(Tradicional hindu, recontado por William Lagos.)
O HOMEM LEÃO I
Há milênios atrás, no Industão,
Viveu Hiranya Kashiapu, um dos Asura,
que muitas décadas manteve vida pura,
ao contrário dos irmãos, gênios do mal,
pois desejava tornar-se um imortal,
seguindo a Brama com toda a devoção...
Brama o dotara de grande inteligência
e também lia no seu coração.
Sabia muito bem qual a razão
de se portar com tal comedimento,
pois Deus conhece todo o pensamento
e a todos nos escuta, com paciência...
Porém Hiranya Kashiapu tanto fez
que a si próprio veio a convencer...
Abafou todo o desejo e desprazer
e se portou com tal dignidade,
que seu desejo pela imortalidade
até esqueceu, em sua virtude sem dobrez.
O HOMEM LEÃO II
E como dentro de si mesmo era sincero
o próprio Brama dele se afeiçoou
e entre seus favoritos o aceitou...
Pois o Asura tão virtuoso se tornara
que até Shiva e Vishnu enganara
por seu comportamento tão austero.
Então Brama, demonstrando sua bondade
e também para testar a natureza
de um Asura, assim cheio de firmeza,
por tanto esforço quis dar-lhe recompensa
e permitiu que alguma bênção densa
o Asura lhe pedisse em realidade...
Ora, Hiranya Kashiapu até esquecera,
em sua intensa busca da virtude,
o motivo inicial que sua alma rude
transformara em um lótus de inocência.
Porém Deus o aguardou, em sua paciência,
enquanto o gênio ponderava, em longa espera...
O HOMEM LEÃO III
Enfim, lembrou-se de sua intenção primeira
de demonstrar perante Deus a sua virtude,
para essa bênção conseguir que o escude
de tantos males que assolam a existência.
Brama aguardou, em sua benemerência,
que traz toda a eternidade em sua esteira...
Na verdade, por momentos, esperou,
ao ver-lhe a hesitação, que ele alcançasse
a Moksha e todo o desejo exterminasse,
e se mostrasse como digno do Nirvana...
Porém sua natureza, enfim, o reclama
e um desejo em sua alma rebrotou...
E quando ele o pediu, então perdeu
toda a virtude que havia conquistado,
pois seu desejo havia demonstrado...
E realmente, só tem o amor de Brama
quem tudo esquece e para si nada reclama,
salvo o Nirvana que Deus lhe concedeu...
O HOMEM LEÃO IV
O grande Deus, em sua infinidade,
naturalmente sabia que ele era Asura,
participando de sua essência impura.
Porém Ele apreciara seu esforço
e de um dom lhe concedeu o escorço,
não por engano, mas movido por bondade.
Hiranya até falhara no seu teste,
mas, afinal, que se podia esperar?
Mesmo depois de tanto se humilhar,
não conseguira evitar ter um desejo...
E o Deus Altíssimo lhe garantiu o ensejo,
considerando sua natureza agreste.
Hiranya Kashiapu então pediu
o que no fundo sempre desejara:
que o dom da imortalidade lhe entregara,
para sempre viver aos pés de Brama...
E nesse instante, por razão arcana,
era sincero e Deus então sorriu...
O HOMEM LEÃO V
"Pede outra coisa, meu filho, menos essa:
tudo o que nasce precisa de morrer,
para o equilíbrio do mundo assim manter.
Imortal não serás, mas te darei
um outro dom qualquer, pois respeitei
o teu esforço no cumprimento da promessa."
"Mas meu pai," disse Hiranya, "não existe
qualquer dom que a este seja semelhante!
Posso pedir-te então série brilhante
de dons pequenos, para me compensar?"
E Deus lhe prometeu tudo lhe dar
e assim Hiranya a pouco e pouco insiste...
Pois pensava conseguir enganar Brama:
"Que eu não possa, então, ser trucidado
por qualquer ser que tenhas já criado,
nem que nasça de mãe ou de seu pai
e nem do vento que pelo mundo vai..."
