quarta-feira, 26 de abril de 2017





DOZE PIADAS E UMA TROÇA
William Lagos – 8-11/3/2017

(JOGRAIS, CANTIGAS DE AFONSO X O SÁBIO)
PESCOÇO DURO – 8/3/2017

Chegou um cara um dia ao consultório:
“Doutor, o meu pescoço ficou duro!...”
“Ora, isso é fácil, em seguida já te curo...
Amostra grátis vou buscar no envoltório.”

Foi ao depósito ao lado do escritório,
enquanto o homem, calmamente, eu juro,
foi toda a roupa tirar num canto escuro,
sem esperar do médico o ajutório...

“Não precisava toda a roupa ter tirado.”
“Ora, doutor, eu pensei que era preciso,”
falou o cara, na cadeira se assentando.

E indagou: “E como posso ser curado?”
“Primeiro tem de parar de defecar!...”
“Mas, por que?” “Porque estou te examinando!”

OFFICE-BOY – 8/3/2017

Um fazendeiro, meio grosso e ignorante,
num hotel de alta classe se hospedou.
Disse-lhe a filha, quando ele viajou:
“Não peça carne só no restaurante...”

“Deve encontrar por lá gente elegante:
peça o mesmo que seu vizinho encomendou!”
O fazendeiro, a contragosto, concordou.
Pediu salmão o vizinho; e nesse instante,

ele pediu também... E a cada prato,
o fazendeiro coisa igual encomendou.
Porém um Office-boy o outro requereu

“Traga outro para mim,” pediu, sem mais recato.
“Pode usar o mesmo,” o gerente lhe falou.
“Esse é dele! Quero comer sozinho o meu!”

MULHER NO VOLANTE – 8/3/2017

Chegou o cara ao trabalho todo machucado;
sentindo pena, foram os colegas perguntar:
“Cara, o que foi isso?” “Vocês não vão acreditar!
Eu vinha dirigindo com o maior cuidado,

“mas vi uma dona ali no carro do meu lado:
largou o volante e começou a se pintar!...
Pois na minha pista já estava a se enfiar!
Eu logo procurei me desviar, apavorado!...”

“Só que eu estava atendendo ao celular,
tomando mate com a bomba sobre a perna!
Fui obrigado a soltar o barbeador

e o telefone foi na cuia se enfiar,
me atrapalhei e cruzei a cerca interna!
Essas mulheres dirigindo são um horror!...”

TRAGO FORTE – 9/3/2017

Um cara entrou no bar com violência,
pedindo o trago mais forte que ali tinha,
já reclamando da fraqueza da caninha:
“Sou muito macho!  Quero com mais potência!”

O atendente, com certa prepotência,
pôs álcool puro de mistura à cachacinha
e ele engoliu de um trago a bebidinha:
“Sou muito macho!  Quero mais veemência!”

“Bota pimenta nesta porcaria!...”
Pois o barman de pólvora pôs um quanto
e o fulano então bebeu com mais agrado!...

“Agora, sim!  Esse era o troço que eu queria!”
“Mas cara, por que queres beber tanto?”
“Eu briguei ontem com o meu namorado!”

GALINHA CAIPIRA – 9/3/2017

Num restaurante de beira de estrada,
todo entonado, chegou um caminhoneiro:
“Quero galinha caipira!  Mas primeiro
quero escolher a que vai ser ensopada!”

Um garoto trouxe a galinha pendurada:
ele enfiou o dedo do bicho no traseiro!
“Não é caipira!...” – foi falando, bem ligeiro.
“É da Granja Azul, lá da Encruzilhada!...”

Trouxeram outra.  Examinou do jeito igual.
depois cheirou: “É do quintal da Dona Mira!
“Faz ensopada com pimenta e ‘os adereço’!”

Chegou um bêbado, tropicando mal e mal:
sem cerimônia, já calça e cuecas tira...
“Eu me esqueci.  Pode ver meu endereço?”

O CAMINHÃO – 9/3/2017

Era um caboclo todo metido a valentão,
nas costas tinha meia dúzia já de mortes,
adversários a enfrentar de quaisquer portes:
só não matava, se alguém pedia perdão!

Mas cada vez que enxergava um caminhão,
qualquer atalho ele pegava, dando cortes,
qual se essa fosse a pior de todas sortes
e se escondia lá no fundo do galpão!...

“Mas, Terêncio, tu que é cabra da peste,
só de ver um caminhão, viras terneiro!
Igual que fosse uma bruxa andando à solta!”

“Ora, cumpadi, mas tu ainda não soubeste
que minha mulher fugiu com caminhoneiro?
E se é o infeliz me trazendo ela de volta...?”

VIOLONCELLO – 10/3/2017

Havia uma dona que tocava violoncello
e no geral, até tocava muito bem;
com a direita serrava o arco também,
tirando dele um sonido muito belo...

