Escolha múltipla
Novas séries de william lagos, 2-11/10/2018
Escolha Múltipla (IV) – 2 out 2018
Sentinela da Galáxia (VI) – 3 out
2018
Crime Organizado (III) – 4 out 2018
Sinos a Rebate (IV) – 5 out 2018
Pêndulos (IV) – 6 out 2018
Reação – (IV) – 7 out 2018
Larvas de Miosótis (III) – 8 out 2018
Feiticismo (III) – 9 out 2018
Em Celibato Alheio (III) – 10 out
2018
Enfarto do meu Cárdio (VI) – 11 out
2018
ESCOLHA MÚLTIPLA I – 2 OUT 2018
Muito em breve chega o dia da eleição,
Provavelmente votarei em Bolsonaro,
Embora de fato, não me pareça claro
Qual o motivo desta predileção.
Em muitos pontos concordo com a opinião,
Porém em outros funga mal meu faro,
A matutar certos instantes paro:
Até que ponto permitirá a oposição,
Já tão versada em sua corrupção,
Que ele possa realizar quaisquer projetos?
Vários outros candidatos preferia,
Mas as pesquisas peremptórias são
Que nenhum deles obteria os afetos
E contra Haddad não se elegeria.
ESCOLHA MÚLTIPLA II
Não que acredite em pesquisas de opinião,
Mesmo que honestas, sempre são indutivas,
Na formação de preferências muito ativas
E em nada gosto de acompanhar a multidão,
Mas me revolta essa atual corrupção
E mesmo sendo tais pesquisas progressivas
No conclamar das camadas inativas,
Não me parece existir outra opção.
Não votaria jamais nesse Infernando,
Representante da geral Malddad,
Continuador que será da iniquidade,
Mas tanta gente seu voto vai negando
A candidatos de maior ponderação,
Sem um carisma que lhes confira distinção.
ESCOLHA MÚLTIPLA III
Além do mais, o Petê abriu o jogo,
Clara aliança com os comunistas,
De sua própria natureza dando pistas,
Por tanto tempo a renegar tal rogo;
Qualquer pessoa que estudou o fogo
Das ideologias nacional-socialistas,
Mais conhecidas enfim como nazistas,
Seu próprio método já compreendeu logo,
Porque o Adolfinho aprendeu a organizar
O seu próprio partido ao combater
Os comunistas, mas seu sistema foi copiar,
Mas como o Estalinho foi os nazis enfrentar
Recusa-se a esquerda a reconhecer
Que o nazismo com eles faça um par!
ESCOLHA MÚLTIPLA IV
Acho a Manuela muito bonitinha,
Que me recorda a espanhola Passionária,
Com a mesma oratória libertária,
Mas só imagine, se ela virar rainha
Do Brasil, mesmo por hora bem curtinha,
Se o Haddad eleito fizer viagem vária
A Cuba e à China, atitude bem contrária,
Quando as visitas condenando vinha!
Provavelmente vai indultar o Lula
E certamente pôr um fim na Lava-Jato
E até o Moro condenar por desacato,
Já que contra a propriedade o povo açula,
Já que onde quer que comunistas governaram
Os bens alheios para si mesmos conquistaram!
AVE MANUELA, ESBELTA E SEM GRAXA,
O SENHOR LULA É CONVOSCO,
BENDITA SOIS VÓS ENTRE OS PETISTAS,
BENDITO O FRUTO DE VOSSO VENTRE,
O COMUNISMO.
SANTA MANUELA, MÃE DO HADDAD,
ROGAI POR CUBA E PELA VENEZUELA,
AGORA E NA HORA DE NOSSA MÁ SORTE.
AMÉM, CARLINHOS MARQUES, AMÉM!
SENTINELA
DA GALÁXIA I – 3 OUT 2018
Da
Galáxia a Sentinela adormeceu
e no seu
sonho de altivez alpina,
ao invés
de sentinela, foi sentina:
a intensa
graça que possuía perdeu.
Depois
que a competição esmoreceu,
nenhum
dos lados mais para lá se inclina;
bonita é
a Lua para os olhos da menina
e até mentem
que ali o homem não desceu!Eu, realmente, que me criei lendo ficção
científica,
com brilhantes prognósticos,
fico
assombrado, ao ver esses pernósticos
a dizer
que verbas para a NASA são
um
desperdício, que se deveria gastar
nesses
programas que desejam apoiar!
