sexta-feira, 22 de julho de 2011

O OCEANO DE LEITE


E  I (18 jun 11)
(Conto popular hindu recontado por William Lagos).

O heróico Indra enchera-se de orgulho:
o rei dos Devas se dizia descendente
diretamente dos deuses.  Desse modo,
Indra tornou-se vaidoso, sobremodo;
oprimia os outros gênios, prepotente
e os humanos submetia a seu esbulho.

Saiu um dia, montado no elefante
Airavata, que tinha quatro trombas.
Durvasa, o asceta, o avistou de longe
e em humildade, como qualquer monge,
juntou flores auxiliado por duas pombas
e uma guirlanda depositou-lhe adiante.

Porém Indra sequer deu-lhe atenção,
mas ao contrário, fez com que Airavata
pisoteasse de propósito a guirlanda.
Durvasa repreendeu-lhe a ação nefanda:
"Tua prepotência é preciso que se abata
pois me ofendeste sem a mínima razão!..."

"Teu orgulho por tua força e tua riqueza
te subiu à cabeça e te domina!...
Tua esposa Lakshmi irá te abandonar;
os Asuras vão os Devas derrotar;
eu te proclamo a mais pesada sina,
pois perderás tua vaidade e tua beleza!..."

O OCEANO DE LEITE II

Ora, Lakshmi era quem dava o poder,
toda a coragem e a prosperidade
à nobre e generosa raça Deva,
gênios do bem, enquanto eram da treva
os seus primos Asuras, que maldade
mostravam para os homens com prazer.

Foi Indra assim tomado de pavor:
desceu depressa de seu elefante.
Juntou as mãos, curvando-se a Durvasa
e lhe pediu perdão para sua casa:
que retirasse, naquele mesmo instante,
a maldição que lhe causara tal temor!...

Porém Durvasa recebera de Shiva
o poder da palavra confirmada.
"Eu te perdoo, porém a maldição,
lançada ao orgulho de teu coração,
não posso revogar, após rogada..."
Mas concluiu, em sua maneira esquiva:

"Eu te darei uma bênção com o perdão:
que Vishnu te faça feliz!  Agora entende
que a bênção e a maldição se contradizem 
mas tampouco uma à outra se desdizem.
Quem tem olhos para ver, tudo compreende:
Vai até Vishnu e lhe pede a proteção."

O OCEANO DE LEITE III

Porém Indra, que ser um deus pensava,
inferior somente a Brahma, recusou-se.
Airavata sacudiu as quatro trombas
e provocando quatro longas ondas,
no Oceano de Leite mergulhou-se.
Indra sentiu que a sorte lhe escapava...

Virou-se novamente, mas Durvasa
já desaparecera...  Estava a pé,
completamente só em seu caminho.
Muito humilhado, seguiu devagarinho...
Mas em seu mestre Brihaspati tinha fé
e por conselho, caminhou até sua casa.

Brihaspati então o aconselhou
que fosse logo procurar sua esposa,
a bela filha do Senhor do Oceano...
O herói seguiu a pé, até o altiplano
em que morava a tribo poderosa
dos Devas... Porém já não a encontrou...

Ninguém lhe soube dizer aonde fora.
Só que Durvasa lhe trouxera a Santanaka,
toda esmagada pelas patas do elefante.
Horrorizada por tal crime lancinante,
ela a guirlanda em sua mochila ensaca,
montou seu touro branco e foi-se embora!

O OCEANO DE LEITE IV

Todos os Devas estavam preocupados...
Era a presença da deusa no seu meio
que garantia sua força e sua coragem.
E se ela não voltasse da viagem...?
Mas Indra disse não ter qualquer receio:
outros tesouros tinham armazenados.

Nessa noite, porém, o deus do vinho,
chamado Sura, foi igualmente embora.
Esvaziaram-se as bilhas e os barris
e quando Indra matar a sede quis,
precisou tomar vinagre sem demora,
que lhe rasgou a garganta qual espinho...

Ele mandou chamar as Dançarinas,
as belas Apsaras celestiais...
Nenhuma delas pôde ser achada!...
Tinham sumido durante a madrugada.
Indra temeu...  Sabia que jamais
elas haviam deixado suas colinas!...