Deus tudo lhe concede e não reclama...
O HOMEM LEÃO VI
Então Hiranya encheu-se de ousadia,
pois dentro dele já emergia a natureza
peculiar aos Asuras, com certeza...
"Senhor, que não me mate quem de ovo
nascer; ou de semente ou de renovo
dos vegetais, nem pedras, nem magia!"
E Deus assim, bem sorridente, garantiu
que tudo que pedira lhe daria...
"Que eu não morra de noite, nem de dia!
Que não possa perecer em qualquer lugar
ou em canto algum, seja da terra ou mar!"
Hiranya ardentemente lhe pediu...
"Tudo isso te darei," garantiu Brama.
"Que não me possam matar no mar ou terra,
que não me possa ferir arma de guerra
ou ferramenta ou fogo, ou mesmo o ar!
Que doença alguma consiga me afetar,
nem inimigo qualquer!..." Hiranya exclama.
O HOMEM LEÃO VII
Brama sorriu e concordou com tudo...
"Que não haja catástrofe ou acidente
e que meu corpo e minha própria mente
não possam a minha morte provocar!..."
A tudo isso assentiu Brama, sem negar.
Hiranya então agradeceu, ficando mudo.
Não conseguia de nada mais lembrar
que o separasse da imortalidade,
mas então Deus lhe disse, sem maldade:
"Agora, volta ao mundo natural,
entra na lida que travam o bem e o mal,
junto de mim não podes mais ficar..."
"Porque te carregaste de desejo
e não mais podes o Nirvana conquistar.
Volta aos Asuras, que hás de dominar
para a obediência a meus ensinamentos,
se conservares os mesmos sentimentos
que cultivaste até o presente ensejo!..."
O HOMEM LEÃO VIII
Hiranya Kashiapu despediu-se, humildemente
e foi buscar as terras dos Asuras,
de que saíra há décadas obscuras...
Já mal lembrava o caminho para lá!
Porém sua natureza inferior já
começava a mostrar-se, lentamente...
"Eu deveria ter pedido muito mais!
Pois de falar dos homens não lembrei...
Mas eles têm mãe e pai e vencerei!
Mas ainda estou sujeito a Kali, a Morte...
Mas também ela foi criada... E nem a Sorte,
feita de vento, me ferir pode jamais!..."
"E muito menos qualquer Deva ou Asura!
A quaisquer armas serei invulnerável!
Só estou sujeito ao tempo inconquistável...
Mas a velhice não me pode fazer mal!
Para todos os efeitos, eu sou imortal:
igual que a de Brama, a minha vida dura!..."
O HOMEM LEÃO IX
E assim, a senda achou da terra Asura.
Mas sua antiga casa estava ocupada.
De Praladha, seu filho, era a morada,
que tinha já filhos e netos numerosos...
Hiranya Kashiapu, com gestos generosos,
foi habitar em uma caverna escura...
Porém Praladha, bem depressa, o convidou
para voltar à velha residência...
"É a tua família, terás de ter paciência,
ficaste tanto tempo junto a Brama!...
Até pensaram que morrera..." Mas sua cama
o aguardava, pois seu quarto preparou.
O esperto Hiranya se portou com humildade.
Ficaria ali mesmo, na sua gruta...
Mas a insistência de seu filho então escuta
e é recebido por sua antiga esposa,
que recordava sendo bela como rosa,
porém agora alquebrada pela idade...
O HOMEM LEÃO X
Hiranya Kashiapu fingiu estar contente
e foi dormir na cama do casal,
junto da velha esposa... e é natural
que não sentisse mais o antigo ardor...
Mas à anciã transmitiu o seu calor,
mesmo lhe fosse totalmente indiferente...
Porque seu tempo na conquista da virtude
ainda tinha seus efeitos naturais...
Não pretendia se entregar jamais
à natureza grosseira de seu povo.
Seus outros filhos foi procurar de novo,
mas foi tratado de forma bem mais rude.