SENTINELA
DA GALÁXIA II
Se
alguém parar para pensar, percebe
que tais
alegações são só falácia;
pois me
tornei a Sentinela da Galáxia
e pelo
cosmos o sonho ainda me embebe!
Qualquer
pessoa que raciocinar, concebe
que esse
dinheiro não vai parar no espaço,
mas em
salários se dispende grande traço
e a
maior parte é a indústria que recebe!
Essas
verbas não se queimam nesse passo,
inversamente,
estimulam a economia,
quem
isto nega é tolo ou mal-intencionado,
querendo
a tais subsídios dar abraço,
que de
algum modo com certa parte ficaria,
enquanto
o resto seria, sim, desperdiçado!
SENTINELA DA GALÁXIA III
A nossa Terra já está superlotada
e apesar das fomes e da guerra
ou epidemia que tanta gente enterra,
continuará em tal pendor
desordenada.
A ecologia ainda está mal orientada,
o aquecimento global já nos encerra,
não há lugar para os animais na
Terra,
população ali a crescer desenfreada.
É ilusão que se consiga pôr um freio
no crescimento dos povos africanos,
mesmo métodos aplicando desumanos;
de anticoncepcionais essa gente tem
receio;
quem sabe, param de ser vacinados
por organismos tão bem
intencionados?
SENTINELA DA GALÁXIA IV
Nosso destino se encontra nas
estrelas,
já cresce rápida a tecnologia,
que planetas terraformar conseguiria
se ali não existem ainda terras
belas.
Mesmo na Lua, se no exterior
congelas
ou te queimas onde o Sol mais
brilharia,
no subsolo muita gente caberia,
a hidropônica alimentando muitas
delas.
Porém confesso que estou
desapontado:
por muitos anos aguardei pelo Dois
Mil,
pensando ver a realização das
profecias,
mas o programa lunar foi encerrado
pelos políticos de estupidez senil,
buscando votos por imediatas vias.
SENTINELA
DA GALÁXIA V
Nunca
esperei realmente que eu pudesse
participar
de uma viagem sideral,
mas enquanto
havia uma corrida espacial,
muita
esperança no coração tivesse
de
assistir outra pessoa que descesse
sobre
Marte, Io ou Ceres, em inicial
exploração,
com o seguimento natural:
assentamento
que da Terra ali crescesse.
E após
ver dezenas de astronautas
na
superfície da Lua alunissar,
em minha
alma crescia essa esperança,
mas
lideranças políticas incautas
decidiram
por tais programas encerrar,
martirizando
meus sonhos de criança!
SENTINELA
DA GALÁXIA VI
Presentemente,
ainda assisto a exploração
por
essas sondas tão só robotizadas,
sem
precisar das proteções tão delicadas
que
requeriria qualquer tripulação.
Setenta
e cinco anos se completarão
no fim
do mês, minhas quimeras tão frustradas!
Seria
que ainda hei de ver realizadas
quaisquer
promessas de tão longa duração?
De Asimov, de Heinlein ou de Symak,
de H.
G. Wells as propostas pioneiras
(mas que
a Guerra dos Mundos não ocorra!)
ou a
minha vida sofrerá seu final baque
sem o
hiperespaço de viagens altaneiras
ser
inventado antes que eu mesmo morra?
CRIME
ORGANIZADO I – 4 OUT 2018
Se
alguma coisa faz mal a meu país
é
a imensa força de disseminação,
alimentada
e a alimentar a corrupção
dessas
quadrilhas com seus projetos vís;
não
são os gangsters, ternos risca-de-giz,
que
idealizados pelos filmes são,
mas
um governo alternativo em que estão
tribunais
organizados, consoante a imprensa diz,
pena
de morte a decretar constantemente,
a
conservar o povo pobre temeroso
ou
os milicianos que dele têm cuidado,
por
boas contribuições, naturalmente...
Mas
por mais que me acusem de guloso,
sempre
prefiro o CREME organizado!
