RAWALPYNDI
1 – 12 JUN 2024
(Eleonor Tomlinson)
Muitos
sonetos escondem-se secretos,
Embuçados
no céu de Castro Alves,
Especialmente
no momento atual.
Saem a
fórceps, às vezes, tais sonetos,
Tropeçando
nas vulvas do momento,
Na
rebeldia das rimas.
Houve o
terrível catastroformismo
Que
acometeu o meu rincão natal,
Do qual eu
nunca me mudei.
Por sorte,
minha cidade foi poupada,
Mas a
Internet e a telefonia não o foram,
Passei
muitos dias sem sinal.
Pior
ainda, por motivos complicados,
Meu pobre
computador foi afetado,
Mandei
limpar o interior do gabinete,
Comprei um
novo mouse, bom ratinho,
Já me
contemplo em novo monitor,
Sem
conseguir com frequência trabalhar.
RAWALPYNDI
2 – 13 JUN 2024
A cada
problema, dois ou três dias de espera,
Os meus
rascunhos se acumulando,
A par com
mil antigos empoeirados
E mais os
versos realmente do passado,
Guardados
foram tão só datilografados
Pelos
cuidados de minha esposa amada.
De fato,
eram as cópias que lhe dei,
Impulsionado
pelo amor que lhe sentia,
Que as
primeiras vias se queimaram,
Durante
meu holocausto de 1988,
Com minha
biblioteca e com meus discos,
Meus
quadros, tapetes e instrumentos.
Como se
não bastasse, desabei
De meus
oitenta anos ainda no aguardo,
Não uma
só, porém por sete vezes!...
No último
mês, mais duas completei,
Em um
total de nove as minhas quedas,
Meu braço
sofre de sarcopenia!...
RAWALPYNDI
3 – 14 JUN 2024
Por sorte
de ossos fortes, em nada me quebrei,
Mas perdi
a liberdade de meus movimentos,
Fica
difícil até mesmo digitar,
Estendo os
antebraços, doem os ombros
E aqui
estou, pobre tolo, a lamentar,
Quando
devia por me dar feliz.
Até a
escada rolei de cima a baixo,
Rasguei
bastante o couro cabeludo,
Meio litro
de sangue derramei...
Com algum
auxílio, enfim me levantei,
Com
fisioterapia já um tanto melhorei,
Porém os
braços ainda controlo mal.
Feito
palhaço, me estou a justificar,
Porque tão
pouco tenho digitado
E por
estar de mal com meus sonetos,
Que em
pilhas permanecem empoeirados
Ou na
pasta de minha esposa ainda guardados,
Até o
momento em que os enfrentarei.
De fato,
quem mais sofreu foi minha esposa,
Ao ver
algum diabo me empurrar,
Escada
abaixo, sem poder me segurar...
Por uma
quinzena me ficou a vituperar
Em seu
carinho que tudo compensou
E só este
título absurdo resultou!,,,
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