Era a dança das Apsaras, certamente,
que enchia os Devas com o maior vigor.
Elas brilhavam como lamparinas
e iluminavam dos deuses claras sinas.
E a tribo inteira mostrava já langor:
Indra sem elas sentia-se impotente!...

O OCEANO DE LEITE V

Porém ainda possuíam a Kaustabha,
uma jóia de magnífico fulgor,
que enchia os Devas todos de energia.
Na outra noite, porém, ela sumia!...
Foi procurada, no maior labor,
mas em fracasso a busca inteira acaba...

A seguir, sumiu Chandra, a própria Lua,
deixando as noites imersas em negror!
Os Devas não sabiam o que fazer,
viam suas forças diariamente enfraquecer.
Indra escondeu a causa, com temor
do próprio povo...  Mas a praga continua!

Quando a tribo começou a murmurar,
lembrando que o seu rei estava a pé,
Indra explicou que estava bem doente!
Mandou chamar Dhanvatari, que potente
curava os deuses e restaurava a fé...
Porém o médico ninguém pôde encontrar.

A comida que guardavam nos celeiros
apodreceu...  E já passavam fome!...
Sua concha mágica Indra foi buscar,
Panchasanya, para o povo alimentar.
Mas ao abrir seu cofre, a concha some!
E os Devas rebelaram-se, altaneiros.

O OCEANO DE LEITE VI

"Oh, Indra, nosso rei, a culpa é tua!
Algo fizeste para Lakshmi partir!...
Não temos vinho mais para beber,
as Apsaras não nos vêm fortalecer,
Kaustabha não dá mais o seu luzir
e até perdemos, afinal, a luz da Lua!..."

"O nosso médico não vem nos ajudar,
teu elefante não vem nos proteger,
Sumiu a concha que nos alimentava!...
O que mais falta acontecer?" gritava
a multidão.  Indra tinha esse dever:
tomou do arco e saiu para caçar...

Também seu arco era um dom de Shiva.
Sharanga era seu nome e era invencível.
As suas flechas o alvo nunca erravam
e logo para a aljava retornavam,
pois nas caçadas era sempre inexaurível
e nas batalhas a sua força mais ativa...

Indra partiu, para a caça conseguir,
e no momento em que entrou pela floresta,
o arco desmanchou-se entre suas mãos!
Não mais podia alimentar os seus irmãos.
E com o choro que o desespero empresta,
viu quão tremendo castigo iria cumprir.

O OCEANO DE LEITE VII

Foi procurar Brihaspati, apavorado.
Pediu conselho, sem saber o que fazer.
"Só te resta ir a Vishnu.  Agora aceita
a bênção de Durvasa..." Mas à espreita
estava um dos Asuras... E a correr,
foi avisar a seus irmãos do achado!...

Prontamente, os Asuras se reuniram
e atacaram dos Devas a mansão,
que se entregaram, sem forças para a luta.
Os Asuras os prenderam numa gruta
e se mudaram, na maior satisfação,
para as terras que aos Devas pertenciam.

Porém sofreram um desapontamento,
pois continuaram tendo de caçar,
já que os tesouros haviam desaparecido.
Os Devas facilmente haviam vencido,
mas não acharam vinho nem manjar...
Não melhoraram, afinal, seu passamento.

Então os Devas deixaram ir embora,
pois não podiam tanta gente alimentar.
"Que nossos primos morram não queremos,
vão para a mata, fazer o que fazemos:
que aprendam a caçar e a pescar!..."
Mas de Indra, ninguém sabia aonde fora...

O OCEANO DE LEITE VIII

O herói derrotado, finalmente,
foi ao palácio de Vishnu e sua ajuda
pediu humildemente e a triste história
lhe contou, de toda a perda de sua glória.
O santo Vishnu a quem lhe pede, escuda
e prometeu-lhe seu auxílio, prontamente.

"Vocês precisam é de beber o Amrita,
que do Oceano de Leite está no fundo.
Mas o Samudra Mathan é muito espesso
e o néctar da vida eterna tem seu preço.
Vocês terão de bater o mar profundo,
que o licor só surgirá quando se agita."

