segunda-feira, 6 de julho de 2015





AS DOZE PRINCESAS
(Folclore alemão, publicado em O THESOURO DA JUVENTUDE,
de acordo com original recolhido pelos Irmãos Grimm.)
Adaptação e versificação de  William Lagos, 21 jun 15)

AS DOZE PRINCESAS I

Era uma vez um rei que tinha doze filhas;
todas eram belas e com muitos pretendentes,
mas nenhuma delas ainda se casara,
por um motivo singular...
Um dia, o rei caçava nas suas trilhas,
com cortesãos e soldados bem valentes
e uma velha andarilha ele encontrara,
que tratou mal...

Então lhe disse a amargurada velha:
“Grande Rei, fizeste mal em destratar
uma infeliz que não saiu do teu caminho,
por velha e trôpega!
Tens doze filhas, cada qual beleza espelha...
Pois eu te digo: nenhuma delas vai casar
sem resolveres um enigma mesquinho
que agora te direi!...”

“São jovens belas e gostam de dançar:
pois a cada noite gastarão os seus sapatos,
sem que possas descobrir em que lugar
passaram toda a noite!
Só não te assustes, que mal não vou lançar,
mas todas elas se olvidarão dos fatos
e sem mentir, não poderão narrar
qual o motivo!...”

“O meu castigo é outro, Majestade!
Só casarão depois que descobrires
do enigma a resposta e terás de castigar
até com a morte
quem não o possa decifrar na integridade;
e se antes casamentos permitires,
apesar disso que estou a te explicar,
o noivo morrerá!...”

AS DOZE PRINCESAS II

Gritou o rei: “Prendam essa feiticeira!”
Porém nenhum dentre sua tropa se animou
e quando o próprio rei sacou da espada,
para matá-la,
ela soltou gargalhada zombeteira
e sua arma no ar se esfarelou:
“Mal não podes me fazer: sou encantada!
Mas não sou bruxa!...”

No mesmo instante, ela se transformou
em uma fada de beleza esplendorosa,
deixando todos por ela fascinados
e o rei tombou,
sem se ferir, mas no solo ali ficou;
fugiu o cortejo ante a malícia tenebrosa,
ninguém contendo os cavalos espantados,
incapazes de lutar!

“Ó rei, não te pretendo fazer mal,
mas tão somente o teu orgulho vou punir,
para que aprendas a respeitar os pobres
e a ser magnânimo!
Por três noites de sono natural,
os pretendentes das princesas vão dormir,
sejam plebeus ou de famílias nobres,
presas do enigma!...”

“Porém só um irá quebrar o meu encanto:
somente aquele que eu te enviarei
e com a princesa que escolher o casarás,
mesmo um plebeu!...
Para os demais só restará o pranto;
se insistirem, com a morte os punirei,
até que chegue a quem receberás,
por mim mandado!...”

AS DOZE PRINCESAS III

Ora, esse rei muito depressa se curou
do seu desmaio, tão logo a bela fada
em um halo de luz se evaporou,
deixando um vácuo,
e de imediato seu orgulho o dominou,
determinando que fosse desposada
a princesa Belaflor, a quem noivo apresentou
filho de rei!...

Chegou o príncipe, com magnífico cortejo;
contudo, ao desmontar de seu cavalo,
prendeu o pé no estribo, estranhamente:
morreu da queda!
Passava um corvo grasnando em seu adejo;
todos lembraram, com um forte abalo,
da fada ou bruxa a maldição ingente
e se persignaram!...

Mas o rei não desistiu de sua intenção
e de imediato reiniciou as tratativas,
segundo noivo trazendo à sua princesa,
também filho de rei!...
Foi recebido com grande animação,
porém numa caçada, entre convivas,
aguardando o casamento com presteza,
matou-o um javali!...

O rei teimoso buscou outro casamento,
conseguindo o sobrinho de outro rei,
mas no banquete, o coitado se engasgou,
morrendo sufocado!
Fora a espinha de um peixe, grão lamento!
Perdida a aliança com terceira real grei,
buscou o rei a algum nobre convidar,
mas foi difícil!