Abria as pernas, com segurança e zelo,
firmando a alma que a melodia contém,
somente a esquerda a dedilhar, porem,
com vibração sobre o arco dando selo...

Porém um dia, logo em ensaio geral,
por um motivo qualquer, desafinou
e escutou toda a ironia do regente:

“Entre as pernas, a senhora traz fenomenal
instrumento; e se correto o empregar,
muito prazer irá trazer a muita gente!...”

BOLICHE – 10/3/2017

Foi aprender a jogar com o namorado
uma garota com a saia bem justinha,
sem conseguir acertar, pobre lourinha!
Cada arremesso era sempre desviado!

Meio chorava por jamais ter acertado,
a bola nem chegava, só ia e vinha;
mas ao curvar-se, mostrava sua calcinha!
O seu vestido se erguia de apertado!...

Ela, então, ao companheiro protestou:
“Pega o meu braço, quando eu for jogar,
eu não consigo derrubar nem um pauzinho!”

Mais uma vez o namorado a ensinou:
“Mas não se importe com isso, meu docinho:
sempre se pode, facilmente, levantar!...”

VESTIDO NOVO – 10/3/2017

Em uma loja de roupas, variedade
de blusas e vestidos se vendiam;
as freguesas entravam e saíam,
umas compravam qualquer novidade

Umas entravam só por curiosidade,
experimentando para ver o que queriam,
as atendentes a ajudar no que podiam...
enquanto outras incomodavam de verdade.

Certo dia, uma garota experimentou
uma dúzia de vestidos, sem parar:
diante do espelho só queria se ver!...

Então para a lojista ela falou:
“Tenho medo que este possa me engordar...”
“É de vestir, senhora, não é para comer!...”

TAMPINHA DE GARRAFA – 11/3/2017

Uma loirinha quis tomar refrigerante,
porém a tampa não atinava abrir;
puxava sem parar, sem conseguir,
dava tapinhas com fervor constante!

Falou então ao garção do restaurante:
“Um saca-rolhas eu posso lhe pedir?”
“Claro que sim, mas porque, posso inquirir?”
“Porque preciso de um deles, neste instante!”

“Eu já tentei levantar com o abridor...”
O rapaz lhe respondeu, com toda a calma:
“Saca-rolha é para rolhas, senhorinha!”

“Esta aqui é de torcer, sem muito ardor...”
E então a loura começou a bater palma
e a torcer: “Tam-pi-nha!  Tam-pi-nha!...”

AULA DE QUÍMICA – 11/3/2017

Uma garota frequentava engenharia:
aula de química tinha nesse dia,
mas somente ao celular ela atendia
e o professor, então, se aborreceu:

“Dona Geni, a senhorita compreendeu?”
“Foi um recado que a Mamãe me deu...”
“Mas a lição desta aula já entendeu?
“Ouvi tudinho o que o senhor dizia...”

“Então me diga qual é o composto
que Agá-dois Esse-o-quatro representa...
Não vale nota, é só um tira-teima...”

“Está na ponta da língua, sinto o gosto...”
“Pois cuspa logo, menina desatenta!
É ácido sulfúrico e a sua língua queima!...”

O CONTEÚDO DAS BOLSAS – 22/3/2017

As três amigas estavam conversando:
“Ai, meninas, encontrei uma garrafinha
de uísque, de minha filha na bolsinha!...
Será que ela já está se embriagando...?”

Disse a outra: “Eu também fui encontrando,
dentro da bolsa de minha pobre filhinha.
um maço de cigarros!... Ai, coitadinha,
tão novinha e já vi que está fumando!...

Disse a terceira:  “Ora, comigo foi pior!
O que eu achei foi uma camisinha,
nem sei dizer a surpresa que hoje sinto!”

“Sempre a tratei com todo o meu amor!
Sempre pensei fosse uma linda garotinha
e só agora descobri que tem um pinto!...”

EM SÍMILE BANAL I – 31 jan 2008

Meu tio falava sentir inspiração
quando queria dirigir-se ao vaso...
E aqui me encontro eu, no mesmo caso,
sentado na latrina, em exaltação,

enquanto o "eu fecal", sem ilusão,
se aventura aos esgotos, no embaraço
de um ato solitário... E eu mesmo faço
com que meu "eu poético", em calão

mais elevado, se aventure nas cloacas
da sociedade, que me exclui e excluo,
pois não pensamos juntos, certamente.

Meu eu fecal segue o destino das cacacas...
Pelo eu poético então me esforço e suo,
enquanto escrevo meus versos na patente!...

William Lagos
Tradutor e Poeta – lhwltg@alternet.com.br
Blog:
www.wltradutorepoeta.blogspot.com
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