VISITA AO
HOSPÍCIO – 20 OUT 20
Ao manicômio
chegaram visitantes
e numa sala
viram cheia uma banheira;
uma visita
aproximou-se bem da beira:
“É aqui que
tomam banho seus pacientes?”
“Não, é um
teste que fazemos antes
de decidir se
sua razão se encontra inteira,
damos balde,
uma colher e uma peneira
deve
esvaziá-la em alguns instantes...”
“Já entendi,
quem usa o balde é que está são!”
“Não, meu
amigo, devem tirar a tampa do fundo,
quem usa a
peneira é o caso mais profundo...
O estado se
avalia em que todos estão:
que tipo de
quarto o senhor preferiria?
seu caso é
leve, quer ficar na enfermaria?”
CONCURSO DE
APLAUSOS – 20 OUT 20
Era costume,
no hospital psiquiátrico,
todos os anos,
realizar competição
sobre quem de
bater palmas era campeão,
para os
pacientes um distúrbio enfático.
Veio o
primeiro tentar e é matemático
que não podia
alcançar a outra mão,
batia no braço
e sobre o coração
e até no
estômago, sacudindo o suco gástrico!
Veio o
segundo, mas enrolava os braços,
então chamaram
o vencedor de outra ocasião,
que em seguida
bateu palmas finalmente...
De alegria
todos mostraram traços,
muito
aplaudido pela inteira multidão,
todos palmas batendo
facilmente!...
SOLIDÃO DIVINA
– 20 OUT 20
No princípio,
Deus estava só;
só dos
humanos, pois tudo mais já era,
a humanidade
ainda ideia mera,
éramos todos
partículas de pó...
Mas Deus
ergueu-se sobre o portaló,
exercendo o
poder que tudo gera,
criando o
homem, qual criava fera
e ao nos
gerar, vestia um tapapó...
Ou talvez,
precisasse de um jaleco,
ao menos para
aquela operação
em que do
homem Eva fez surgir;
com sua
saliva, criou barro do seco
e nossa carne,
durante a gestação,
criou do pó
após nele cuspir!...
PALAVRAS NOVAS – 21 OUT 2020
O garotinho foi ser matriculado,
pela mãe orgulhosa, numa escola;
à leitura até então não dava bola,
mas ao colégio foi até entusiasmado!
Depois que fora pela Mamãe buscado,
de mãos dadas, saltitava feito bola;
então a senhora agarrou-o pela gola:
“Fique quieto, garotinho endiabrado!”
“Conte à Mamãe o que foi que hoje aprendeu.”
“Só palavras, aprendi umas quantas novas...”
“És muito esperto, até do ar as coisas pegas...
No quadro-verde a professora é que escreveu?
Depois copiaste e ela corrigiu as provas...?”
“Não, Mamãe, eu aprendi com meus colegas!...”
AULA DE ETIQUETA – 21 OUT 20
A professora dava aulas de etiqueta,
sobre como comportar-se nos salões;
então aos alunos pediu explicações,
a fim de ver se a instrução fora completa.
“Não falar quando a boca está repleta.”
“Lavar as
mãos antes das refeições.”
“Não grite nunca nessas ocasiões.”
“Não brincar com comida, na toalha se projeta!”
Mas o Juquinha permaneceu calado
e a professor quis o aluno provocar,
se entendera, querendo tomar faro:
“Compreendeste o que aqui foi ensinado?
Num restaurante, o que dirão seus pais?”
“Meu filhinho, nunca peça nada caro!...”
SENSO DE JUSTIÇA – 21 out 20
O aluninho perguntou à professora:
“Tia, pode alguém ser castigado
por aquilo que não fez, ou é pecado?”
“Meu querido”, respondeu a boa senhora,
“Claro que não, isso não se faz agora,
as nossas leis não permitem; o advogado
certamente impedirá quando é julgado,
o cliente é absolvido e vai embora...”
“Tem certeza, professora? Não ha castigo?”
“Claro que não, só se fizer algo de errado,
é proibido pela Constituição...”
“Ai, que bom!
Entendi a explicação...
A senhora me deixou muito aliviado,
é que hoje eu não fiz a minha lição...”
HISTÓRIA DE FADAS – 22 OUT 2020
Sempre o Papai contava à sua filhinha
histórias de fadas que ela adorava...
“Tu és a fadinha do Papai!” – ele falava.
“Então me conta mais uma historinha!...”
Assim ele fazia a cada noitezinha;
ela dormia, mas ele só parava
depois de ver que já não acordava
e só então saía até a cozinha...
“Papai,” falou um dia. “É verdade que começa
cada história de fadas por ‘Era uma vez’?”
“Seria bom, mas até nos pregam peça
e a gente escuta, sem nem saber direito...
Antes de cada eleição, cerca de um mês,
o candidato conta: ‘Quando eu for eleito’!...”
PRISÃO POR TRÂNSITO I – 22 OUT 20
Um guarda, numa cidade do interior,
parou um carro, por estar em excesso
de velocidade.
“Por favor, lhe peço...”
disse o motorista, interrompido sem favor.
“Cale essa boca!” “Escute, meu senhor...”
“Não escuto nada!... Vocês não têm apreço,
porque são da capital, mas não tem preço
a vida de crianças!
Mas aqui um infrator
é punido com a maior severidade!...”
“Mas eu preciso lhe explicar a situação!”
“Já te mandei calar a boca!” Com um bofetão,
prendeu-o por desacato à autoridade!
Foi algemado de imediato na ocasião
e conduzido até a cadeia da cidade!...
PRISÃO POR TRÂNSITO II
“Mas eu preciso...” “Quer outra bofetada?
O seu carrinho de luxo vou buscar!...”
E foi embora, sem querer nada escutar.
Ficou o rapaz com a camisa já manchada...
Daí a pouco, escutou uma barulhada.
“Muito difícil carro importado manobrar!
Bateu na viatura e você a conta vai pagar!...”
Gritou o guarda, a cara ainda mais fechada!
Daí a duas horas, voltou, dando risada:
“O delegado vai chegar daqui a um momento!
Está furioso!... Ele foi ao casamento
da filha, mas ela foi abandonada
pelo patife do noivo, lá no altar!...”
“Mas o noivo sou eu! Não me deixou explicar!”
CAMPAINHA I – 27 JUN 2009
A professora, após a aula, sai da escola
e vê um garotinho se esticando,
perninhas curtas, os dedos mal tocando
a campainha, pulando feito mola...
O coração da professora, como bola
expandiu-se e ela foi se apresentando:
"Deixa que eu toco, querido!" e
apertando
a campainha da casa, grande tola...
Ao escutar os passos sobre o piso,
a ilusão da coitada logo acaba:
"Vamos correr agora, professora!
É que a dona dessa casa é muito
braba!"
disse o menino, com um largo sorriso.
"Mas, então, não é aqui que você
mora...?"
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