AS DOZE PRINCESAS IV

Já se falava que a princesa Belaflor
por uma bruxa fora amaldiçoada
e destarte, ninguém mais se atrevia
a desposá-la!...
Então seu pai, com teimosia e ardor,
buscou marido para outra filha amada
e depressa um pretendente conseguia
no próprio reino...

Pois prometera que tal seria o herdeiro,
já que ele mesmo filhos homens não tivera
e que a mais velha mandaria a um convento:
que fosse monja!...
Pobre princesa,não queria ser freira!...
Porém o filho de um conde já chegara
e se aprestava para o novo casamento,
com grande pompa!

Mas justamente ao entrar na santa igreja,
uma telha lá do alto despencou
e lhe causou uma ferida dolorosa,
quase mortal!...
Novamente, lá no alto, o voo enseja
um corvo negro, que bem alto crocitou
e o jovem conde desistiu da perigosa
intenção matrimonial!

Então o rei foi ouvir seus conselheiros
que lhe disseram que acatasse a maldição,
pois toda noite os sapatos das princesas
vinham furados!...
Estas faziam juramentos bem certeiros
de simplesmente não saberem a razão
e confundido por tantas incertezas,
o rei cedeu!...

AS DOZE PRINCESAS V

Fez preparar um magnífico aposento,
sem ter janelas e com única porta
e as doze camas foram ali dispostas
com segurança.
Acomodaram-se as princesas a contento,
uma antecâmara todo acesso a elas corta;
no corredor, sem jamais lhes dar as costas,
dez sentinelas!...

Mas no outro dia de manhã, vasta surpresa!
doze pares de calçados desgastados,
as princesinhas parecendo apavoradas:
nada lembrando!
Foi o aposento reexaminado com presteza:
assoalhos sólidos, os muros bem sondados,
tábuas e telhas mostrando-se intocadas;
não havia saída!

Furioso, proclamou seu pai e rei:
“Quem conseguir, no prazo de três noites,
desvendar o mistério dos sapatos,
casar-se-á
e meu herdeiro será, segundo a lei!...
Caso contrário, morrerá sob os açoites
ou quem for nobre, em razão dos mesmos fatos,
será decapitado!...

Mesmo assim, em vista da promessa,
alguns valentes se vieram a apresentar;
porem dormiam, sem qualquer razão
e nada conseguiam!
Ficavam na poltrona da outra peça,
alguns em pé, sem instante repousar,
quais sentinelas...  Porém qualquer guardião
no fim, adormecia!...

AS DOZE PRINCESAS VI

E tendo fracassado em suas empresas,
cada um deles a condenação sofria,
até que foram escasseando os pretendentes,
sem nada de espantar!
Passaram-se anos, sem quaisquer surpresas
e já um exército de sapateiros atendia:
as dúzias de sapatos, tão frequentes,
tão só a fabricar!...

E continuou o mistério assim profundo,
exaustas todas doze ao despertar,
mas incapazes de invocar qualquer lembrança
do que ocorrera.
O rei as fitava, com o rosto furibundo.
“Mas por que nos faz toda a noite aprisionar?
Pelo gasto com sapatos não descansa
De nos punir?”

Porém palavra de rei não volta atrás
e assim a estranha pena prosseguia;
tinha a mais velha já vinte e cinco anos,
com quinze já a menor!
Todas ansiando por qualquer rapaz
a quem a argúcia afinal permitiria
quebrar os laços de espessos véus arcanos
desse mistério!...

Mas nenhum mais se apresentava agora;
ninguém ansiava por ser decapitado
ou morrer sob açoites, se plebeu!...
Todos temiam!
E muito jovem casou-se, sem demora,
temendo ser pelo trono convocado,
depois de verem o quanto sucedeu
a seus predecessores!

AS DOZE PRINCESAS VII

Mas certo dia, um soldado veterano,
que em muitas guerras fora mercenário,
sentiu saudade de seu torrão natal
e quis voltar...
Pois era homem de quarenta e mais um ano
e já enfrentara perigo multifário,
mas sua sorte lhe era ainda fatal:
ficara pobre!...