Pois entre eles haviam a herança repartido
e temiam que seu pai a retomasse,
que seus direitos antigos ele cobrasse...
E depois, o seu aspecto era igual,
enquanto eles, como planta ou animal,
já mais ou menos haviam envelhecido...
O HOMEM LEÃO XI
Mas o pior foi encontrar outros Asuras,
que não o queriam de volta receber.
Até mesmo seu rei o quis prender.
Então o desafiou, conforme a lei.
Este direito de negar não tinha o rei...
Mas era igual às outras criaturas.
E mesmo armado dos pés à cabeça,
enquanto Hiranya estava mal vestido,
nenhum dos golpes por ele desferido
lhe causou o menor mal, ainda embora
sentisse Hiranya dores nessa hora
e ao combate resolveu dar fim, depressa.
E desviando-se do fio da espada e lança,
segurou o rei feroz pela garganta,
derrubou-o no chão e, sob a planta
dos pés o sujeitou... Até que o rei,
consoante determinava a antiga lei,
lhe conferisse o cetro e a liderança!...
O HOMEM LEÃO XII
Hiranya fez-se assim rei dos Asuras
e até pensou com justiça governar,
mas era uma raça de difícil controlar
e os filhos do rei se combinaram...
Para matar Hiranya se ajuntaram,
traçando planos de maldades puras!...
Mas arma alguma lhe podia fazer mal...
Tentaram afogá-lo e ele puxou
seus agressores e a ambos afogou...
Um tentou assassiná-lo com machado,
contudo Hiranya desviou-se para o lado,
tomou o machado, matando seu rival!...
Venceu os outros todos que o atacaram.
Com um deles se lançou em pleno fogo:
morreu o outro e da fogueira saiu logo.
Pensaram em matá-lo com veneno,
porém Hiranya saiu ileso e, pleno,
venceu toda a armadilha que lhe armaram...
O HOMEM LEÃO XIII
Mas tudo isso deixou-o ressentido
e começou a colocar sob tortura
toda a família de qualquer Asura
que o tivesse tentado molestar.
Sua natureza a se manifestar,
tornou-se mau, injusto e desabrido.
E afirmou, perante o povo Asura,
que recebera a imortalidade,
e ainda o dom da invulnerabilidade
e sua gente o temeu, com grande espanto.
Pois oprimiu então, em cada canto
a todo o povo, com maldade pura.,,
E quando achava que algum era inimigo
ia com ele, para sua revanche,
colocar-se em um caminho de avalanche!
O outro morria, ele ficava ileso:
pelas lavas de um vulcão andava teso,
pois não temia, afinal, qualquer perigo!
O HOMEM LEÃO XIV
E seus ferozes Asuras dominou,
exigindo de todos um tributo
de ouro e prata; e deu salvo-conduto
para seus filhos oprimirem os demais.
Só Praladha o evitou, porque jamais
a quaisquer outros ele maltratou.
Os seus irmãos, porém, dele troçavam
e o chamavam de tolo e de covarde.
Mas Hiranya recordou aquela tarde
em que o fora buscar em sua caverna.
Como sua alma ainda tinha parte terna,
repreendeu seus irmãos que o maltratavam.
Mas com o tempo, foi ficando bem pior
e só queria saber de seus prazeres,
pondo de lado todos os deveres...
Bebia muito e não se embriagava,
comia demais, porém não engordava
e assim gozava do bom e do melhor...
O HOMEM LEÃO XV
Somente a Praladha ainda escutava,
porém aos netos e bisnetos não poupou
e quando o filho por eles suplicou
mandou exilá-lo, num acesso de impaciência.
Praladha obedeceu-o e, com prudência,
levou consigo a família, que o apoiava.
Porém Hiranya maus conselhos escutou
e mandou prender a sua esposa e filhos.
"Segue sozinho, Praladha, nos teus trilhos!
Tua mulher e teus filhos vão ficar:
terás receio, assim, de conspirar!...
Praladha, então, seu amor lhe protestou...
