MOLIBDÊNIO I – 1º OUT
20
O Molibdênio, durante
séculos a fio,
foi confundido com o
chumbo por antigos,
só em pequenas
quantidades nos jazigos,
muito calor necessário
para o esguio
componente decidir-se
a sair do lio,
abandonando os demais
átomos amigos
de chumbo e
oligoelementos inimigos:
não querendo
derreter-se no seu brio!...
Emm Uppsala, mil
setecentos e setenta e oito,
como elemento foi enfim
classificado,
por Karl Wilhelm
Scheele, ainda famoso
e Peter Hjelm o
separou de seu acoito,
seu pó metálico sendo
então sintetizado,
de bronze e prata
tendo aspecto formoso.
MOLIBDÊNIO II
Do próprio chumbo
recebeu seu nome,
Molybdos ou Chumbo, dito em grego,
Molybdaenum em Latim, tampouco nego:
mesmo escassa, temos
dele certa fome.
Na própria água algo
dele se consome,
cada verdura conserva
o seu apego,
feijão e ervilha o
fornecem no seu rego,
no simples pão e na
farinha algo se come.
Será tóxico, se
consumido em quantidade,
porém combate o
acúmulo de sulfitos
e também de outras
toxinas cancerígenas;
até se encontra em
vegetais indígenas,
tendo pouca
abundância, na verdade,
mesmo essencial para
enzimas e nitritos.
MOLIBDÊNIO III
Hoje é comum ser em
bulas mencionado,
igualmente em
complemento alimentar,
aminoácidos sempre
pode originar,
por todos nós devendo
ser utilizado...
e no entretanto, foi
muito tempo desprezado,
há algumas décadas seu
valor se averiguar;
no plantio da soja
hoje é costume acrescentar,
para o seu potencial de
produção ser ampliado...
E tão comum é hoje em
dia a descoberta
dos poderes que
ocultava a Natureza:
rendamos graças pela
atual ciência,
que às vezes erra, mas
em geral acerta,
a nossa vida tornando,
com certeza,
mais longa agora e com
melhor potência.
ALITERAÇÕES I – 2 outubro 2020
(Capricho
nefelibáico, executado sem auxílio do dicionário).
A maga alaga e afaga a rutabaga,
Bandoleira posta à beira da bandeira,
Cativa em cava caverna cavaleira,
Dulcímero dossel de doce baga,
Esteio estrelado de estragano,
Forja fluente de fiel falua,
Gôndola gaia de garbosa grua,
Híspido hélio em herma de haragano.
Ídolo inerme de isca inusitada,
Jibóia jovem de jornal jurisprudente,
Louvor luzente em lamaçal limoso,
Matalotagem em matagal mafioso,
Nevoeiro nédio em nesga negligente,
Ostra opalina em ostíaca orbitada.
ALITERAÇÕES II
Pura proeza postada em palmilhar,
Que queimaduras de quiabo quer,
Rútila rosa de raça rosicler,
Sabor sagrado de um seio singular,
Tímida tara de túrgida tardança,
Úmida unção de tal utilidade,
Verde e vital em vazia vagrancidade,
Xairel xerófito em xirca e xanturança
Zarcão de zinco em zimbro de zagal,
Aqui acionado ainda o alfabeto,
Bailadeira em bulício e ballet
brada,
Causa comum com crime comunal,
Diastólico dano em desafeto,
Empalado no espelho desta estrada
ALITERAÇÕES III
Feita em fragosa e flébil fantasia,
Grande gemido na garganta gráfica,
Hélice hemática de uma hetaira hiática,
Interação idiótica que inútil iludia,
Junco jogado como jóia num jardim,
Laço largado de leve em litoral,
Mente marcada por meditar mal,
Nuvem nublada de néscio nefilim, (*)
Onda oriunda já de outro oceano,
Por que me perco a praticar poesia,
Quando quinchas queimar antes queria,
Restolho rútilo de ribombar romano,
Solerte símbolo sutil de sociedade,
Truncado o termo em tal totalidade.
(*)
Gigantes antigos que a Bíblia menciona.
(Vale
o valor de quem o verso vê e a visão das variedades).
PROGRESSÕES I – 3 OUT 20
Sem mácula de carne o beijo se avizinha
e em bioascese escorre o sibilar da dor;
o beijo não procura, nem é beijo de amor,
é beijo apenas, sem ter mácula mesquinha.
Sem carne a mácula do beijo se continha,
contínua sendo a ingenuidade desse ardor,
sem qualquer engenhosidade em seu calor,
mácula apenas... e o beijo assim definha.
Que o beijo evitar essa mácula devia,
mas a mácula se avizinha desse beijo
e a carne inteira se afaga de nudez...
Como esse beijo sem mácula queria!
Mas carne é carne e a mácula do ensejo
Macula o beijo em total desfaçatez!...
PROGRESSÕES II
Nenhuma carne será assim imaculada,
se é que existe um pecado original
aquilatado a qualquer pendor sensual,
sempre impura sendo a carne a ser beijada.
Mas essa interpretação foi desvirtuada,
consoante as regras do mundo monacal,
foi na mulher que enxergaram todo o mal
e a pobre Eva foi por monges maculada...
Mas se do Gênesis fizermos boa leitura,
vemos que antes foi dado o mandamento:
“Crescei e multiplicai-vos!” Dessa forma,
não teria a reprodução nada de impura;
foi outra a causa desse arrependimento:
a sabedoria que em soberba nos deforma!
PROGRESSÕES III
E nem sequer se obter o conhecimento
do bem e do mal foi um real pecado;
o guardião do Éden claramente foi citado:
“Antes que a Árvore da Vida, esse portento,
“também Adão e Eva em algum momento
identifiquem e seja seu fruto devorado,
igual ao nosso o seu tempo prolongado,
será preciso expulsá-los deste assento!”
Veja-se bem que nunca fora proibido
comer o fruto da Árvore da Vida!...
Sequer Lilith disto fizera sugestão!... (*)
Mas tendo a obediência assim perdido,
conhecimento dessa nudez anterior tida,
nem bem nem mal lhes causou essa expulsão.
(Primeira
mulher de Adão na tradição talmúdica).
PROGRESSÕES IV
Talvez então o amor físico percebessem
como a possível razão da gravidez;
nossa Mãe Eva, depois que filhos fez,
já querendo evitar que outros viessem!...
Culpada mais em impedir se concebessem,
esse é o pecado verdadeiro que ali vês
das dores do parto doravante a dura grês,
sem que anteriores realmente houvessem.
Que todo o parto deveria ser sagrado
e todo o ventre um tesouro confirmado
após o início de uma santa gravidez!...
Por que o sexo deveria ser pecado
cada outro ser cumprindo por sua vez
o mandamento que por Deus fora ordenado?
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