CRIME
ORGANIZADO II
O
monopólio do poder teria o governo
e
o poder de polícia a ele só pertenceria,
mas
em quatorze anos de esquerda se veria
para
os comandos repassar poder superno!
Diziam
os Romanos: Facilis descensus Averno,
ou
que ao Inferno alguém fácil desceria...
Por
que um governo assim permitiria
competição
de poder em seu interno?
Muitas
denúncias já ouvi que financiaram
os
reis da droga numerosas eleições
e
que os eleitos bem souberam retribuir!
E
também há os que igualmente desconfiaram
que
há no Congresso claras representações
que
o crime elege abertamente e sem fingir!
CRIME
ORGANIZADO III
Nem
sei porque entrei agora nesta linha,
talvez
influência destas eleições,
sempre
os melhores a sofrer amputações
só
nos restando os extremos desta vinha;
não
se reelegeu muita gente que antes tinha
o
rabo preso por suas corrupções,
mas
como posso confiar nas formações
desse
Congresso que agora se avizinha?
Tenho
certeza de que em Segundo Turno
será
eleito Jair Messias Bolsonaro,
ficando
o partido derrotado mais soturno,
mas
sempre pode algum Crime reagir,
qualquer
projeto a custar bastante caro,
num
digladiar rancoroso e diuturno!
SINOS A REBATE I – 5 OUT 2018
Hoje escuto o sofrer dos carrilhões
que só espancados se sabem expressar,
em brônzeo gongo pelo mundo a espalhar
os sons desamparados de orações.
De fato a rebater minhas emoções,
só o meu sangue nos ouvidos a pulsar;
não sei se irá democracia se instalar
ou se é fator a desencadear revoluções.
Os que defendem os direitos humanos
dos assassinos e dos apenados,
que batem palmas para policiais assassinados
que os descendentes de europeus e de africanos
buscam lançar uns contra os outros sem motivo,
rancor difuso afogueando para ativo.
SINOS A REBATE II
Há anos essa estratégia gramsciana
vem em nossa nação sendo aplicada,
uma revolta artificial sendo criada,
que nas universidades se proclama,
delações a sugerir, de forma insana,
não contra a corrupção desenfreada,
mas que a família seja destroçada,
feito ocorria na feição staliniana,
a insuflar os afrodescendentes
com uma “dívida histórica” inventada,
referida a exploração dos ascendentes,
como se apenas esses tivessem sido escravos
e não os avós dos eurodescendentes,
por dois mil anos a sofrer piores cravos.
SINOS A REBATE III
De boca cheia a falar em ditadura
e ao mesmo tempo defendendo a Venezuela,
a opressão cubana achando bela
ou lá na China ainda presente a escravatura.
E tantos dizem que ocorreu tortura,
os que em criança contemplavam da janela,
quantos nascidos depois dessa procela,
que na Coreia do Norte ainda perdura.
Mais certamente o que lastimam é ter perdido
aqueles ossos que haviam abocanhado
e vão tentar por qualquer meio imaginado
impedir que se instale uma igualdade,
qualquer união nacional o seu partido
a recusando na mais hipócrita vontade!
SINOS A REBATE IV
Certo em política eu nunca me envolvi
e muito menos adotei ideologias,
todos os “ismos” não mais que fancarias,
mas olhos tenho para ver e muito eu vi,
os falsos grupos sociais eu assisti,
suas invasões recebendo as elegias
desse governo por diversas vias
do Desarmamento a intenção bem compreendi,
como uma forma de tornar inerme o povo,
de tal modo que tais grupos bem armados
facilmente alheias posses conquistassem;
não que exista nisso algo de novo,
são os mesmos métodos tanta vez usados
por demagogos para que ao poder se alçassem.
PÊNDULOS
I – 6 OUT 2018
TANTO
SE FALA EM DIVIDIR AMOR,
TANTO
SE IMPELE À PARTILHA DA ESPERANÇA,
SEGUNDO
DIZEM, MAIS AMOR ALCANÇA
QUE
DA ESPERANÇA O INDEFINIDO ARDOR.