Porém Hiranya, já a essa altura,
havia transposto o limite da maldade,
sem mais confiar na sua sinceridade.
Então Praladha tudo sopesou
e o amor de seus filhos mais somou
do que o respeito por seu pai Asura!...
O HOMEM LEÃO XVI
E assim, depois de longo meditar,
Praladha foi a Kali, a deusa Morte,
sem medo de enfrentar a própria sorte.
Seguiu sem medo, cercado de esqueletos,
mortos recentes e os monstros mais secretos,
até a Morte, em sua mansão, achar...
Kali era bela, mas tinha muitos braços
e num trono de ossos se assentava,
a medula de uma tíbia ela sugava,
bebendo sangue em taça de caveira...
Praladha se curvou e ela, ligeira,
mandou que o amarrassem com baraços.
"Quem és tu, que ousaste me enfrentar?
Qual o ardil que me queres aplicar?
Ou que súplica me vieste apresentar?
Ninguém perdoo quando lhe chega a hora...
Mas para ti ainda é cedo, muito embora
tenhas a Morte ousado vir matar!..."
O HOMEM LEÃO XVII
"Minha senhora, disso não se trata,"
disse Praladha. "Não vos desejo mal.
A morte é o fim necessário e natural...
Eu vim aqui para pedir grande favor,
embora isto vá contra o meu amor,
preciso que a meu pai a Morte abata!..."
Kali o olhou, até com certo espanto.
"Tu és o filho de Hiranya, não é mesmo?
E sei não fazes teu pedido a esmo,
mas o que pedes não te posso conceder.
Muito difícil será teu pai morrer,
pois nada pode sequer causar-lhe pranto..."
"Nem água ou ar e nem o fogo ou a terra,
lhe podem fazer mal... Qualquer doença,
por mais grave que seja a sua presença,
nem tampouco catástrofe qualquer,
nem qualquer homem nascido de mulher,
ou arma alguma criada para a guerra!..."
O HOMEM LEÃO XVIII
"Mas o meu pai tem praticado tanto mal!
Deve existir um meio de o impedir..."
"De sob uma montanha há de sair;
se for lançado acorrentado num oceano,
emergirá, num esforço sobre-humano...
Contudo... Nem assim é imortal!..."
"Ele esqueceu de suplicar a Brama
que o próprio Deus se abstivesse de o matar!
Ele é imutável, em Seu longo respirar,
mas Vishnu, Seu filho, tem Sua essência.
Só ele pode interromper essa existência...
Vai, pois, Praladha, por seu auxílio clama!"
"Eu te aconselho, devido à tua coragem.
Terás de andar durante sete anos,
conforme o tempo contam os humanos...
Terás na testa o meu sinal a reluzir:
nada ou ninguém se atreverá a te ferir,
por toda a duração de tua viagem!..."
O HOMEM LEÃO XIX
E empreendeu assim a sua jornada
o bom Praladha, embora o coração
lhe palpitasse com a preocupação
pelo destino de sua mulher e filhos...
Mas persistiu, diligente, nos seus trilhos,
até encontrar de Vishnu a morada.
E ali encontrou sentado o jovem deus,
que já vivera infinitamente
e que igual a Seu Pai era potente.
E suplicou que Vishnu o ajudasse,
já preparado para que o interrogasse,
mas Ele disse: "Eu protejo os que são meus."
"Sei muito bem o que desejas, meu Praladha.
Conheço bem os crimes de teu pai.
Por toda a Terra a sua maldade vai,
mas por meu Pai ele foi muito abençoado...
Descansa agora no palácio, meu amado:
matar teu pai é uma tarefa atribulada..."
O HOMEM LEÃO XX
"Contudo, um meio de o vencer encontrarei,
sem que precise em nada quebrantar
as promessas que meu Pai quis lhe afirmar."
Praladha alimentou-se e adormeceu
e nos seus sonhos, alegre, conheceu
que sua família não fora morta pelo rei...
Ora, Vishnu tem vasta inteligência
e logo um plano arguto imaginou:
como punir o malvado planejou...