E tendo ouvido falar desse mistério,
pensou que nada mais tinha a perder
do que sua pobre vida sofredora...
porém muito a ganhar!
Foi a uma igreja e lá rezou todo o saltério,
sem de tal intenção se arrepender
e a viagem empreendeu, sem mais demora
marchando sempre a pé!...

Então, ao atravessar de uma floresta,
alguns gemidos ao longe ele escutou;
seguiu em frente, sem o menor temor
de haver cilada
de monstro mau que a escura mata infesta;
e a seguir, numa clareira ele encontrou
uma velhinha, gemendo em grande dor,
presa num tronco!

Disse o soldado, cujo nome era Agenor:
“O que foi que aconteceu, minha avozinha?”
“Caiu a árvore e embaixo dela presa estou:
em breve eu morrerei!”
Ora o soldado era esperto e com vigor:
prendeu uma corda em árvore vizinha
e no tronco a outra laçada ele passou,
depois puxando!...

AS DOZE PRINCESAS VIII

O tronco foi, aos poucos, levantando
e a velhinha arrastar-se conseguiu,
embora parecesse bem ferida
e muito fraca!...
Agenor a sua laçada foi largando
e em auxílio da velhinha então seguiu:
passou-lhe um bálsamo de receita conhecida
e a perna lhe curou!

Deu-lhe depois alguns goles de vinho
e com ela repartiu a sua comida,
até que ela parecesse já saudável
e lhe indagasse:
“O que busca por aqui, meu bom netinho?”
“Ora, até hoje não alcancei nada na vida...
Ouvi falar de recompensa bem notável,
caso um mistério possa desvendar...”

E lhe explicou a história que escutara.
“Se eu tiver de morrer, então eu morro,
mas se ganhar, me tornarei um rei!...
Bem vale a pena!...”
“Mas não tem medo?” – a velhinha lhe indagara.
“Ora, sei bem o perigo que assim corro,
mas de bom grado a tal me arriscarei,
enquanto tenho forças!...”

“Pois muito bem, foste gentil comigo
e te darei um bom conselho e um presente.”
De sob a roupa ela retirou um manto
bem transparente.
“Isto te irá proteger do tal perigo,
pois invisível ficarás, incontinenti,
e poderás tudo assistir de um canto,
sem seres visto!...”

AS DOZE PRINCESAS IX

“Isso não basta, porém, eu te previno:
de forma alguma poderás adormecer;
se uma princesa te vier a trazer vinho,
não tomes sequer gota!
Contudo, finge então dormir qual um menino,
qual se o narcótico acabasses de beber.
Pois as donzelas tomarão o seu caminho,
Pensando não ser vistas!...”

“É que entram em transe essas princesas,
para depois esquecerem suas ações;
não penses sejam doze mentirosas,
bem longe disso!
Sob um feitiço se acham todas presas;
bem querem ver-se em diversas condições
e seguir vidas mais felizes e ditosas...
serás bem-vindo!”

Agenor despediu-se da velhinha
e logo aproveitou oportunidade,
quando cruzava com um bando de pastores,
para o manto experimentar!
O rebanho dele logo se avizinha,
as ovelhas a evitá-lo, na verdade,
mas sem ser visto por seus condutores,
meio espantados...

E assim, logo chegou à capital,
onde foi pelo rei bem recebido:
“Estás a par de correr grave perigo?”
Indagou-lhe o governante.
“Majestade, se a recompensa for real
e como herdeiro possa ser reconhecido,
o tal enigma desvendar sei que consigo,
sou ardiloso...”

AS DOZE PRINCESAS X

Determinou o rei que ele pousasse
na antecâmara do quarto das princesas,
como haviam feito seus antecessores,
com a porta aberta
só depois que cada uma se deitasse,
que não as visse sem os trajos de nobrezas,
mas sob seus lençóis e cobertores,
só por decência.

Mas antes que deitassem, o soldado
examinou-lhes os sapatos, um a um:
estavam todos em perfeitas condições,
quais que nas formas.
Só então se retirou para o seu lado.
sem temor de sofrer um dano algum,
sempre à espreita de quaisquer alterações
que acaso houvessem.

