quarta-feira, 3 de janeiro de 2024


 

 

                O TERCEIRO HÓSPEDE

                                               (Folclore Mexicano, recolhido por B. Traven)

                                 (Versão poética de William Lagos, 15/12/12)

 

 

O TERCEIRO HÓSPEDE I

 

No velho México, há uns duzentos anos,

habitava um pobre e triste lenhador,

que se esforçava no seu árduo labor.

 

Todos os dias até a noite trabalhava

e lá no fundo das matas procurava

as árvores caídas, sem enganos,

 

cuja madeira já se achava ressequida

e com machete era fácil de cortar,

sem precisar em demasia se esforçar.

 

Nunca pudera um machado adquirir:

aquela lâmina de aço, a reluzir,

custar-lhe-ia muitos meses de sua vida.

 

De fato, por muito tempo só pudera

catar os galhos secos e vender

os grandes feixes que podia entretecer

 

com as lianas encontradas pela mata,

porém um dia, enquanto andava à cata,

vira o facão que alguém por lá perdera.

 

O TERCEIRO HÓSPEDE II

 

De certo modo, fora preservada

a lâmina de aço, sem ferrugem,

o cabo desfizera-se em penugem...

 

Mas com uma navalha, foi serrando

um galho rijo e um cabo afeiçoando,

sua vida desde então facilitada.

 

O lenhador, cujo nome era Macário,

teve sua obra bem depressa melhorada,

muito mais lenha logo era cortada...

 

Ele dispunha de uma pedra de amolar,

que achara, pela estrada a caminhar:

servia bem para seu uso diário.

 

Ele afiava o machete com carinho,

a lâmina brilhando pouco a pouco,

pois se esfalfava no trabalho feito louco.

 

Prendeu o cabo firme com embira,

trançada bem, amarrada como tira,

mas a lâmina cedia ainda um pouquinho...

 

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