Pouco depois, partiu de seu castelo
e para a Terra desceu, em seu desvelo,
manifestando outra vez a sua potência.
Pois embora não fosse criatura,
mas partilhasse da divina essência,
no mundo material a sua potência
teria de mostrar-se mais concreta.
E desse modo, concebeu forma secreta,
jamais criada, divinal e pura...
O HOMEM LEÃO XXI
Para seu novo avatar poder criar,
ingressouVishnu em mui grande pilar...
Dentro da pedra, foi então se transformar,
em Naramsinha, um homem e um leão,
sem forma definida até então,
com quatro braços, para melhor lutar.
Que não nascera de mãe e nem de pai,
nem de ovo, nem de vento ou de semente,
de tudo quanto existia independente
da terra e assim do ar, da água ou fogo
e do pilar vai desprender-se logo
e na busca desse Hiranya em breve sai.
Mantinha forma humana até a cintura,
com o corpo e as quatro patas de um leão,
possuía uma unha longa em cada mão,
enquanto chifres na cabeça ele portava.
A Hiranya logo após desafiava,
essa estranhíssima e potente criatura.
O HOMEM LEÃO XXII
Hiranya Kashiapu então sorriu:
"Até tu, Vishnu, me vens desafiar?
Eu te conheço, apesar do disfarçar...
Mas não podes a teu Pai desobedecer
e em combate, mesmo a ti hei de vencer!..."
Durante horas, quartel nenhum pediu.
Pois Hiranya não conseguia derrotar
o grande Vishnu, mas a força não perdia
e nem o deus matá-lo conseguia...
Ficaram longo tempo engalfinhados,
porém Vishnu, em tais embates demorados,
só esperava o crepúsculo chegar...
Quando não era nem de noite e nem de dia!...
Hiranya percebeu a sua manobra,
mas de seu leve temor logo recobra.
"Não existe em toda a Terra algum lugar:
em nenhum canto me poderás matar!..."
O prepotente ao deus assim dizia...
O HOMEM LEÃO XXIII
Mas de outra coisa Hiranya se esquecera:
que não pudesse jamais ser sufocado!
Foi pelos braços de Vishnu agarrado,
até perder toda a respiração!...
Porém estava na terra e a proteção
de Brama até esse ponto se estendera...
Assim o leão Naramsinha se ajoelhou
e sobre os joelhos enormes o colocou...
A forma inteira do Asura deslocou,
pondo entre ele e a terra a própria cunha...
E então, cravou-lhe no pescoço a unha
e todo o sangue do Asura derramou!...
Foi desse modo que Hiranya pereceu,
porque arma alguma seu corpo havia tocado,
porém seu sangue foi inteiro derramado...
E assim Vishnu a bênção toda ilude:
morreu Hiranya na mais perfeita saúde
e nem catástrofe ou acidente o acometeu!...
O HOMEM LEÃO XXIV
Vishnu salvou mais uma vez homens e mundo,
os Devas e os Asuras juntamente...
Praladha despertou, subitamente,
quando o poder de Vishnu o levou
e sua família bem saudável encontrou...
Mas recusou-se a aceitar o trono imundo.
Viveu em paz o resto de seus dias,
erguendo preces a Brama diariamente,
agradecendo a Shiva, humildemente...
Mas o objeto principal de seu louvor
era Vishnu, a quem amava com fervor,
e lhe entoava frequentes salmodias...
E Hiranya foi levado pela Morte,
a chacoalhar os dentes, de ironia...
A inteira corte esqueletal sorria,
pois todo o orgulho humano há de vencer:
tudo o que nasce, um dia há de morrer,
que a carne é relva e partilha de sua sorte.
EPÍLOGO
Mas e o Homem Leão? Era só um avatar,
só uma forma que Vishnu empregou,
da qual depois nunca mais precisou.
Mas dos hindus permanece na memória;
seu nome em festivais recebe glória,
em gratidão por ter vindo nos salvar!...