"Eu lhes darei meu auxílio, certamente,
mas terão de se esforçar e merecer.
Terão de transportar o monte Mandara
até o Oceano de Leite e, na água clara,
com corda grossa, fazê-lo retorcer,
e o oceano agitará, qual mingau quente."

"Só uma corda existe e é uma serpente,
Vasuki, o rei das cobras, que resista...
Mas terás de pedir ajuda aos Asuras.
Todos os Devas, com suas forças puras,
por mais valor com que teu peito insista,
não têm vigor para a tarefa suficiente..."

O OCEANO DE LEITE IX

"Mas os Asuras não me ajudarão!"
Protestou Indra.  "Esse problema é teu.
Os deuses só ajudam a quem obra.
Vai aos Asuras e sua maldade dobra.
Só depois alcançarás o auxílio meu
que todo o orgulho te sair do coração."

Indra não teve qualquer alternativa:
voltou atrás, e após longa viagem,
foi procurar seu mestre Brihaspati.
"Já duas vezes te ajudei no teu embate."
"Sim, mestre," disse Indra, com coragem,
"mas a terceira vez é a decisiva!..."

Brihasvati respondeu-lhe, com calor:
"Duas vezes te ajudei, será a terceira
e depois disso, não me procures mais."
Porém foi aos Asuras e em cordiais
palavras, os elogiou sobremaneira:
mais que o dos Devas valia o seu vigor!...

Então, o rei dos Asuras concordou,
após falar com os seus, secretamente,
pretendendo seduzir a Lakshmi
e o Amrita conservar só para si!...
E o povo Asura, deste modo, bem contente,
ao povo Deva logo se ajuntou...

O OCEANO DE LEITE X

Devas e Asuras foram à montanha
e escavaram ao redor, com diligência.
Finalmente, das raízes a arrancaram
e nos seus ombros carregar tentaram.
Mas não tiveram força nem potência,
que a massa de Mandara deles ganha...

Ela caía e alguns deles esmagava...
Uns morriam, outros se lastimavam.
Até que Vishnu se apiedou e veio.
E seu pássaro Garuda, sem receio,
as toneladas que tanto os sufocavam
tomou nas garras e para o mar voava!...

Com seu poder, Vishnu, rapidamente,
curou todos os mortos e feridos
e as duas tribos foram para o Oceano,
em que a montanha já flutuava num arcano
e a Vasuki apresentaram seu pedido:
que os ajudasse em tarefa tão potente!

O rei-serpente recusou-se e disse:
"Em tal tarefa eu posso me ferir
e nada ganho para meu agrado."
Mas Vishnu disse que tornaria sagrado
o povo das cobras e não iria permitir
que no futuro qualquer gênio os ferisse.

O OCEANO DE LEITE XI

Pois os gênios então se distribuíram
de ambos lados desse imenso mar.
Assim Vasuki enrolou-se na montanha,
porém sua extensão era tamanha
que nem ao menos precisava se esticar:
cabeça e cauda as margens atingiram.

Os Asuras seguraram sua cabeça,
pelas escamas da carne do pescoço,
enquanto os Devas sua cauda sopesavam.
E com força, a Vasuki eles puxavam,
pelas escamas de seu corpo grosso,
em grande esforço, que insistir não cessa!

Primeiro os Devas puxavam para um lado,
depois puxavam para o outro os Asuras...
E a cada puxão, girava inteira
a montanha, qual se fora batedeira,
numa tigela para bater misturas...
E assim deixaram o mar bem agitado!...

E pouco a pouco, o leite foi batido,
porém Vasuki começou a se cansar.
"Esses Asuras estão a me ferir
os olhos e o nariz!  Vou desistir!...
Seu couro é grosso e não posso nem picar
os grandes brutos que me têm ferido!..."

O OCEANO DE LEITE XII

E então Vasuki começou a afrouxar
os anéis que firmavam a montanha...
Mas Vishnu voltou e o repreendeu.
Vasuki novamente se prendeu,
porem a gravidade força ganha:
Mandara inteira começou a afundar!