JÁ
ESTÁ EM TEMPO DE RETOMAR OUTRO TEOR,
QUE
SEJA UMA EMOÇÃO GENTIL E MANSA,
QUE
ASSIM DESFAÇA ESSA SOTURNA TRANÇA
DOS
ÚLTIMOS DIAS REFUTANDO SEU PENDOR.
PREFIRO
MESMO SÓ FALAR DO QUE APRECIO
E A
EMBATES POLÍTICOS ME FURTAR,
MAS
ME PARECE QUE ME DEIXEI INFLUENCIAR,
ACOMETIDO
TALVEZ POR IGUAL BRIO,
QUANDO
ACREDITO REALMENTE QUE A POESIA
NÃO
DÊ PRETEXTO À DIFUSÃO DE IDEOLOGIA.
PÊNDULOS II
PARA MIM DEVE A POÉTICA CRIAR-SE
PURA,
SEM APOIAR QUALQUER POLÊMICA
OPINIÃO,
MOSTRAR-SE ALHEIA A CENSURA OU
OPRESSÃO,
QUER DA MORAL OU POLITICAMENTE
BURRA,
QUE ARTE DEVA SER ARTE E NÃO
TORTURA,
MAS VEJO TANTO AO DERREDOR
MALVERSAÇÃO,
USANDO VERSOS NO ATIÇAR DE UMA
EMOÇÃO,
QUE FELIZMENTE, BEM POUCO TEMPO
DURA,
POIS A POESIA NUNCA DEVE SER ANCILA,
ISTO É, CRIADA, DE QUALQUER
FILOSOFIA,
NEM TAMPOUCO A DIFUNDIR A TEOLOGIA,
SALVO AQUELA QUE UM CORAÇÃO ATILA
A ESPICAÇAR OS ANSEIOS QUE JÁ TINHA,
SEM PRETENDER IMPOR PALAVRA MINHA.
PÊNDULOS III
PORTANTO, SÓ IREI DIVIDIR MINHA
ESPERANÇA,
DESDE QUE ALGUÉM, APÓS LER ISTO, SE
DISPONHA
E NUM CANTINHO DO CORAÇÃO DEPONHA
QUALQUER MENSAGEM ARCOIRISADA DE
BONANÇA.
QUE NO MEU PRÓPRIO CORAÇÃO VIVE A
CRIANÇA
QUE A MARAVILHA EM TANTA COISA
PONHA,
QUE NUM FUTURO DE OUROPEL AINDA
SONHA,
MESMO NA VIDA A PERDER CERTA
PUJANÇA.
MAS ACREDITO NESTE POVO DO BRASIL
QUE TANTA GENTE APRECIA DESPREZAR
E TANTOS MAIS CONSEGUEM ILUDIR
E AINDA ACREDITO NESSE “AMOR
FEBRIL”,
QUE A UNS QUANTOS DE NOS AINDA
CONGREGA,
EM PATRIOTISMO CONTRA O MAL QUE
TANTOS CEGA.
PÊNDULOS IV
TANTOS DIZIAM QUE O ANTIGO
PRESIDENTE,
PASSADOS OITO ANOS, VOLTARIA;
EU SEMPRE DISSE QUE ISTO NÃO
OCORRERIA:
UM PRESIDIÁRIO A GOVERNAR A NOSSA
GENTE?
TANTOS DIZIAM QUE SERIA INUTILMENTE
QUE A LAVA-JATO A CORRUPÇÃO
COMBATERIA;
EU, AO CONTRÁRIO, ATÉ SEM CRER,
DESEJARIA
QUE TAIS CASSANDRAS AINDA ERREM
TOTALMENTE.
TENHO ESPERANÇA NESTA NAÇÃO VALENTE
E NESTE POVO QUE EM NADA É
PREGUIÇOSO,
POR MAIS QUE TENHA DE LUTAR CONTRA A
POBREZA
E AINDA ACREDITO NESSE AVANÇO
SURPREENDENTE
DA RELIGIÃO, EM CRESCIMENTO TÃO
VIÇOSO
QUE UNA AS FAMÍLIAS CONTRA O MAL QUE
TANTO AS LESA!
REAÇÃO I – 7 OUT 2018
No rugir da tempestade de tua mente,
Por teus ouvidos a estrondar em cataratas,
Que essa miséria do mal assim combatas,
Que tanto dano causou à nossa gente.