E sem aviso, das princesas a mais velha
veio trazer-lhe, a transbordar, taça de vinho,
Para espantar deste aposento o frio...
E muito agradeceu.
Pois como o observasse, ainda de esguelha,
fingiu tomar um gole pequeninho...
“Depois eu tomo,” ele afirmou com brio,
Que dura mais...”

Mas assim que a princesa se afastou,
em um vaso derramou-lhe o conteúdo,
pensando que a morte assim causavam,
sem terem pena,
de todo aquele que na câmara aguardou.
Quando voltou, mentiu ter bebido tudo
e comentou que seus olhos lhe pesavam,
porém não dormiria!

AS DOZE PRINCESAS XI

Mas na poltrona, a seguir, se recostou
e fingiu ressonar profundamente;
elas vieram para dar uma espiada
e acreditaram...
Cada uma belas roupas encontrou,
usando joias de brilho surpreendente;
e convencidas de que não veria nada,
fizeram o costumeiro.

A mais velha bateu palmas ante a cama
e logo ali se abriu larga passagem,
mostrando a existência de uma escada...
E elas desceram!
Já o soldado de seu manto se recama:
ficou invisível e assim, tomou coragem
para as doze seguir em sua escapada,
mesmo sem luz.

Cada uma delas carregava lamparina
ou uma vela, em belo castiçal;
e das donzelas devagar se aproximou,
sem tropeçar;
contudo a saia pisou de uma menina,
que gritou, no temor de qualquer mal;
mas a mais velha logo atrás iluminou,
sem nada ver...

“Você prendeu a saia em um degrau!
Se está com medo, venha à frente caminhar...”
E logo se afastou a procissão,
que o invisível Agenor acompanhou.
Atravessaram a ponte de um perau,
uma floresta de prata a rebrilhar,
de que o soldado, cheio de admiração,
partiu um ramo...

AS DOZE PRINCESAS XII

Chegaram à margem lisa então de um rio
e doze elfos ali com barcos esperavam,
cada uma delas num deles embarcando...
Então o soldado
no derradeiro pulou, com todo o brio,
enquanto o elfo e a princesa conversavam...
“O barco hoje me parece estar pesando...”
Comentou o remador...

Do outro lado encontraram um castelo,
com bela orquestra e comida excelente,
mas Agenor preferiu não provar nada,
só pôs-se a olhar...
Cada princesa a dançar com elfo belo,
a noite inteira, quase até o sol nascente,
numa corrida para os barcos apressada
que Agenor acompanhou...

Porém, enquanto elas se despediam,
foi o soldado à frente, bem depressa,
cruzou a floresta, agora bem normal,
subindo a escada.
E quando as doze em sua poltrona o viam,
seu ressonar de tão forte não cessa
e cada uma, após seu longo carnaval,
se foi deitar...

Naturalmente, com sapatos desgastados...
Então o rei interrogou firme Agenor,
que fingiu não haver nada percebido,
por pura astúcia...
“Pois muito bem!  Mais dois dias de cuidados!
Se nada achar, enfrentará o horror
das chibatadas, com as quais será punido
até a morte!...”

AS DOZE PRINCESAS XIII

O soldado aquiesceu, humildemente
e o dia inteiro então passou dormindo,
salvo em momentos de lauta refeição,
sem nada revelar...
E na segunda noite, exatamente,
em sua poltrona a ressonar fingindo,
seguiu as princesas sem maior hesitação,
sempre invisível...

Desta vez, a floresta era de ouro
e novamente um ramo ele partiu;
guardou no bolso interno do gibão,
junto com o outro...
E sem de novo enfrentar qualquer desdouro,
pegou carona num dos barcos que surgiu
até o castelo em luminosa agitação,
cuidando tudo...

E no retorno, outra vez ele correu...
E já as princesas o encontraram a dormir,
tal qual de sua artimanha não soubesse,
bem gastos os sapatos...
Disse-lhe o rei: “O que foi que sucedeu?”
“Majestade, só amanhã vou descobrir...”
“Acho melhor que comece a fazer prece:
terá uma morte horrível!”

