quinta-feira, 25 de maio de 2023


 

 

AS TRÊS MANTILHAS XV – 13 outubro 2022

 

Mas os dois irmãos de novo protestaram:

“Cavalo e armas, tudo isso foi roubado,

como poderia ter tudo ganho em tal castelo?”

Os pais, contudo, não os apoiaram:

“De que outra forma os poderia ter achado?

Que vieram de Bielograd é fácil vê-lo

e essa corrente que me trouxe é bem valiosa,

posso trocá-la por uma soma fabulosa!...”

Mas por que o mais moço irá casar

antes de nós, que bem mais velhos somos?

Milovan disse: “Essa disputa é irrelevante,

nenhum de nós foi sequer até hoje namorar!

Por que nova disputa não propomos,

onde as noivas encontrar cada galante?”

Disse Vsevolod: “Milovan tem a razão,

vocês três noivas para mim trarão!...”

“E quem trouxer a noiva mais bela

será aquele a se casar primeiro!

Mas esta corrente de ouro é suficiente

para três bodas, se eu conseguir vendê-la!”

Os dois irmãos concordaram bem ligeiro,

cada um deles acreditando facilmente

que a sua ninfa seria a mais formosa,

em sua autoconfiança presunçosa!...

Partiu Khristos novamente até a ponte

e foi confiante pedir a ninfa em casamento.

“Mas meu querido, eu até mesmo o aprecio,

porém sou imortal, duro o tempo que ainda conte

esta robusta construção que guardo e represento;

seu pedido me agrada e até fácil eu sorrio,

contudo ninfas não se casam com mortais

e sequer filhos poderíamos ter jamais!”

Então disse Khristos que não se importaria,

que a desejava como esposa ardentemente.

“E por que antes nunca me pediu um beijo?”

“Eu não julguei que a senhora me daria,

mas criei coragem e lhe peço humildemente

que satisfaça generosa o meu desejo!”

“Mesmo que aceite, não posso deixar minha ponte

enquanto o sol rebrilhe no horizonte!...”

 

AS TRÊS MANTILHAS XVI – 14 outubro 2022

 

“Se houver finalmente um casamento,

terá de ser à noite e de manhã retorno

para guardar a ponte de meu rio.

Durante as noites o beijarei com sentimento,

com mil abraços deixarei seu leito morno,

e consigo permanecerei por anos a fio,

mas nunca poderemos ter um filho

e a cada dia retornarei para meu trilho!”

Khristos disse aceitar a condição

e na garupa da mula a ninfa fez montar;

mais um vez em casa foi o primeiro,

aos pais causando tremenda comoção:

“Onde uma noiva tão bela foi achar?”

“Esta é Katzinka,que namorei ligeiro!...”

“Bem, vamos ver o que irão apresentar

os seus irmãos, quando cada um chegar!”

Mas Katzinka afirmou bem claramente:

“Só poderei ficar aqui durante a noite.

Amanhã bem cedo, antes do sol nascer,

tenho deveres para executar urgente:

sou a ninfa da ponte!” – disse com afoite.

“Ao casamento eu me irei submeter,

mas sob as condições de minha magia,

caso contrário, jamais seu filho aceitaria!”

Lukasz, por sua vez, foi até a floresta,

para a hamadríade pedir em casamento,

que o escutou bastante surpreendida.

“Por que me vem assim, com ar de festa,

se nunca um beijo me pediu com sentimento?

Eu sou imortal, ou minha vida é tão comprida

quanto durarem estas matas que protejo,

não é possivel aceder ao seu desejo!...”

“Hamadríades não se casam com mortais,

mas se quiser, posso ser sua namorada

porém só te posso encontrar durante o dia,

minha carne e sangue são mais vegetais,

se uma criança por nós fosse gerada,

uma nova árvore é provável que seria!”

Mas Lukasz insistiu: “Querida fada,

em quaisquer condições, serás por mim amada!”

 

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