
ela é diva,
Num Mandala de sangue esguichado na
cama!
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