VACINAÇÃO I – 27 OUT 2020
Andam agora falando da vacina;
não de uma, comentam de diversas
em experiências bastante controversas
e a discussão até que me fascina;
no combate de moléstia que assassina,
as bactérias eram mais fácil conversas,
estratégias pelo mundo bem dispersas,
mas antibiótico com vírus não combina!
A verdade é que, no mais geral,
uma vacina no mínimo dez anos
levava para ser desenvolvida
e então testada, como é natural
e para a AIDS com todos seus reclamos,
nenhuma foi até hoje conseguida!...
VACINAÇÃO II
É igual verdade que para o resfriado,
a influenza, a gripe e similares
se necessitam de prazos mais vulgares,
talvez consigam depressa um resultado.
Não é coincidência, meu leitor amado,
Que os nomes Vaca e Vacina sejam pares;
Edward Jenner notou, em seus andares,
rara a varíola em quem lida com gado.
E como havia da doença variedade
entre o gado vacum, experimentou
e logo facilmente comprovou
que o microrganismo, na verdade,
retirado das vacas a doença combatia
e bem depressa sumiu tal endemia...
VACINAÇÃO III
Mas a doença nos chegou da China,
por acaso ou por guerra biológica,
então seria a questão mais lógica
que distribuíssem de graça sua vacina!
Meu coração para essa não se inclina,
tenho suspeita pouco pedagógica
que cria “olho puxado” essa antológica
distribuição de tal vacina peregrina!
Pondo de parte toda a brincadeira,
talvez sendo, de verdade, só boato,
desses tais que viralizam na Internet,
milhares de ocidentais morrem na esteira,
enquanto a China até apregoa o fato
de que tão poucos chineses acomete!
VACINAÇÃO IV
Se a tal doença nos chegou de lá,
mas tão poucos chineses ela abate,
toda essa história me parece disparate:
bilhão e meio de chineses há.
Qualquer comparação que se fará
indicaria que realizaram o combate
antes que numerosos deles mate
e só depois comunicação se nos dará!
Salvo se mentem descaradamente
e por lá é bem maior a mortandade;
mas de fato, eu não sei qual a verdade,
eu não estava lá, não sei, não vi,
mas até hoje não me convenci
ser verdadeiro o que contam para a gente!
HELIEIA I (Assembleia) – 23 jun 09
Ai, como quereria não fossem só fantasmas,
povoando etérios os meus pensamentos,
essas mulheres que assanham sentimentos,
na pura chama azul das mentes pasmas...
Mulheres jovens são, mulheres velhas,
todas possuem seu grau de sedução,
que provém muito mais do coração
que do semblante, porte ou das guedelhas... (*)
E o poema surge em mim, toma de assalto
as faculdades todas, tropelia
desencadeada em estupros inocentes...
E explode em concussão, rugido alto!...
São fantasias, sim... Mas bom seria
que tais fantasmas fossem diferentes!...
(*) Mechas de cabelos
HELIEIA II – 28 out 2020
Versos são versos e não realidades
e nos poemas eu pude me expandir,
personalidades diversas assumir,
hoje me espantam muitas veleidades.
Mas se limitam ao papel tais variedades
quando escrevia, talvez quisesse me iludir
e referisse muitas coisas sem sentir,
tornando as falsas linhas em verdades.
Passada essa ocasião, até me esqueço
do que um dia em tal soneto redigi
e me surpreendo ao ir algum ressuscitar.
Mas de minha torre de marfim confiante desço
às catacumbas meus servos mil prendi,
cujos gemidos vão de novo me inspirar.
HELIEIA III
Certamente meus monstrinhos do inconsciente
desejam coisas que nem sequer eu sei;
em pesadelos não lhes permitirei
que me perturbem quando incauta a mente.
Mas os prendo lá no Id, firmemente,
sob chaves que sei bem onde guardei;
quando desço até lá, serei seu rei,
seu pão e água distribuo calmamente.
Em troca, eles me cospem suas ideias,
entre elas a ambição dessas hileias,
mas são todos prisioneiros, na verdade
e de seus vícios podem apenas me contar;
numa peneira eu sei bem aquilatar
e por minha conta lhes melhoro a qualidade.