Então Vishnu se transformou em Kurma.
a Grande Tartaruga, e mergulhou.
A montanha nas costas conduziu
e de novo, sobre as ondas, emergiu!...
Porém Vasuki novamente se queixou:
"Quero a cabeça do lado da outra turma!"

Os Asuras eram muito violentos:
que o puxassem pelo rabo, então!...
O peso inteiro foi Vishnu aguentando,
enquanto Vasuki ia aos poucos se virando.
A sua cabeça e também o coração
mostrou aos Devas, após alguns momentos,

Enquanto a cauda punha na outra margem.
Mas quando a turma dos Devas o pegou,
enraivecido, começou a picar.
Indra partiu-lhe uma presa, sem pensar.
Vishnu depressa aos mordidos aliviou
e repreendeu de Vasuki a malandragem.

O OCEANO DE LEITE XIII

De novo os grupos a puxar se revezavam:
os Asuras puxavam de sua margem
e os Devas se esforçavam, na sua vez.
Então o Oceano em um só girar se fez,
enquanto os gênios puxavam com coragem
porém as presas de Vasuki os assustavam.

Porque os Devas se parecem com humanos
e sua pele não era então invulnerável.
A gente humana nasceu deles também,
por isso, buscam sempre nosso bem.
O seu pendor é sempre favorável
e nos defendem quando deles precisamos.

Já os Asuras têm aspecto animal,
com cabeças e membros monstruosos.
O povo humano tratam com maldade,
sentem desprezo pela humanidade...
Vivem criando esquemas ardilosos,
por isso os dizem ser gênios do mal...

Enquanto os Devas são gênios do bem,
embora sejam, no fundo, indiferentes.
Mas como uns favorecem os humanos,
quando os outros se mostram desumanos,
são comparados por todas as gentes
com os anjos e demônios que nos veem.

O OCEANO DE LEITE XIV

E como o Oceano continuassem a agitar,
começaram a surgir dele tesouros.
O Deus do Vinho apareceu primeiro,
depois a Lua, de brilho alvissareiro...
E então Vasuki, para seu desdouro,
tentou a Lua inteira abocanhar!...

E Vishnu terceira vez o advertiu
e então o paralisou, inteiramente.
E devolveu o Oceano as bailarinas,
as Apsaras, do céu as dançarinas,
depois a jóia de fulgor potente,
só Dhanvarati não apareceu!...

Pois tudo isso o mar tinha engolido...
Surgiu então Airavati, o elefante
de quatro trombas que Indra cavalgava,
depois Sharanga, que os alvos acertava,
e a Concha da Abundância.  Triunfante,
cada tesouro por Vishnu acolhido...

E enquanto o Oceano ainda se agitava,
surgiu Lakshmi de sua profundeza,
sentada em lótus, usando seu colar,
também de lótus, uma flor a segurar.
Para Indra ela olhou, com altiveza, 
pois para Vishnu então se destinava!...

O OCEANO DE LEITE XV

Pois colocou-lhe no pescoço seu colar
e doravante sua esposa se tornou.
Porém a Indra devolveu seu multifário
vigor e o seu brilho extraordinário.
Mas nunca mais para ele retornou,
pois com Vishnu acabou por se casar.

Mas toda a força Indra recobrou
e os Devas todos se fortaleceram,
de forma tal que puxaram a serpente
com um vigor renovado e diferente
e o leito do mar tanto agitaram,
que finalmente, Dhanvatari se mostrou!

Carregava nas mãos o sacro Amrita,
esse licor que lhes dá a imortalidade...
Alguns Asuras então o voo alçaram
e do cântaro assim se apoderaram.
Mas nesse instante, do mar fumaça invade,
que o veneno Kalakuta assim vomita!...

Vishnu tomou o cântaro sagrado
e sob a tanga de púrpura o guardou.
Porém Devas e Asuras, igualmente,
se envenenaram, suplicando amargamente,
mas o veneno até Lakshmi aspirou,
lançando a Vishnu olhar muito angustiado!

O OCEANO DE LEITE XVI

Contudo, embora mal não lhe fizesse,
não pôde Vishnu o veneno dissipar.
Então seu pássaro Garuda ele chamou,
e em seu auxílio a Shiva convocou.
Pois Kalakuta iria o mundo conspurcar
e destruir a quanto nele cresce!...

