sábado, 16 de setembro de 2023


 

 

A FADA DO RIO XIX

 

Levko então até o Dnieper retornou

e devolveu a Rusalka o belo pente.

Yezibaba apareceu, muito contente:

"O encantamento agora se quebrou!

Os dois mostraram ter puro coração,

por esse ato de generosidade;

e a partir deste momento, na verdade,

foi pago o preço inteiro da poção!..."

 

Porém Rusalka dela desconfiou:

"Até o fim de meus dias vou viver,

no fundo deste rio, a padecer:

a inteira bênção a meu amor eu dou!...

Levko querido, não me dês um beijo,

porque irás, em breve, renascer

e a vida antiga irás toda esquecer,

até quando encontremos outro ensejo..."

 

Tudo ao redor sumiu, devagarinho...

Quando Levko acordou, era um moleiro...

Do que ganhava, quase tudo inteiro

ele entregava ao dono do moinho,

que era o pai de Rusalka, justamente...

Enquanto isso, Ana, já crescera

e por ela um grande amor desenvolvera,

pois se olvidara de Rusalka, novamente...

 

A FADA DO RIO XX

 

Porém Vássia, o pai das duas meninas,

de modo algum permitiria o casamento.

Estava rico, passara o mau momento

e não queria recordar as velhas sinas

de sua esposa e de sua filha amada.

Da aldeiazinha tornara-se o prefeito

e acreditava assim ter o direito

de casar Ana com gente endinheirada...

 

"De forma alguma, porém, com moço pobre!

Nem a queria jamais perto do rio!"

O pedido de Levko negou, com gesto frio:

sua filha Ana desposar iria um nobre!...

"Eu lhe arrendei o meu velho moinho,"

disse a Levko.  "Você trabalha duramente,

mas não desejo que minha filha se apresente

onde sua irmã encontrou tão mau caminho!"

 

Nesse momento, um tanto vagamente,

da boa Rusalka o jovem recordou.

Mas seu amor por Ana o dominou

e retornou ao moinho, tristemente...

Andou por longo tempo pela estrada;

depois à beira do rio adormeceu.

Porém, no meio da noite, percebeu

a sala do moinho iluminada!...

 

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