sexta-feira, 31 de março de 2023


 

 

A SAGA DE STANLEY XIII – 4 set 2022

(Meandros do Rio Congo)

 

Os carregadores queriam retornar,

que seguia para o norte diziam informantes,

outros para oeste a desaguar no oceano;

em sua dúvida sobre se deveria continuar,

lançou uma moeda para o ar quais suplicantes

e seis vezes decidiu o destino arcano

que para o sul se deveria encaminhar,

mas Stanley quis a sorte contrariar!

Para garantir da tropa a permanência,

ele alugou, a um preço exorbitante

um grupo de escravos fortemente armados,

embora Tippu Tib, o mercador, com veemência

insistir-lhe ser loucura delirante

que para o norte fossem encaminhados,

por isso o extremo preço dos escravos,

segundo ele, jamais lhe seriam retornados!

Durante a marcha, foram atacados

por canibais em fúria encarniçada,

perseguidos por crocodilos e outras feras,

mas enfim vinte e três barcos são comprados

a outra tribo para a paz determinada,

para iniciar a travessia após longas esperas,

que Tippu Tib sua companhia recusou

quando a margem do Lualaba ele avistou.

À sua maneira, o escravagista tinha razão,

por milhares de quilômetros seguia

pela parte mais feroz da natureza;

lembra a aventura a de Orellana na ocasião

em que as águas do Amazonas percorria,

envolvido igualmente em incerteza;

de Orellana ainda recorda muita gente,

mas de Stanley se esquecem facilmente.

A pequena flotilha de pirogas

o rio enfrentou corajosamente,

que mesmo largo, era pouco caudaloso;

em suas águas raramente tu te afogas,

mas o sol brilhava ali terrivelmente,

as águas aquecia qual caldeirão ferroso!

E infelizmente, já no oitavo dia,

a sua viagem outra vez se interrompia!

 

A SAGA DE STANLEY XIV – 5 set 2022

 

Por vastas cachoeiras a água se lançava,

são as Cataratas de Stanley assim chamadas,

as pirogas tinham de ser transportadas

pelas margens em que a floresta dominava,

altos e baixos assim intercalados,

os movimentos constantemente renovados,

até que o rio foi atravessar outro terreno,

que lhes parecia ser um pouco mais ameno.

Mas ai de Stanley!  Ali era pantanoso

e em vários braços o rio se dividia,

outros selvagens a atacar com violência,

após combates com resultado tenebroso,

aos feridos curar se tentaria,

sendo os mortos enterrados com paciência,

para depois se descobrir que nessa noite,

desenterrados tinham sido com afoite!

Não por motivos que seriam naturais,

mas pelos canibais que os haviam matado:

pedaços dos corpos rio abaixo flutuavam...

Mas a partir de Ituka, os seus caudais

já se haviam consideravelmente ampliado

e a quase quatro quilômetros alcançavam,

até para o oeste claramente se voltar,

a ideia de Livingstone sem poder se confirmar.

E certo dia, claramente contrariou,

sobre o Lualaba desaguou um afluente,

chamado Aruwimi e a majestosa

corrente do Rio Congo se formou,

mas a selva acolheu-os finalmente,

corrente larga, mas bem pouco caudalosa,

cruzando por mil árvores de frutas,

que os compensaram das portagens brutas.

Mas após esse breve paraíso,

novamente surgiram as cachoeiras,

as pirogas necessitando de transporte;

felizmente aqui seco e liso o piso,

porém em uma dessas corredeiras,

três pirogas afundaram, por má sorte

e uma balsa precisaram construir,

caso contrário, não poderiam prosseguir.

 

quinta-feira, 30 de março de 2023


 

 

A MOEDINHA E O GATO I e II – 29 OUT 2022

 

Um jovem muito pobre, que seus pais perdera

e cuja casa se incendiara totalmente,

sem ter recursos para sua sobrevivência,

foi a um homem rico para pedir lhe dera

um bom emprego, que o serviria fielmente,

em troca de casa, comida e providência

das roupas que precisasse então usar

e uma recompensa quando um ano terminar.

E realmente, trabalhou com grande afinco,

a realizar cada tarefa a lhe ser determinada,

sem reclamar, a se esforçar de sol a sol.

Deixava a casa limpa que era um brinco,

a criação com todo o cuidado alimentada

e ainda a cuidar da plantação de girassol.

Comia bem e não podia se queixar,

tinha um espaço para em catre se deitar.

E até mesmo roupas velhas recebia

em troca das suas quando esfarrapadas:

duravam pouco, mas sempre o abrigavam,

até que o tecido enfim se desfazia,

afinal, já tinham sido bem usadas;

de má vontade, outras velhas lhe entregavam

e destarte, durante ano inteiro labutou,

até que o tempo combinado terminou.

Findado o prazo, já no dia seguinte,

foi entrevistar-se com o seu patrão

e lhe pediu a recompensa prometida;

o patrão era avarento até um requinte:

abriu uma bolsa para depois lhe por na mão

uma única moeda a pagar toda a sua lida!

“Este é o dinheiro que teu trabalho mereceu,

além de casa, roupas e o alimento que comeu!”

Como era de esperar, ficou desapontado.

Depois indagou: “Patrão, acaso ela é de ouro?”

O avarento respondeu com gargalhada:

“Claro que não, mas é cobre bem cunhado,

que mais querias? Ganhar algum tesouro?”

“Não, meu senhor, recebo o que lhe agrada.”

 

Mas sendo humilde, pediu um novo contrato

e um dia de folga em que avaliasse o triste fato.

 

A MOEDINHA E O GATO II – 30 OUT 2022

 

Com recompensa melhor, como esperava,

poderia sua vida, a seguir, recomeçar...

Mas será que era só o que merecia?

Todo esse tempo em que fiel eu labutava,

comi e dormi e ainda roupas fui ganhar,

embora de fato, a ser de mínima valia!

Na palma da mão foi a moeda sopesar...

Mas nem ao menos terei onde a guardar!

E desse modo, pôs-se a pensar confusamente:

Talvez nem mesmo eu mereça esta moeda!

Por que o patrão somente isso me daria?

Ergueu a Deus a prece mais fervente:

“Senhor, vou experimentá-la numa queda!

Lanço-a ao lago, para ver se flutuaria!

Se ela flutuar, significa que a mereça,

caso contrário, que até o fundo desça!”

Como era de se esperar, naturalmente,

a moedinha foi descendo até o fundo:

Isto quer dizer que ainda pertence ao patrão!

Foi generoso em me dar este presente,

mas não é justo! Seria um mal profundo:

dá-la de volta será minha obrigação!

E assim pensando, nas águas se arrojou

e lá do fundo a moedinha recobrou!

Foi levá-la ao patrão, com humildade:

“Meu senhor, na verdade eu não mereço,

é demasiado grande o pagamento,

quero devolvê-lo com a maior sinceridade,

sei que é uma prova real do seu apreço,

mas não quero abusar por meu atrevimento!

Ainda está nova, não lhe causei o menor dano,

apenas peço que me empregue mais um ano!”

O avarento ficou, de fato, surpreendido,

porque sabia que lhe deveria muito mais,

mas embolsou a moedinha calmamente

e lhe falou: “Pensei tê-lo até perdido,

mas reconheço seus dotes naturais,

pode o trabalho retomar perfeitamente!”

Olek, o moço, a seu catre retornou

e de imediato em seu trabalho se esforçou!