E veio Shiva e aspirou profundamente
todo o veneno para seus pulmões...
Tornou-se azul, porém, a sua garganta
e é por isso apelidado Nilakanta,
representado assim nas procissões,
com seu pescoço azul inteiramente.

Foram os Devas por Lakshmi abençoados
e conseguiram se acordar primeiro.
Vishnu deu-lhes o cântaro do Amrita,
mas os Asuras iniciaram uma grita:
"Eles não podem ter o Amrita inteiro!
Também nós devemos ser aquinhoados!"

E uma batalha entre os gênios começou
e então Vishnu assumiu outro avatar:
virou Mohini, a mulher mais sedutora,
mais do que Lakshmi, bela e tentadora.
Fez o combate em breve instante terminar:
pela razão de tal disputa perguntou...

O OCEANO DE LEITE XVII

Quando explicaram o motivo de sua luta,
Mohini riu-se, dizendo ser bobagem,
porque ela mesma o licor distribuiria...
"Façam duas filas," falou e lhes sorria,
de modo tal que perderam a coragem,
sem ver razão maior em tal disputa.

Porém Mohini deu aos Devas o Amrita
e, disfarçadamente, o Kalakuta
serviu aos Asuras, que logo desmaiaram,
enquanto os Devas se regozijaram.
Levando o Amrita, esconderam numa gruta
e em movimento, o cântaro se agita. 

E logo começou a transbordar...
Por quatro bilhas de barro o distribuíram,
que em lugares diferentes esconderam.
Imortais se tornaram e cresceram,
maravilhando os humanos que assistiram
de seu poder o maravilhoso despertar.

Mas Vishnu teve pena dos Asuras
e ocultamente, fez os mortos acordar...
O lugar de uma das bilhas lhes contou,
foram buscar e cada um deles tomou...
Mas depois da imortalidade conquistar,
alguns tornaram-se melhores criaturas.

O OCEANO DO LEITE XVIII

E assim alguns desses gênios do mal,
com o Amrita, beberam a pureza
e se tornaram favoráveis aos humanos,
embora outros continuassem desumanos,
adquirindo somente a fortaleza,
que transformou cada gênio em imortal.

E até hoje, se não travam mais batalhas,
os Devas e os Asuras contrapõem
os seus poderes, em quaisquer momentos,
a contrariar uns dos outros os portentos.
Os Devas, quase sempre, se dispõem
a corrigir dos humanos quaisquer falhas.

Mas os Asuras quase sempre têm rancor
e procuram aos humanos fazer mal.
Indra ainda goza de Lakshmi a proteção,
mas nunca mais conquistou-lhe o coração.
Tornou-se o Sol, seu vigor é imortal,
Vishnu o trata sempre com favor...

Pois seus tesouros empresta aos imortais.
Hoje na Índia se celebra o Kumbi Mela,
para o Samudra Mathan rememorar,
onde os Devas decidiram ocultar
as quatro bilhas com a Amrita bela,
em concorridos e longos festivais...

EPÍLOGO

Mas a Vasuki, Vishnu castigou,
porque três vezes o desobedeceu.
Assim as cobras não tornou sagradas
e se arrastam até hoje, desprezadas,
pois seu favor o deus não concedeu
e o povo humano a muitas já matou.

E a montanha Mandara foi levada
por Garuda, novamente a seu lugar.
É visitada em peregrinações
e festejada em grandes procissões.
Graças a ela se conseguiu salvar
a tribo Deva anteriormente castigada.

E brilha Indra sobre nós, diariamente,
mas nem assim se transformou em deus...
E quando o orgulho lhe sobe à cabeleira,
da ocasião se recorda, bem certeira,
em que o levaram os defeitos seus
a um castigo que sofreu bem duramente.

Nunca mais teve Lakshmi, sua esposa.
É Chandra, a Lua, que o visita agora,
nas madrugadas ou nas tardes de um outono...
Enquanto ao mundo já domina o sono,
eles gozam de um amor de uma só hora,
aconchegados por mil nuvens cor-de-rosa.

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