Sobre amor já redigi antes frequente,
Não é preciso que este tema me rebatas,
Ainda estou afivelado nestas datas,
Sem da influência libertar-me totalmente.
Mas a esperança é a última que morre.
Segundo dizem (mas espero sobreviva!)
Razão não vejo para que pereça,
Nenhum motivo para tal concorre:
Que permaneça no teu peito altiva
E seu vigor dentro da alma permaneça.
REAÇÃO II
Nada pior haverá que a desistência,
Por mais que seja a espera dolorosa;
Quem sabe encares um botão de rosa,
A esperar que se abra em inocência.
Não esperas que murche em impotência,
Antes que brote a flor esplendorosa;
Alguém dirá que mesmo a mais viçosa
Pode morrer, devorada sem clemência
Por qualquer verme que no interior se instale;
Mas mesmo que aconteça essa tristeza,
Quem sabe é borboleta essa lagarta?
Que a rosa morra e seu perfume cale,
Mas que dela surja vida em sua beleza
Numa esperança que nunca se descarta!
REAÇÃO III
E caso seja a borboleta devorada
Por feio sapo ou belo passarinho,
Sua pequena morte encara com carinho,
Que a esperança da vida é continuada,
Porque essa rosa não morreu por nada
E a borboleta completou o seu caminho;
Talvez exista algum ovo pequeninho,
Nova esperança num ninho a ser deixada.
Porém a rosa, quem sabe, frutifique
E possa assim viver a sua semana,
Na esperança de manter seu roseiral.
Quem sabe abelha o seu ferrão aplique,
Levando o néctar à colmeia em que se irmana,
Nova esperança gerando outro fanal!
REAÇÃO IV
E a tempestade que se desata na tua mente
Não é em vão que nela então se embata,
Quem sabe ideia floresça nessa mata,
Débil neurônio que esperança te alimente.
Quem sabe o medo ou a tristeza descontente
Sejam varridos pelo vento que se abata,
Pequena esperança então ali se engata,
Crescendo aos poucos de forma permanente.
Caso tua mente só tranquila se mostrasse,
Nunca haveria a esperança de melhora,
De uma bonança a brilhar em nova hora
E essa luz finalmente se apagasse,
Sem que qualquer resquício te restasse
Do relembrado amor do teu outrora.
LARVAS DE MIOSÓTIS I – 8
OUT 2018
Nessa caixinha secreta de
teus sonhos
Talvez penetre um dia
algum besouro,
Pretendendo devorar o teu
tesouro,
Ali deixando somente os
mais tristonhos.
Se larva for de
escaravelhos mais medonhos,
Algum ovo ali botando de
desdouro,
Ou então larva de berne
que teu couro
Talvez perfure em
círculos bisonhos.
O que é certo é que maus
pensamentos
Em ti penetram como vivas
criaturas,
Pois “emprenhar pelo
ouvido” já escutaste,
Talvez a causa de muitos
sofrimentos,
De depressão, melancolia
e outras agruras,
Das quais dificilmente te
escapaste.
LARVAS DE MIOSÓTIS II
Ou, quem sabe, é uma
larva de joaninha,
A carochinha de quem
dizem: “Voa, voa,
Joaninha, que teu pai foi
pra Lisboa!”,
Uma gentil, inofensiva
criaturinha.
Talvez te conte Lendas da
Carochinha,
Contos felizes que a
tristeza não destoa,
Todo perigo a ser vencido
em ação boa,
Qual tantas vezes te narrou
a tua avozinha!
Pois nem todo o
pensamento que te invade
Em si mesmo possui má
intenção,
O que importa é a forma
que reages,
Algum gerando, talvez,
felicidade
Ou qualquer plano para
tua progressão
Ou alicerce para ti de
fortes lages!...
LARVAS DE MIOSÓTIS III
Também meus versos
constituem pensamento
Que em ti talvez penetrem
sem notar,
Sem intenção de nada te
roubar,
Mas de deixar algum feliz
pressentimento.
