segunda-feira, 30 de abril de 2012

SUBITAMENTE


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subitamente I

por certo não desejo, por certo foi certeza...
acometido fui de estranho sentimento,
mais garantia do que pressentimento
de que todos os caminhos da nobreza
para nós se abririam, sem demora:
que as portas seriam descerradas,
que as emoções se fariam reveladas
e as campânulas dobrariam nossa hora,
em que afinal, depois de longa espera,
em que o engano trocista me traía,
em que trilhaste largos descaminhos,
estaremos de novo nessa esfera
que em paz e afluência nos unia,
na permanente guirlanda dos carinhos...

subitamente II

contudo, por qualquer premonição,
surge depressa um novo desaponto,
as coisas se acomodam no pesponto
e permanece o mesmo ramerrão.
há sempre essa constante oscilação
de emoções agitadas em reponto;
é impossível firmar-se num só ponto,
que tudo gira ao compasso da canção,
pois eu queria que sempre me escutasses
e me assistissem na interior televisão
ou me ligasses no rádio de tua mente,
mas eu sei bem que não existem tais repasses,
tens muitos ritmos em teu coração,
nele meu canto nem sempre está presente.

subitamente III

assim, é bem melhor a aceitação
da convivência inesperada dos carinhos:
melhor é contentar-me com beijinhos
do que esperar pelo beijo da paixão,
que já me deste nos tempos que lá vão...
hoje teus beijos são mais comezinhos,
mas nem por isso transformaram-se em espinhos,
numa rotina de rusga e discussão.
de fato, quando eras mais ardente,
as emoções da fúria se alternavam
e me queimava a estrela tua cadente;
nunca sabia quando as cóleras chegavam,
na alternação do humor indiferente
e teus furores totalmente me espantavam.

subitamente IV

e desse modo, tomo o pressentimento
por entre os dedos, sob a lupa, com cuidado.
melhor seja muito bem examinado,
não confundir desejo e pensamento.
na realidade não existe encantamento,
porém despesa e coração atribulado.
a riqueza é mais um gato encabulado,
que vem pedir carinho num momento
e quando a gente no colo quer pegar,
já se arrepia e salta para longe:
vem quando quer e foge bem depressa!
e amor se porta de forma similar,
pois te atormenta o hábito de monge,
te dá um carinho e então se olvida da promessa...


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