HELIEIA IV
Mas esses que gritam as suas fantasias
fazem parte de mim, tal reconheço
e ao inconsciente as temáticas que peço
eu mesmo elaborei em alegorias.
E assim retorno, seguro, as mesmas vias,
subo as escadas enquanto as frases meço,
muitas me espantam, ainda assim não cesso
de à realidade expor suas fancarias. (*)
(*) Falsidades.
Se tanto escrevo, tempo não me sobra
e nem desejo para tanto realizar
e até parece que me estou a desculpar
pelos anseios que o inconsciente cobra,
por essas coisas dizer em que não cria
e que nem sei se realizar eu poderia...
STUPAS I – 29 OUT 2020
NEM TODO CÉU AZUL TRAZ ALEGRIA;
ÀS VEZES AS PUPILAS SÓ DE ARDOR
NOS QUEIMA ESSE CIANO EM SEU
CALOR;
O SOL ÀS VEZES MESMO O ANIL
ESFRIA.
NEM TODO O SOL ASSIM NOS TRAZ
POESIA,
É O VENTO QUE AMENIZA O SEU
FERVOR,
SE NÃO HÁ NUVEM, VAI SOPRANDO A
PRÓPRIA COR
E O AZUL SE ESGOTA NO MARINHO QUE
ASSOVIA.
HÁ NO CREPÚSCULO BEM MAIOR
BELEZA,
NELE SE ENXERGAM OS TONS DA
CARNAÇÃO,
NESSAS MIL RISCAS DO OCASO
MULTICOR
E SOB O CÉU JÁ GRISÁCEO, COM
CERTEZA,
A LONGA ESCALA DE CINZA EM
VARIAÇÃO
ME INSPIRA MUITO MAIS EM SEU
PALOR.
STUPAS II
NOS VASTOS TEMPLOS DAS PLAGAS
INDIANAS
AS CORES SE ENTREMEIAM EM LOUVOR;
NA MULTIDÃO DE DETALHES DESSE
ANDOR
ESTÁ O BARROCO EM SUAS FORMAS
MAIS ARCANAS.
TÃO DIVERSAS DAS CONCEPÇÕES
ROMANAS,
IMITADAS DAS HELENAS COM FAVOR
OU DAS ETRUSCAS HERDADO O SEU
FRESCOR,
O PÓRFIRO LANÇA AO MÁRMORE
PROCLAMAS.
MAS NOS MOSAICOS A CENTÁUREA
EXALTA
CADA TÉSSERA COM VIBRANTE
TESSITURA
E CADA STUPA AOS CÉUS SE ELEVA
PURA,
CONTRA O ANIL QUE A DIVINDADE
ESMALTA
E PARA BRAHMA ABREM SEUS PORTAIS,
COMO SE OS TEMPLOS FOSSEM JÁ
ESPIRITUAIS.
STUPAS III
NOS SEUS DESENHOS EXISTE
ALUMBRAMENTO,
SÃO CONES COMO ONDAS SOBREPOSTOS,
QUE SACERDOTES GIRAVAM A SEUS
GOSTOS,
QUAL REZA A LENDA DE ANTIGO
PASSAMENTO.
O BRAMANISMO JÁ NÃO TEM IGUAL
PORTENTO,
MUITOS INDIANOS JÁ MENOS
PREDISPOSTOS
À ADORAÇÃO DE TANTOS DEUSES
SUPERPOSTOS
E O ISLAMISMO ALI TEM IGUAL
ASSENTO;
MAS O BUDISMO QUE POR ALI NASCEU
JÁ FOI QUASE INTEIRAMENTE
ABANDONADO,
ENQUANTO O VELHO BRAMANISMO
SOBREVIVE
E CADA STUPA DESDE O ANTANHO
FLORESCEU
SOB ESSE CÉU DE SANTÍSSIMO
AZULADO,
EM QUE NOUTRA ENCARNAÇÃO TALVEZ
ESTIVE...
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