São larvas de miosótis,
puro alento
De uma esperança azul a
te mostrar,
Flores gentis que não vão
te pressionar,
Que aceitarás conforme o
julgamento,
Ou que podes,
simplesmente, rejeitar,
Porque meus versos não
vão te devorar,
Talvez apenas te contar
uma historinha
Que nunca ouviste ou,
quiçá, já esqueceste,
Alguma velha esperança
que perdeste,
Já que à Lisboa um dia
voou a tua joaninha!
Feiticismo 1 – 9 outubro 18
Igual que fada em folclore adulto
São os beijos de amor que me devotas,
Em cada ânsia de espera que denotas,
Tal qual de feiticeira sem indulto.
Quando contemplo a sedução do vulto,
Pois teu encanto só renova e não o esgotas,
Cada carícia com que tu me dotas
Qual deusa antiga impele-me a teu culto.
Nessas histórias contadas a crianças,
A intervenção das fadas é bem pura:
Os maus castigam e produzem cura
De algum herói ferido em tais andanças;
Não há de fato conotação sexual,
Só a beleza feminina ainda sensual.
Feiticismo 2
Já nos contos de fadas
mais modernos
Surge uma fada como a diva
sedutora,
Em perfeição sexual
encantadora,
Seus dotes físicos
permanentes e eternos;
Mas na verdade esses
poemas ternos
Só nos retornam, após
longa demora:
São as deusas e as
ninfas de um outrora,
Um dia banidas pelos
padres aos infernos.
Assim as fadas
substituem as musas
E em alguns países de
católico rigor,
Até as fadas,
encaradas com temor,
Substituídas em
ecléticas eclusas
Por avatares de Nossa
Senhora,
Como vigária da Grande
Mãe do outrora.
Feiticismo 3
Mais facilmente será chamada feiticeira
Qualquer mulher de mais ardente sedução
Do que essas ninfas da antiga geração,
De quem as fadas retomaram a dianteira,
Mas pouco importa qual seja a maneira
Com que refiro esta minha exaltação,
Essa senhora do meu coração
É a feiticeira e a minha fada companheira.
Quando eu adoeço, ela vem a me curar
E se do coração foge a esperança,
Ela a restaura com seus beijos de bonança,
Aqui o fádico e o feiticismo a misturar,
No seu antigo e inocente paganismo
Que me protege de meu próprio cabalismo.
Em Celibato Alheio 1 – 10
outubro 2018
Eu bem queria, ai, como
eu queria
Arreganhar novamente essa
paixão
De meu primeiro beijo, a
exaltação
A pular dentro do peito
em doce orgia.
Eu bem queria, ai, eu
pretendia,
Trazer de novo a pureza
da emoção
Que me envolveu em
reciprocação,
Naquele mesmo sentimento
de euforia.
Mas não se pode, restando
só a memória,
A vida passa como um trem
ao vento,
Seus trilhos predispostos
de antemão,
Que o amor une, mas
empalidece a glória,
Novos beijos se repetem,
sem portento,
Como o carinho esfaimado
da ilusão.
Em Celibato Alheio 2
Porque eu desejo, ai, como eu desejo
Conservar-me neste clima de verdade,
Sem me deixar macular pela vaidade
De gozar às escondidas de outro beijo.
Porque eu desejo, ai, ter outro ensejo
De te encontrar e então quebrar a castidade
Contigo mesma em real necessidade
De um beijo teu, bem mais
forte que um adejo.
Mas para outrem, manterei o celibato,
Sabendo controlar qualquuer impulso,
Porque conheço bem meu coração
E se qualquer outra beijasse, triste fato,
Dentro do sangue explodiria o pulso,
Na mesma sombra gris da exaltação.
Em Celibato Alheio 3
Contudo eu sei de fato,
ai, como eu sei
Que à paixão se substitui
sinceridade,
Amor composto de carinho
e lealdade,
Amor que em beijos só não
sentirei.
Porque eu sei, ai, sei
bem como direi
Essa frase, “Eu te amo”,
em igualdade
Com a dos tempos da
primeira iniquidade,
Quando minha própria vida
desprezei.
E mesmo que hoje me
atinja outra paixão,
Terei cuidado de em tal
não me prender,
Por mais delícia a
encontrar nessa emoção,
E saberei bem fiel
permanecer,
Mesmo mantendo o celibato
alhures,
Meu celibato para ti
nenhures!