“Não, Majestade, porque essa é a vez terceira,
a que mais vale quando há séries de três...
Amanhã eu lhe trarei a solução,
sem a menor falta!...”
“É bom que o faça, é sua chance derradeira.
Meu carrasco já aguarda o seu freguês...
Chibata nova ele trançou para a ocasião
e não tem pena!...

AS DOZE PRINCESAS XIV

Então o soldado todas doze interrogou
e elas juraram, cheias de inocência,
não saber nada do que havia acontecido...
Agenor acreditou:
que pareciam sonâmbulas notou...
E prometeram a seu pai pedir clemência,
caso o enigma não fosse resolvido
nessa terceira noite...

Mas novamente aproximou-se Belaflor
a lhe trazer o cálice de vinho
e outra vez, ele só fingiu tomar,
sem tocar gota...
Elas de novo se vestiram com primor,
pela escada descendo de mansinho,
mas Agenor as foi de novo acompanhar,
sempre encantado...

E dessa vez era um bosque de diamantes!
Dele Agenor mais um ramo coletou,
bem escondido no bolso do gibão
e sem delongas
tomou carona, por mais que vigilantes
os doze elfos parecessem já estar,
de cada vez em diferente embarcação
até o castelo.

Mas dessa vez, viu sentada em cadeirão
uma fada de magnífica beleza...
Sendo invisível, ousou se aproximar,
Sem medo dela...
Sentiu um baque, porém, no coração,
ao perceber, sem sombra de incerteza
de que essa fada o estava a divisar,
pois lhe acenou!...

AS DOZE PRINCESAS XV

“Não se perturbe, meu bom Agenor,
por acaso, não me reconheceu?...”
Por um instante, tornou-se numa velha:
A mesma da floresta!
O soldado aguardou-a, em seu terror...
“O meu encanto dos demais o protegeu;
toda visão alheia o manto espelha,
menos a minha...”

E então, estendeu-lhe rica taça,
feita de ouro e de joias cravejada
“Guarde esta taça sob o seu gibão
e a entregue ao rei
e então lhe diga: a pena que o embaraça
será amanhã finalmente levantada,
pois doravante eu suspendo a maldição,
caso ele o case!...”

“E destarte o transforme em seu herdeiro!
Tudo isso eu faço como sua recompensa
por ter sido gentil com uma mendiga,
quando ele não o foi!
Agora parta, para chegar primeiro,
porque amanhã o manto que o compensa
toda a virtude perderá, sem que consiga
de novo proteger-se...”

Agenor agradeceu profusamente,
mas lhe pediu: “Por favor, diga-me agora,
essas princesas são mesmo inocentes,
tal como dizem?”
“Sem a menor dúvida.  Encanto meu potente
faz que de tudo se esqueçam, sem demora;
não são maldosas e nem tampouco indiferentes
aos que morreram...”

EPÍLOGO

No outro dia, veio o rei e o interrogou,
vincado o rosto de preocupação:
“Não lhe desejo a morte, meu soldado,
mas é a lei!...”
Então Agenor a rica taça lhe entregou:
“A fada disse que a sua punição,
será suspensa em seu inteiro fado,
desde que eu case!...”

E os três ramos também lhe apresentou.
feitos de ouro, de prata e de diamante,
todo o enigma explicando em pormenores
perante o rei.
“Tem minha palavra”, o rei lhe reiterou.
“Escolha a noiva e por certo, doravante,
é meu herdeiro, depois que os dissabores
levem-me a vida.

“Majestade, então prefiro Belaflor;
é a mais velha e eu já tenho certa idade...”
E o matrimônio enfim se realizou,
com grande pompa.
De casamentos se foi todo o temor
e as outras onze tiveram, na verdade,
as belas núpcias que cada uma desejou,
todas felizes...
Mas Belaflor se apaixonou por Agenor
e o reino governaram com bondade,
porquanto Deus longa vida lhes dotou...

Só os sapateiros ficaram consternados,
perdendo empregos tão bem assegurados!


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