Enfarto do meu Cárdio 1
Quando paixão é só o que
nos une,
Ela logo se queima, se
incinera,
Sempre que amor se
constitui em mera
Ânsia total que dói e que
nos pune.
Mas quando há algo mais
que nos reúne,
Quando se sabe que em
casa nos espera,
Um abraço, um sorriso,
mais se gera
Um sentimento que de
ardor nos mune;
Porque amor é um sabor de
permanência,
De ter amor em perfeita
segurança,
Desse amor feito de
perfeita lealdade,
Mesmo que a vida se vá em
evanescência,
Esse amor velho, adulto,
amor criança
Que nos protege de nossa
própria humanidade.
Enfarto do meu Cárdio 2
Amor paixão é sempre
coisa perigosa,
No seu controle inteiro
do organismo,
Que o abismo do amor
chama outro abismo
A própria alma
conquistada e temerosa,
Que não consegue resistir
à onda viciosa,
Em doação, porém não em
altruismo,
Inevitável, ao se aceitar
protagonismo,
Que nem se aceite, mas
cadeia portentosa;
É jaula rubra que engloba
o coração,
Nesse momento de total
vigoração
Do corpo inteiro sobre a
mente inquieta,
E então, nessa quimera de
ilusão.
Que a gente sente etérea
e bem concreta,
Quebra-se a grade e nossa
dor completa.
Enfarto do meu Cárdio 3
O coração então se perde
nessa parte
E o corpo segue avante,
anestesiado,
O coração a seguir
descontrolado,
Da paixão a suplicar não
ter descarte,
Porque esse coração de
alheia arte
Está preso nesse amor
desarvorado
Que a ser interrompido é
destinado,
Depois que a tal paixão
dele se farte;
E ao coração se diz, que
se quiser
O nosso passo venha a
acompanhar,
Caso não queira, que
fique para trás,
Porquanto a vida
prossegue em seu mister
E uma paixão sempre terá
de abandonar
Em quarto escuro, com
tantas preces más.
Enfarto do meu Cárdio 4
Então o coração, no seu
despeito,
Nos ameaça de provocar
enfarte,
O miocárdio de frio a
sofrer quarte,
Todo arranhado no
interior do peito
E a alma diz ao coração
que tem direito
De se manter de nossa
mente aparte,
Mas é o cérebro que
controla seu destarte,
Não pode impor-nos seu
transitório jeito,
Que enfartar o miocárdio
apenas serve
Para o corpo conduzir ao
hospital,
Quem sabe ali contraíndo
bactéria!
E nessa raiva em que o
cárdio ainda ferve
Então se jogue,
vagabundo, no caudal,
Que seguiremos, sem
emoção mais séria!
Enfarto do meu Cárdio 5
De fato, é triste
abandonar o coração,
Órgão pulsante de toda a
nossa vida,
Sempre que a mente já
está desiludida
E não aceita mais sua
intervenção;
Por algum tempo, os
hormônios suprirão
A sua ausência vermelha e
presumida,
Alguma artéria à tarefa
cometida,
Só a adrenalina não
controla a pulsação!
Mas é preciso que
abandone essa paixão
Em qualquer escaninho do
passado
E recupere sua inicial
função,
Mantendo o sangue em seu
fluxo apressado,
A mente em zen a controlar toda a emoção,
De seu orgulho sendo o
órgão assim podado.
Enfarto do meu Cárdio 6
E finalmente se conforma o
coração,
Encaixotanto seus momentos de
loucura,
A nos pedir perdão pela ânsia
impura,
Pois sem ter sangue não
nutrirá paixão
E então recebe esse integral
perdão
E torna ao peito, a prestar solene
jura
Que em sua função precípua
nos perdura
Só impulsionando nossa
circulação,
Pois só a mente deve
controlar o amor,
A lealdade mantida em
segurança,
Do amor antigo a conservar
calor.
Porém no quarto escondido da
ilusão,
Ainda vive em sua desesperança
Aquela inútil, mas perenal
paixão!
Recanto das Letras > Autores >
William Lagos
Brasilemversos > William
Lagos
No Facebook, procurar
também por William Lagos